Estratégia, Inovação, Liderança, times e cultura

Foco: arma do corajoso ou escudo do covarde?

Focar não é fácil, mas a gente discute para acharmos direcionamentos, não é mesmo? Então, você ja tem o seu? Sabe o que quer?
Eduardo Paraske é co-fundador e sócio da Deboo e 1601 - Consultoria. Tem mais de 16 anos de experiência em multinacionais, como Google, Waze, Samsung, Unilever, Roche Pharmaceuticals e Outback Steakhouse. Além disso, é mentor de startups pelo Google for Startups.
Eduardo Paraske é co-fundador e sócio da Deboo e 1601 - Consultoria. Tem mais de 16 anos de experiência em multinacionais, como Google, Waze, Samsung, Unilever, Roche Pharmaceuticals e Outback Steakhouse. Além disso, é mentor de startups pelo Google for Startups.

Compartilhar:

Vamos falar de foco. Essa palavrinha mágica que todo coach e todo líder adora,
que está em todas as frases motivacionais do Instagram.

Mas afinal, foco é a arma do corajoso ou o escudo do covarde?

Primeiro, o lado heroico do foco. Imagine um arqueiro, flecha no alvo, olhos
fixos. Ele sabe o que quer e não perde tempo com distrações. O foco é a arma
que o faz chegar ao topo. Vejamos Elon Musk, por exemplo. O cara, apesar de
ser o maior exemplo de babaca competente do século, não estava brincando
quando decidiu ir a Marte. Ele largou o que era secundário, focou em seus
objetivos e, bem, estamos falando de foguetes retornáveis hoje.

Outro exemplo é J.K. Rowling. Antes de “Harry Potter” virar um sucesso global,
Rowling passou por dificuldades financeiras. Seu foco em terminar o livro,
apesar das rejeições iniciais, transformou sua vida. Ela não se desviou, mesmo
quando tudo parecia impossível.

Temos outros inúmeros bons exemplos onde o foco é a chave do sucesso, e não
desistir vira uma máxima: Cafu, Beatles, Rolling Stones. Até a história da
Nathalia Arcuri é incrível sobre isso.

Foco exige coragem. Coragem para dizer não a oportunidades tentadoras mas
que desviam você do caminho. Imagine deixar um emprego seguro para investir
tudo em um negócio próprio. É preciso coragem para manter o foco quando o
caminho é cheio de incertezas. Quando não existe garantia de nada, o foco é
tudo.

Agora, o lado sombrio do foco é quando ele vira uma desculpa, um escudo para
não arriscar. Ah, o conforto do conhecido! Quantas vezes vemos pessoas que
dizem estar “focadas” em algo que já não lhes traz mais alegria ou resultados?
Na verdade, estão com medo de tentar algo novo. “Estou focado no meu
trabalho atual” pode muito bem ser traduzido para “Estou apavorado com a
ideia de mudar”.

Um dos maiores exemplos mundiais onde o “foco” foi a semente inicial da merda
é a Kodak. A empresa, que foi líder em filmes fotográficos, se recusou a focar na
transição para a fotografia digital, mesmo tendo inventado a primeira câmera
digital. O foco no modelo de negócio antigo, por medo de mudança, levou a
empresa à falência. Este é o perigo, onde o foco é bola de peso, é escudo para
não mudar, e não arma para evoluir.

Pessoas que disfarçam medo de mudança como foco perdem a chance de
inovar. Estão tão presas ao “seguro” que não veem a oportunidade quando ela
bate à porta. E o pior? Muitas vezes, o velho e o conhecido já não trazem mais
benefícios, não mudam o jogo.

Até pra mudar o foco é preciso ter foco. Já ouviu falar dos feras que morrem ao
tentar escalar o Everest? Será que eles estavam super focados em morrer, ou
será que poderiam ter mudado o foco quando a coisa começou a ficar fora de
controle?

Ninguém nunca vai saber.

Então, qual é a solução? Saber exatamente o que você quer e onde quer chegar.
Se seu foco não está alinhado com seu propósito, ele se torna uma prisão. Foco
deve ser uma ferramenta para o progresso, não uma desculpa para a
estagnação.

Seja fã do foco, mas não deixe seu radar para o novo empoeirar. O novo vai
bater na sua porta, e se o foco nunca deixar nada entrar, talvez seja hora de
desconfiar dele.

E diga-se de passagem, focar é o máximo, mas a vida é muito curta para a gente
não desfocar nenhum pouquinho.

Compartilhar:

Eduardo Paraske é co-fundador e sócio da Deboo e 1601 - Consultoria. Tem mais de 16 anos de experiência em multinacionais, como Google, Waze, Samsung, Unilever, Roche Pharmaceuticals e Outback Steakhouse. Além disso, é mentor de startups pelo Google for Startups.

Artigos relacionados

Há um fio entre Ada Lovelace e o CESAR

Fora do tempo e do espaço, talvez fosse improvável imaginar qualquer linha que me ligasse a Ada Lovelace. Mais improvável ainda seria incluir, nesse mesmo

Carreira, Diversidade
Ninguém fala disso, mas muitos profissionais mais velhos estão discriminando a si mesmos com a tecnofobia. Eles precisam compreender que a revolução digital não é exclusividade dos jovens

Ricardo Pessoa

4 min de leitura
ESG
Entenda viagens de incentivo só funcionam quando deixam de ser prêmios e viram experiências únicas

Gian Farinelli

6 min de leitura
Liderança
Transições de liderança tem muito mais relação com a cultura e cultura organizacional do que apenas a referência da pessoa naquela função. Como estão estas questões na sua empresa?

Roberto Nascimento

6 min de leitura
Inovação
Estamos entrando na era da Inteligência Viva: sistemas que aprendem, evoluem e tomam decisões como um organismo autônomo. Eles já estão reescrevendo as regras da logística, da medicina e até da criatividade. A pergunta que nenhuma empresa pode ignorar: como liderar equipes quando metade delas não é feita de pessoas?

Átila Persici

6 min de leitura
Gestão de Pessoas
Mais da metade dos jovens trabalhadores já não acredita no valor de um diploma universitário — e esse é só o começo da revolução que está transformando o mercado de trabalho. Com uma relação pragmática com o emprego, a Geração Z encara o trabalho como negócio, não como projeto de vida, desafiando estruturas hierárquicas e modelos de carreira tradicionais. A pergunta que fica: as empresas estão prontas para se adaptar, ou insistirão em um sistema que não conversa mais com a principal força de trabalho do futuro?

Rubens Pimentel

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
US$ 4,4 trilhões anuais. Esse é o prêmio para empresas que souberem integrar agentes de IA autônomos até 2030 (McKinsey). Mas o verdadeiro desafio não é a tecnologia – é reconstruir processos, culturas e lideranças para uma era onde máquinas tomam decisões.

Vitor Maciel

6 min de leitura
ESG
Um ano depois e a chuva escancara desigualdades e nossa relação com o futuro

Anna Luísa Beserra

6 min de leitura
Empreendedorismo
Liderar na era digital: como a ousadia, a IA e a visão além do status quo estão redefinindo o sucesso empresarial

Bruno Padredi

5 min de leitura
Liderança
Conheça os 4 pilares de uma gestão eficaz propostos pelo Vice-Presidente da BossaBox

João Zanocelo

6 min de leitura
Inovação
Eventos não morreram, mas 78% dos participantes já rejeitam formatos ultrapassados. O OASIS Connection chega como antídoto: um laboratório vivo onde IA, wellness e conexões reais recriam o futuro dos negócios

Vanessa Chiarelli Schabbel

5 min de leitura