Estratégia e Execução, Carreira
3 min de leitura

Financiamento coletivo: uma fonte inovadora de capital para empreendedoras

Solicitar crédito sempre parece uma jornada difícil e, por isso, muitos ficam longe e acabam perdendo oportunidades de financiar seus negócios. Porém, há outros tipos de programas que podemos alçar a fim de conseguir essa ajuda e incentivo capital para o nosso negócio.

Compartilhar:

Você sabia que 75% das mulheres nunca solicitaram crédito para seus negócios? Segundo a pesquisa Empreendedoras e seus negócios 2023, realizada pela RME, elas preferem um empréstimo de amigo ou familiar (15%) ou optam pelo aumento do limite do cartão ou de empréstimo pessoal (11%).

Já de acordo com um levantamento feito pelo Sebrae em 2024, no primeiro bimestre deste ano, cerca de R$109 bilhões em crédito foram concedidos para pequenos negócios, mas apenas 29% deste valor foi direcionado aos empreendimentos femininos. Ou seja, as mulheres pedem menos crédito e quando decidem por essa ação são as menos beneficiadas. É vivendo uma realidade desta há anos que as mulheres tiveram que encontrar novas formas de ter acesso a este capital.

Diante deste cenário de desigualdade, o financiamento coletivo ou crowdfunding se tornou cada vez mais comum e uma porta de entrada para as mulheres no mundo do empreendedorismo. O financiamento coletivo é um marco importante para as empreendedoras ou futuras empreendedoras. Com essa alternativa, elas não só conseguem captar o valor necessário, como ainda incentivam a construção de uma rede feminina de apoio mútuo. O crowdfunding, apesar de ser uma alternativa para a falta de apoio financeiro para os negócios femininos, é, ao mesmo tempo, a chance de as mulheres apoiarem outras mulheres.

Esse tipo de financiamento traz ainda outro aspecto bem interessante para nós: liberdade, em vários sentidos. Pode ser que aquele projeto não se encaixe nas propagandas de grandes marcas, mas isso não quer dizer que ele não vai atrair outros olhares que estejam interessados em consumir esse produto ou contribuir com essa ideia. E claro que não posso deixar de citar a independência financeira proporcionada pelo empreendedorismo, um fator primordial na vida de quase 100% das empreendedoras.

De forma alguma a minha ideia é glamourizar esse cenário, afinal, o financiamento coletivo para os empreendimentos femininos nasceu a partir da desigualdade de gênero de acesso a crédito, mas não posso deixar destacar a beleza que é ver mulheres ajudando outras mulheres.

A boa notícia é que, além da criação dessa rede virtual e do financiamento coletivo, hoje as mulheres podem recorrer a uma série de programas e iniciativas. No contexto do incentivo ao empreendedorismo feminino é importante mencionar o fundo Dona de Mim, uma iniciativa do Grupo Mulheres do Brasil que tem como propósito impulsionar o negócio de microempreendedoras individuais (MEI) e empreendedoras de comunidades com recursos financeiros por meio do microcrédito. Já para quem não se enquadra mais como MEI, o Estímulo, maior fundo de impacto do Brasil, apoia empreendedores com crédito especial facilitado, por meio de um processo rápido, seguro e 100% online. Inspirado nos Relief Funds dos EUA, o fundo é pioneiro no Brasil e modelado no conceito de blended finance, que une doações e investimentos de impacto.

Existem também iniciativas do governo federal, como o programa Acredita, que atende especificamente pessoas inscritas no Cadúnico e donas de pequenas empresas. Além disso, as MEIs e as microempresas têm a opção de solicitar crédito por meio do ProCred 360. Ambos os programas oferecem linhas de crédito especiais, com juros diferenciados, facilitando o acesso ao financiamento para impulsionar seus negócios.

Que esses programas sejam o começo para um futuro mais igualitário para as mulheres que precisam de crédito para abrirem seus negócios.  Os empreendimentos femininos já provaram que podem e estão contribuindo muito para a economia do país e do mundo como um todo, mas para isso é preciso haver oportunidades.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Passa conhecimento

Incluir intencionalmente ou excluir consequentemente?

A estreia da coluna “Papo Diverso”, este espaço que a Talento Incluir terá a partir de hoje na HSM Management, começa com um texto de sua CEO, Carolina Ignarra, neste dia 3/12, em que se trata do “Dia da Pessoa com Deficiência”, um marco necessário para continuarmos o enfrentamento das barreiras do capacitismo, que ainda existe cotidianamente em nossa sociedade.

Finanças
O Revenue Operations (RevOps) está em franca expansão global, com estimativa de que 75% das empresas o adotarão até 2025. No Brasil, empresas líderes, como a 8D Hubify, já ultrapassaram as expectativas, mais que dobrando o faturamento e triplicando o lucro ao integrar marketing, vendas e sucesso do cliente. A Inteligência Artificial é peça-chave nessa transformação, automatizando interações para maior personalização e eficiência.

Fábio Duran

3 min de leitura
Empreendedorismo
Trazer os homens para a discussão, investir em ações mais intencionais e implementar a licença-paternidade estendida obrigatória são boas possibilidades.

Renata Baccarat

4 min de leitura
Uncategorized
Apesar de ser uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de colaboradores, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) vem sendo negligenciado por empresas no Brasil. Pesquisa da Mereo mostra que apenas 60% das companhias avaliadas possuem PDIs cadastrados, com queda no engajamento de 2022 para 2023.

Ivan Cruz

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mundo dos negócios, mas seu avanço rápido exige uma discussão sobre regulamentação. Enquanto a Europa avança com regras para garantir benefícios éticos, os EUA priorizam a liberdade econômica. No Brasil, startups e empresas se mobilizam para aproveitar as vantagens competitivas da IA, mas aguardam um marco legal claro.

Edmee Moreira

4 min de leitura
ESG
A gestão de riscos psicossociais ganha espaço nos conselhos, impulsionada por perdas estimadas em US$ 3 trilhões ao ano. No Brasil, a atualização da NR1 exige que empresas avaliem e gerenciem sistematicamente esses riscos. Essa mudança reflete o reconhecimento de que funcionários saudáveis são mais produtivos, com estudos mostrando retornos de até R$ 4 para cada R$ 1 investido

Ana Carolina Peuker

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
Conheça o conceito de Inteligência Cultural e compreenda os três pilares que vão te ajudar a trazer clareza e compreensão para sua comunicação interpessoal (e talvez internacional)

Angelina Bejgrowicz

4 min de leitura
Liderança
Entenda como construir um ambiente organizacional que prioriza segurança psicológica, engajamento e o desenvolvimento genuíno das equipes.

Athila Machado

6 min de leitura
Empreendedorismo
Após a pandemia, a Geração Z que ingressa no mercado de trabalho aderiu ao movimento do "quiet quitting", realizando apenas o mínimo necessário em seus empregos por falta de satisfação. Pesquisa da Mckinsey mostra que 25% da Geração Z se sentiram mais ansiosos no trabalho, quase o dobro das gerações anteriores. Ambientes tóxicos, falta de reconhecimento e não se sentirem valorizados são alguns dos principais motivos.

Samir Iásbeck

4 min de leitura
Empreendedorismo
Otimizar processos para gerar empregos de melhor qualidade e remuneração, desenvolver produtos e serviços acessíveis para a população de baixa renda e investir em tecnologias disruptivas que possibilitem a criação de novos modelos de negócios inclusivos são peças-chave nessa remontagem da sociedade no mundo

Hilton Menezes

4 min de leitura
Finanças
Em um mercado cada vez mais competitivo, a inovação se destaca como fator crucial para o crescimento empresarial. Porém, transformar ideias inovadoras em realidade requer compreender as principais fontes de fomento disponíveis no Brasil, como BNDES, FINEP e Embrapii, além de adotar uma abordagem estratégica na elaboração de projetos robustos.

Eline Casalosa

4 min de leitura