Uncategorized

“Estamos no negócio de pessoas”

Jornalista e mestranda em administração pela FEA-USP. É autora do livro Empreendedorismo para Leigos.

Compartilhar:

**Quando a Gazit abriu sua subsidiária no Brasil em 2008, a economia nacional estava crescendo, mas você chegou aqui cinco anos depois numa época totalmente diferente, com um cenário de crise, hostil para investimentos. Como conseguiu cumprir a missão de alavancar a Gazit no Brasil?**

A Gazit passou a ter uma estratégia clara de atuação no Brasil em 2013, quando cheguei aqui. Decidimos focar em São Paulo, a capital de negócios da América do Sul, e uma das cidades mais populosas do mundo. A estratégia era se tornar uma empresa dominante na cidade e começamos a adquirir empreendimentos localizados em áreas densas e com grande potencial de transformação. A estratégia era foco total em localização. 

Em 2014, o Brasil entrou em recessão, com moeda instável e taxa de juros muito alta. 

Durante esse período, encontramos oportunidades que de outra forma não estariam no mercado. Tenho muito orgulho dos resultados que conseguimos nesse tempo. E o mais importante é que ainda temos espaço para crescimento em cada um desses ativos. 

**A Gazit investe em espaços tão diferentes quanto o Shopping Cidade Jardim, um empreendimento de luxo, e o Shopping Light, no centro da capital paulista. Qual a estratégia por trás desse movimento?**

Nosso negócio não é de tijolos e cimento, mas essencialmente de pessoas. Queremos criar laços com todos os segmentos da cidade. Não estamos preocupados com classes sociais, e sim em identificar oportunidades e prover o que falta, para aumentar o fluxo de pessoas em nossos shoppings. 

Quando adquirimos um empreendimento, olhamos para o seu potencial e também para nossa capacidade de melhorá-lo. Tanto o Shopping Light quanto o Cidade Jardim são prédios emblemáticos na cidade e cada um deles é insubstituível à sua maneira. Nosso foco é trazer as pessoas para desfrutar dos espaços e atender às suas necessidades. 

**Como manter a atratividade dos shopping centers num mundo em que o e-commerce é uma realidade crescente?**

O mundo está mudando rapidamente, mas a população continua a crescer. Estamos o tempo todo em movimento e, não importa aonde o futuro nos leva, podemos transformar a realidade.

O Morumbi Town é um ótimo exemplo. Tivemos de pensar criativamente para não competir com o shopping do outro lado da rua [o Jardim Sul], mas para complementar o que eles não têm. Nosso foco era encontrar inquilinos únicos e pensar em inovação. O empreendimento se transformou em um shopping moderno que se diferencia bastante dos tradicionais. Temos um campo de futebol no rooftop, uma escola de dança, clube de luta, academia Bio Ritmo, Air Soft (indoor e 

outdoor) e parque de trampolim para as crianças. Todos estes novos conceitos não podem ser substituídos online (pelo menos ainda não). 

Lembre que um café Starbucks oferece interação social – a menos que você goste de tomar um café na frente do computador. E, sim, você pode assistir a um filme online, mas o Cinesystem foi eleito o melhor cinema em São Paulo. Todos são bem-vindos para descobrir o porquê. 

**Você tem um estilo de gestão diferente: não tem assistente, comunica-se com o time por aplicativo e visita frequentemente os shoppings, ouvindo lojistas e consumidores. Você acredita que essa maneira de atuar traz ganhos para o negócio?**

Com certeza, sim. É um estilo muito prático, mas acredito sinceramente que em campo você pode obter resultados mais rápidos e mais fortes. Quando caminho na Avenida Paulista, ela me lembra a vivacidade das avenidas de Nova York. Estamos falando de 1,5 milhão de pessoas que passam por lá diariamente. Gosto de ver a criatividade dos artistas e o ritmo esportivo dos paulistanos. O Shopping Top Center, que foi o primeiro que compramos na minha gestão, passou por uma grande transformação, conseguimos abrir a Decathlon e as coisas ainda estão em movimento por lá tanto visualmente como em números. 

Como mencionei antes, estamos no negócio de pessoas. Meu objetivo é garantir que os visitantes desfrutem de nossas instalações e que nossos locatários sejam bem-sucedidos, afinal, o sucesso deles é também o nosso.

**Você é uma israelense que morou nos EUA por 13 anos. Como é viver com a família no Brasil (Mia é casada e tem três filhos)? A língua portuguesa ainda é uma dificuldade?**

Vim para o Brasil com a missão de construir uma empresa da qual eu tenho orgulho, mas acredite: não foi e ainda não é fácil. Eu gosto muito de São Paulo, das pessoas, do clima, da comida e da atmosfera. Meus filhos nasceram nos EUA e, como viajam com frequência e estudam em uma escola internacional, eles são globais e espero que suas experiências e preferências em cada um dos países contribuam para seu crescimento e suas opções no futuro. Vejo muita semelhança entre os brasileiros e os israelenses. Somos sociáveis, amigáveis e gostamos de praia. Meu desafio agora é investir no português. Estou levando isso a sério e procurando um professor. Você conhece algum?

Compartilhar:

Artigos relacionados

Tecnologia & inteligencia artificial
1º de novembro de 2025
Aqueles que ignoram os “Agentes de IA” podem descobrir em breve que não foram passivos demais, só despreparados demais.

Atila Persici Filho - COO da Bolder

8 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
31 de outubro de 2025
Entenda como ataques silenciosos, como o ‘data poisoning’, podem comprometer sistemas de IA com apenas alguns dados contaminados - e por que a governança tecnológica precisa estar no centro das decisões de negócios.

Rodrigo Pereira - CEO da A3Data

6 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
30 de ouutubro de 2025
Abandonando o papel de “caçador de bugs” e se tornando um “arquiteto de testes”: o teste como uma função estratégica que molda o futuro do software

Eric Araújo - QA Engineer do CESAR

7 minutos min de leitura
Liderança
29 de outubro de 2025
O futuro da liderança não está no controle, mas na coragem de se autoconhecer - porque liderar os outros começa por liderar a si mesmo.

José Ricardo Claro Miranda - Diretor de Operações da Paschoalotto

2 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
28 de outubro 2025
A verdadeira virada digital não começa com tecnologia, mas com a coragem de abandonar velhos modelos mentais e repensar o papel das empresas como orquestradoras de ecossistemas.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
27 de outubro de 2025
Programas corporativos de idiomas oferecem alto valor percebido com baixo custo real - uma estratégia inteligente que impulsiona engajamento, reduz turnover e acelera resultados.

Diogo Aguilar - Fundador e Diretor Executivo da Fluencypass

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Inovação & estratégia
25 de outubro de 2025
Em empresas de capital intensivo, inovar exige mais do que orçamento - exige uma cultura que valorize a ambidestria e desafie o culto ao curto prazo.

Atila Persici Filho e Tabatha Fonseca

17 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
24 de outubro de 2025
Grandes ideias não falham por falta de potencial - falham por falta de método. Inovar é transformar o acaso em oportunidade com observação, ação e escala.

Priscila Alcântara e Diego Souza

6 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
23 de outubro de 2025
Alta performance não nasce do excesso - nasce do equilíbrio entre metas desafiadoras e respeito à saúde de quem entrega os resultados.

Rennan Vilar - Diretor de Pessoas e Cultura do Grupo TODOS Internacional.

4 minutos min de leitura
Uncategorized
22 de outubro de 2025
No setor de telecom, crescer sozinho tem limite - o futuro está nas parcerias que respeitam o legado e ampliam o potencial dos empreendedores locais.

Ana Flavia Martins - Diretora executiva de franquias da Algar

4 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)