Diversidade

Feliz todo dia das mães!

As trabalhadoras formais representam 46% das mães brasileiras, segundo o IPEA e o IBGE. Já parou para pensar onde estão as 54% que não trabalham? Enumero nove pistas de onde elas possam estar
Fundadora da #JustaCausa, do programa #lídercomneivia e dos movimentos #ondeestãoasmulheres e #aquiestãoasmulheres

Compartilhar:

O Brasil tem 67 milhões de mães, segundo pesquisa do Instituto Data Popular.

As mães brasileiras têm idade média de 47 anos, 55% pertencem à classe média, 25% à classe alta e 20% são de classe baixa.

As mães solo somam 20 milhões, isto é, 31%. De acordo com dados do IPEA e do IBGE, 45% dos lares brasileiros são chefiados por mulheres; 63% deles, por mulheres negras que estão abaixo da linha da pobreza.

As trabalhadoras formais representam 46% das mães brasileiras. Onde estão as outras 54% de mães brasileiras que não trabalham?

Alguns dados estarrecedores podem nos dar algumas pistas:

1. Mais de 6 milhões de bebês nasceram de mães adolescentes no Brasil, no período de 2008 a 2019, e a maioria das meninas e jovens que tiveram filhos são indígenas e negras. Esses filhos são frutos de violência ou de casamentos infantis. Em números absolutos, o Brasil ocupa o quarto lugar no mundo em casamentos infantis, segundo pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Perde apenas para Índia, Bangladesh e Nigéria.
2. De acordo com pesquisa da FGV, 50% das mulheres estão fora do mercado de trabalho em até dois anos do retorno da licença maternidade. A maior parte das demissões se dá sem justa causa e por iniciativa do empregador. Essas mulheres são empurradas para o empreendedorismo de sobrevivência.
3. Você não encontrará essas mulheres fundando “startups”. Há 10 anos, empresas de base tecnológica fundadas apenas por mulheres representavam 4,4% do mercado total. Hoje, o índice é de 4,7%, segundo o Female Founders Report 2021, estudo elaborado pelo Distrito com a Endeavor e a B2Mamy.
4. Embora não existam dados oficiais sobre a disparidade de gênero na concessão de crédito, dois exemplos retratam isso: em 2020, startups fundadas por mulheres receberam apenas 0,04% dos mais de US$ 3,5 bilhões aportados no mercado brasileiro. Adicionalmente, de acordo com a pesquisa Empreendedorismo Feminino no Brasil, as mulheres empresárias pagam taxas de juros maiores do que os homens (34,6% frente a 31,1% a.a.).
5. Segundo o IBGE, 20% das mulheres não buscam trabalho porque precisam cuidar de afazeres domésticos, dos filhos ou de algum outro parente. O número é nove vezes maior que o de homens. Mulheres são 85% dos cuidadores de idosos e 95% são cuidadoras informais, não são remuneradas.
6. Segundo estudo feito pelo Instituto Locomotiva, se as mulheres recebessem pelo trabalho doméstico, ganhariam mais de R$ 1 trilhão. De acordo com o levantamento, o tempo médio gasto por mulheres com os afazeres domésticos, incluindo o cuidado com pessoas, é de 92 horas por mês.
7. De acordo com os dados do IBGE, o número de pessoas ocupando cargo de trabalho doméstico caiu de 6,3 milhões, em 2019, para 4,9 milhões, em 2020: 92% eram mulheres, das quais 65% eram negras. Além disso, o trabalho doméstico informal ainda é muito maior que o com carteira assinada: em 2019, 1,6 milhão trabalhavam com carteira assinada, e 4,3 milhões sem carteira assinada. Em 2020, 1,1 milhão com carteira assinada contra 3,4 milhões informais.
8. Ainda segundo o IBGE, a participação das mulheres sem filhos na força de trabalho é 35,2% maior em relação à participação daquelas com filhos.
9. Embora isso seja ilegal, de acordo com a segunda parte da pesquisa Elas: comportamentos e barreiras, levantamento da Nielsen sobre as mulheres brasileiras realizado em parceria com o Opinion Box, 75% das mulheres afirmam que a gravidez é usada como razão para questionar seu trabalho, e 88% acreditam que a possibilidade de engravidar é considerada um motivo para não as contratar. Além disso, 75% das mulheres são perguntadas sobre terem filhos em processos seletivos, contra 69% dos homens, 52% delas afirmam terem sido questionadas sobre onde deixariam seus filhos durante o trabalho, e 23% disseram que esse tipo de pergunta gerou desconforto na entrevista.
Vem aí mais um Dia das Mães.

Você continua com aquela velha opinião formada, ou viés inconsciente, de que mulheres quando são mães se tornam menos comprometidas com a carreira?

Ao se tornar uma pessoa de negócios, você esqueceu que só está aqui porque uma mulher, sua mãe, doou o corpo, o tempo e a energia dela para te gerar, ser a sua primeira casa e te trazer ao mundo?

Já imaginou o que aconteceria se todas as mulheres do mundo resolvessem não ter filhos para não perder o emprego ou prejudicar a carreira?

O que você tem feito para incluir e garantir a permanência saudável e sustentável de mulheres mães no seu time e na sua empresa?

Feliz todo dia das mães!

Compartilhar:

Artigos relacionados

Customer experience: como encantar e fidelizar clientes na era da personalização inteligente

Empresas que compreendem essa transformação colhem benefícios significativos, pois os consumidores valorizam tanto a experiência quanto os produtos e serviços oferecidos. A Inteligência Artificial (IA) e a automação desempenham um papel fundamental nesse processo, permitindo a resolução ágil de demandas repetitivas por meio de chatbots e assistentes virtuais, enquanto profissionais se concentram em interações mais complexas e empáticas.

Idade não é limite: combatendo o etarismo e fortalecendo a inclusão geracional no trabalho

O etarismo continua sendo um desafio silencioso no ambiente corporativo, afetando tanto profissionais experientes quanto jovens talentos. Mais do que uma questão de idade, essa barreira limita a inovação e prejudica a cultura organizacional. Pesquisas indicam que equipes intergeracionais são mais criativas e produtivas, tornando essencial que empresas invistam na diversidade etária como um ativo estratégico.

multiculturalidade

O conflito de gerações no mercado de trabalho e na vida: problema ou oportunidade?

Em um mundo onde múltiplas gerações coexistem no mercado, a chave para a inovação está na troca entre experiência e renovação. O desafio não é apenas entender as diferenças, mas transformá-las em oportunidades. Ao acolher novas perspectivas e desaprender o que for necessário, criamos ambientes mais criativos, resilientes e preparados para o futuro. Afinal, o sucesso não pertence a uma única geração, mas à soma de todas elas.

Medo na vida e na carreira: um convite à mudança

O medo pode paralisar e limitar, mas também pode ser um convite para a ação. No mundo do trabalho, ele se manifesta na insegurança profissional, no receio do fracasso e na resistência à mudança. A liderança tem papel fundamental nesse cenário, influenciando diretamente a motivação e o bem-estar dos profissionais. Encarar os desafios com autoconhecimento, preparação e movimento é a chave para transformar o medo em crescimento. Afinal, viver de verdade é aceitar riscos, aprender com os erros e seguir em frente, com confiança e propósito.

Empreendedorismo
Após a pandemia, a Geração Z que ingressa no mercado de trabalho aderiu ao movimento do "quiet quitting", realizando apenas o mínimo necessário em seus empregos por falta de satisfação. Pesquisa da Mckinsey mostra que 25% da Geração Z se sentiram mais ansiosos no trabalho, quase o dobro das gerações anteriores. Ambientes tóxicos, falta de reconhecimento e não se sentirem valorizados são alguns dos principais motivos.

Samir Iásbeck

4 min de leitura
Empreendedorismo
Otimizar processos para gerar empregos de melhor qualidade e remuneração, desenvolver produtos e serviços acessíveis para a população de baixa renda e investir em tecnologias disruptivas que possibilitem a criação de novos modelos de negócios inclusivos são peças-chave nessa remontagem da sociedade no mundo

Hilton Menezes

4 min de leitura
Finanças
Em um mercado cada vez mais competitivo, a inovação se destaca como fator crucial para o crescimento empresarial. Porém, transformar ideias inovadoras em realidade requer compreender as principais fontes de fomento disponíveis no Brasil, como BNDES, FINEP e Embrapii, além de adotar uma abordagem estratégica na elaboração de projetos robustos.

Eline Casalosa

4 min de leitura
Empreendedorismo
A importância de uma cultura organizacional forte para atingir uma transformação de visão e valores reais dentro de uma empresa

Renata Baccarat

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Em meio aos mitos sobre IA no RH, empresas que proíbem seu uso enfrentam um paradoxo: funcionários já utilizam ferramentas como ChatGPT por conta própria. Casos práticos mostram que, quando bem implementada, a tecnologia revoluciona desde o onboarding até a gestão de performance.

Harold Schultz

3 min de leitura
Gestão de Pessoas
Diferente da avaliação anual tradicional, o modelo de feedback contínuo permite um fluxo constante de comunicação entre líderes e colaboradores, fortalecendo o aprendizado, o alinhamento de metas e a resposta rápida a mudanças.

Maria Augusta Orofino

3 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A Inteligência Artificial, impulsionada pelo uso massivo e acessível, avança exponencialmente, destacando-se como uma ferramenta inclusiva e transformadora para o futuro da gestão de pessoas e dos negócios

Marcelo Nóbrega

4 min de leitura
Liderança
Ao promover autonomia e resultados, líderes se fortalecem, reduzindo estresse e superando o paternalismo para desenvolver equipes mais alinhadas, realizadas e eficazes.

Rubens Pimentel

3 min de leitura
Empreendedorismo, Diversidade
A entrega do Communiqué pelo W20 destaca o compromisso global com a igualdade de gênero, enfatizando a valorização e o fortalecimento da Economia do Cuidado para promover uma sociedade mais justa e produtiva para as mulheres em todo o mundo

Ana Fontes

3 min de leitura
Diversidade
No ambiente corporativo atual, integrar diferentes gerações dentro de uma organização pode ser o diferencial estratégico que define o sucesso. A diversidade de experiências, perspectivas e habilidades entre gerações não apenas enriquece a cultura organizacional, mas também impulsiona inovação e crescimento sustentável.

Marcelo Murilo

21 min de leitura