Finanças
5 min de leitura

Financiamento: mulheres enfrentam mais dificuldades para obter investimentos?  

Enquanto mulheres recebem migalhas do venture capital, fundos como Moon Capital e redes como Sororitê mostram o caminho: investir em empreendedoras não é ‘caridade’ — é fechar a torneira do vazamento de talentos e ideias que movem a economia
Empreendedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME. Vice-Presidente do Conselho do Pacto Global da ONU Brasil e Membro do Conselho da Presidência da República – CDESS. Presidente do W20, grupo de engajamento do G20. Conselheira da UAM/Grupo Ânima. Reconhecida no ranking Melhores Líderes do Brasil da Merco e por prêmios como: Bloomberg 500 mais influentes da América Latina 2024, Melhores e Maiores 2024, Empreendedor Social 2023, Executivo de Valor 2023 e Forbes Brasil Mulheres Mais Poderosas 2019. Autora do livro “Negócios: um assunto de mulheres - A força transformadora do empreendedorismo feminino".

Compartilhar:

Financiamento

Não é novidade que as empreendedoras enfrentam desafios ao buscar financiamento para seus negócios, seja por meio de capital de risco ou empréstimos bancários. De acordo com um estudo da First Round Capital, as mulheres recebem menos de 30% do financiamento de capital de risco em todo o mundo, e esse percentual é ainda menor para grupos historicamente minorizados. 

Mesmo que a igualdade de gênero tenha avançado em muitos aspectos, muitas vezes, os financiadores também carregam preconceitos inconscientes que afetam as decisões de investimento em empresas com CEOs mulheres. 

A baixa presença feminina em posições altas nos fundos de investimento dificulta o acesso ao capital. A pesquisa “Ecossistema de Venture Capital e Private Equity na América Latina”, da Endeavor, em parceria com a Glisco Partners, revelou que, entre 120 sócios de fundos que atuam na região, menos de um quarto são mulheres: 22%. O levantamento também constatou que a falta de diversidade afetou tanto os gestores quanto as empresas comandadas por empreendedoras. Apenas 6% das startups unicórnios brasileiras tinham fundadoras mulheres, evidenciando a baixa representatividade feminina no ecossistema de inovação, mesmo diante de um mercado altamente promissor. 

Em alguns casos, muitas pequenas e médias empresas lideradas por elas até conseguem aprovação para empréstimos, mas enfrentam desafios de critérios rigorosos, como garantias e juros elevados. 

Porém, nem tudo está perdido. Existem diversos caminhos que podemos adotar para mudar esse cenário, como criar fundos de investimento, por exemplo. Iniciativas como o Moon Capital – Women Empowerment Fund, lançado por Sílvia Mota e Ana Sá Ribeiro, visam investir em marcas lideradas por mulheres, promovendo a equidade de gênero no acesso à capital. Uma outra opção é a Sororitê, uma rede de investidoras anjo do Brasil, formada por mulheres visionárias, que conectam mulheres que querem investir em startups com empreendedoras que precisam de apoio para fundar e escalar seus negócios. 

Organizações como a Rede Mulher Empreendedora (RME) também oferecem programas de mentoria e capacitação, auxiliando no desenvolvimento de habilidades essenciais para a gestão e crescimento empresarial. 

Outro mecanismo é incentivar a presença feminina em cargos maiores nos fundos de investimento, contribuindo para decisões mais equitativas. Além disso, convidamos fortalecer redes de contatos e conexões no mundo corporativo para ampliar o acesso a oportunidades estratégicas. A educação financeira também é crucial para compreender as melhores opções disponíveis. 

Importante também é a da desglamourização do empreendedorismo feminino, enfatizando que cuidar de dinheiro não é um bicho de sete cabeças, mas é essencial para o sucesso e a independência financeira. Como mencionado por Ana Fontes no livro “Negócios, um assunto de mulheres”, o empreendimento próprio é um caminho para conquistar essa autonomia, tendo um papel extremamente social para a mulher. 

Por fim, ao adotar essas práticas e apoiar iniciativas que fomentem a equidade de gênero no financiamento, podemos criar um ambiente mais inclusivo e propício para o sucesso de toda uma cadeia produtiva.

Compartilhar:

Empreendedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME. Vice-Presidente do Conselho do Pacto Global da ONU Brasil e Membro do Conselho da Presidência da República – CDESS. Presidente do W20, grupo de engajamento do G20. Conselheira da UAM/Grupo Ânima. Reconhecida no ranking Melhores Líderes do Brasil da Merco e por prêmios como: Bloomberg 500 mais influentes da América Latina 2024, Melhores e Maiores 2024, Empreendedor Social 2023, Executivo de Valor 2023 e Forbes Brasil Mulheres Mais Poderosas 2019. Autora do livro “Negócios: um assunto de mulheres - A força transformadora do empreendedorismo feminino".

Artigos relacionados

A aposta calculada que levou o Boticário a ser premiado no iF Awards

Enquanto concorrentes correm para lançar coleções sazonais inspiradas em tendências efêmeras, o Boticário demonstra que compreende um princípio fundamental: o verdadeiro valor do design não está na estética superficial, mas em sua capacidade de gerar impacto social e econômico simultaneamente. A linha Make B., vencedora do iF Design Award 2025, não é um produto de beleza – é um manifesto estratégico.

Marketing & growth, Cultura organizacional, Inovação & estratégia, Liderança
4 de setembro de 2025
Inspirar ou limitar? O benchmark pode ser útil - até o momento em que te afasta da sua singularidade. Descubra quando olhar para fora deixa de fazer sentido.

Bruna Lopes de Barros

3 minutos min de leitura
Inovação
Em entrevista com Rodrigo Magnago, Fernando Gama nos conta como a Docol tem despontado unindo a cultura do design na organização

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
ESG, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
3 de setembro de 2025
O plástico nasceu como símbolo do progresso - hoje, desafia o futuro do planeta. Entenda como uma invenção de 1907 moldou a sociedade moderna e se tornou um dos maiores dilemas ambientais da nossa era.

Anna Luísa Beserra - CEO da SDW

0 min de leitura
Inovação & estratégia, Empreendedorismo, Tecnologia & inteligencia artificial
2 de setembro de 2025
Como transformar ciência em inovação? O Brasil produz muito conhecimento, mas ainda engatinha na conversão em soluções de mercado. Deep techs podem ser a ponte - e o caminho já começou.

Eline Casasola - CEO da Atitude Inovação

5 minutos min de leitura
Liderança, Empreendedorismo, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Inovação & estratégia
1 de setembro de 2025
Imersão de mais de 10 horas em São Paulo oferece conteúdo de alto nível, mentorias com especialistas, oportunidades de networking qualificado e ferramentas práticas para aplicação imediata para mulheres, acelerando oportunidades para um novo paradigma econômico

Redação HSM Management

0 min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
1 de setembro de 2025
Na era da creator economy, influência não é mais sobre alcance - é sobre confiança. Você já se deu conta como os influenciadores se tornaram ativos estratégicos no marketing contemporâneo? Eles conectam dados, propósito e performance. Em um cenário cada vez mais automatizado, é a autenticidade que converte.

Salomão Araújo - VP Comercial da Rakuten Advertising no Brasil

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Liderança
29 de agosto de 2025
Estamos entrando na temporada dos planos estratégicos - mas será que o que chamamos de “estratégia” não é só mais uma embalagem bonita para táticas antigas? Entenda o risco do "strategy washing" e por que repensar a forma como construímos estratégia é essencial para navegar futuros possíveis com mais consciência e adaptabilidade.

Lilian Cruz, Cofundadora da Ambidestra

4 minutos min de leitura
Empreendedorismo, Inovação & estratégia
28 de agosto de 2025
Startups lideradas por mulheres estão mostrando que inovação não precisa ser complexa - precisa ser relevante. Já se perguntou: por que escutar as necessidades reais do mercado é o primeiro passo para empreender com impacto?

Ana Fontes - Empreendedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Tecnologia & inteligencia artificial
26 de agosto de 2025
Em um universo do trabalho regido pela tecnologia de ponta, gestores e colaboradores vão obrigatoriamente colocar na dianteira das avaliações as habilidades humanas, uma vez que as tarefas técnicas estarão cada vez mais automatizadas; portanto, comunicação, criatividade, pensamento crítico, persuasão, escuta ativa e curiosidade são exemplos desse rol de conceitos considerados essenciais nesse início de século.

Ivan Cruz, cofundador da Mereo, HR Tech

4 minutos min de leitura
Inovação
25 de agosto de 2025
A importância de entender como o design estratégico, apoiado por políticas públicas e gestão moderna, impulsiona o valor real das empresas e a competitividade de nações como China e Brasil.

Rodrigo Magnago

9 min de leitura