O mundo levará 132 anos para atingir a equidade de gênero se continuarmos no ritmo de correção atual, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). O que os executivos podem fazer a esse respeito? Sei o que eu fiz, inconformada com essa projeção. Em 2017, encerrei a carreira executiva e fundei um instituto sem fins lucrativos, o IVG, para promover o protagonismo feminino. Com ações sociais alinhadas aos objetivos de desenvolvimento sustentável 5, 8 e 10 da ONU, voltados respectivamente à igualdade de gênero, ao trabalho decente e à redução das desigualdades.
Até o momento, nossa ação de maior impacto é o “Nós por Elas”, programa de mentoria gratuito e online que almeja promover o desenvolvimento pessoal e profissional de mulheres. Cada profissional recebe cinco horas de mentoria e 12 horas de palestras, com compartilhamento de experiências e aprendizados. Hoje, o programa conta com uma rede de mais de 600 mentores, no Brasil e em países como EUA, Portugal e Espanha. Nos últimos três anos, 21 mil mulheres se inscreveram e 5 mil foram contempladas. Ultrapassou R$ 18 milhões em horas de mentoria gratuita.
Porém há um problema: cerca de 50% das participantes dos programas de mentoria estão no eixo São Paulo-Rio hoje. Então, este ano, inovamos: lançamos a Comitiva Brasil 2023, com a missão de ampliar a atuação das mulheres no mercado em todos os estados brasileiros. Lançamos a comitiva em São Paulo mesmo, reunindo conselheiras, líderes de RH, executivas e outras mulheres em posição de liderança para o desafio, mas o segundo encontro já foi fora do eixo, em Curitiba, onde contou com 150 lideranças femininas, 20 a mais do que no primeiro. Os próximos destinos, ainda este ano, são Porto Alegre e Brasília. E, em 2024, a comitiva vai a Portugal.
Além desses programas, o IVG realiza o “Semeando Pérolas”, que tem como objetivo convocar cada mulher a assumir o protagonismo por meio de simbolismo da sororidade.
A iniciativa consiste em presentear mulheres com colares de pérolas. Eu posso dizer que tive a alegria de entregar mais de 60 mil colares no Brasil e no mundo. E abracei mais de 35 mil mulheres – a força vem disso. Não me arrependo de ter mudado a direção de minha vida profissional.
__Leia também: [Nós mudamos: O desafio da pivotagem executiva](https://www.revistahsm.com.br/post/nos-mudamos-o-desafio-da-pivotagem-executiva)__
Artigo publicado na HSM Management nº 158.