Semana passada assistimos (atônitos!) a um CEO de uma empresa de educação postar, publicamente, sua visão sobre as mulheres.
Não nos faltam dados objetivos que comprovam o contrário do que ele disse.
Segundo dados publicados pela Forbes da consultoria Grant Thornton, o Brasil ocupa a 11ª posição no ranking de países com maior presença feminina em cargos de liderança Uma pesquisa da FIA Business School aponta que as mulheres eram 38% de todos os líderes do Brasil em 2023.
Essa mesma pesquisa, que analisou respostas de mais de 150 mil funcionários de 150 grandes empresas do país premiadas com o selo Lugares Incríveis para Trabalhar 2023, atestou que as mulheres são mais conhecidas e melhor avaliadas por suas equipes.
Para 50% dos entrevistados, as mulheres CEOs têm uma gestão excelente e 79% confiam totalmente em sua CEO.
Pesquisa de 2024 da Associação Brasileira de Franchising (ABF) mostrou importante evolução na liderança das operações franqueadas identificando que 3 em cada 10 (32,2%) são mulheres.
A fala desse CEO traz um posicionamento explícito e (infelizmente ainda) atual para uma questão subliminar de séculos.
E não bastasse o primeiro post, o pedido de desculpas é ainda pior…do tipo “penso isso para mim e minha vida pessoal mas não penso isso para minha empresa e minha vida profissional…”
O fato é que não é possível separar as empresas de seus fundadores e executivos mais importantes e nem nossas vidas pessoais das profissionais ou de nossa atuação coletiva.
Tanto que são inúmeros os movimentos profissionais que trabalham para evoluir temas como esses. Só no contexto do Varejo e do Franchising temos organizações relevantes como Movimento Mulheres do Brasil e Instituto Mulheres do Varejo.
Além do esforço consciente e proativo de milhares de empresas para discutir e equilibrar a questão.
Na Algar, grupo empresarial em que trabalho há 23 anos, existem vários programas e iniciativas para promoverem a diversidade e inclusão. Só no comitê de direção da empresa 50% são mulheres e na área de negócios 40% são diretoras.
Sim, há sempre o que evoluir, mas a busca é atenta e constante.
Mas é fato também que o que mantém empresas com posicionamentos assim é cada um de nós que compra seus produtos.
Sim, somos nós consumidores que promovemos (ou não) o crescimento e manutenção das empresas e, portanto, somos nos também que temos o poder de construir, em cada compra, que sociedade queremos ter.
Há algumas décadas descobri que pequenas milhares de ações cotidianas tem um poder irrevogável e unicamente consistente de fazer acontecer o que a gente realmente quer e acredita.
E é esse o meu convite para você: financie, conscientemente, com seu poder de compra a sociedade que você quer deixar para seus filhos.
É ela que está em obras sempre.