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Gabriela Reis: uma combinação de antevisão e coerência

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A mineira Gabriela Reis, 33, teve um bom ponto de partida: é filha única de pais que não tiveram muita oportunidade de estudar e realmente valorizam o conhecimento. Sempre frequentou boas escolas e entrou nas mais disputadas universidades públicas – em arquitetura na Universidade Federal de Minas Gerais e, depois, em design na Universidade Estadual de Minas Gerais. Teve ainda a chance de fazer um intercâmbio nos Estados Unidos, durante o qual se deu conta de que design faria mais sentido para ela.

Além dessa disciplina de estudo, porém, a Gabriela mostrou ter algo que eu chamo de “antevisão”. Ela já falava de consciência nos negócios antes de conhecer o movimento do capitalismo consciente; adotou um modo de trabalho flexível sem que esse tema estivesse em pauta; escolheu trabalhar com o design aplicado a negócios, gestão e processos de inovação quando a onda do design thinking nem tinha se erguido ainda. Não à toa, começou a carreira em uma startup, cuidando de branding, e as startups estavam longe de ser a bola da vez. (Depois foi trabalhar em uma consultoria, atendendo a grandes empresas.)

Outro elemento definidor da Gabi é a forte conexão que ela tem com seus valores e sua essência. Queria desenvolver projetos que gerassem verdadeiro impacto na vida das pessoas. Não conseguia fazer isso onde estava. O que ela fez? Pediu as contas e foi empreender com amigos o Business Jam, uma iniciativa de reunir pessoas para discutir carreiras e negócios com mais propósito, o que daria à luz o Coletivo Gentileza, voltado a estimular discussões sobre as relações entre as pessoas e a cidade de Belo Horizonte. Usando a gentileza como driver de intervenções urbanas, o Coletivo ganhou grande projeção em BH.

A paixão de Gabriela pelo empreendedorismo social surgiu quando ela ganhou uma bolsa de estudos para fazer um curso de negócios sociais da Yunus Negócios Sociais. Nessa época, Gabriela tinha sido chamada para criar uma disciplina de graduação sobre a aplicação do design de serviços na escola em que estudou, a UEMG. A partir daí, resolveu unir seus assuntos de interesse e, em um mestrado acadêmico, foi estudar o design de modelos de negócio de impacto – o que alimentou sua paixão.

Respeitando essa conexão consigo mesma – muitos gestores se aposentam sem aprender a fazer isso, como sabemos –, Gabriela entendeu como gosta de trabalhar: com autonomia, flexibilidade e orientação a propósito. E, coerentemente, decidiu não mais se vincular a uma única empresa, e sim a projetos em que acredita. Abraçou diversos, que incluem ser head de cultura e inovação da startup de inteligência artificial Hekima e liderar, pela Yunus, um programa de pré-aceleração de negócios sociais para a mineradora AngloGold Ashanti.

Sinto-me inspirado por tanta coerência e quero estar perto da Gabi quando ela antecipar a próxima onda.

**SAIBA MAIS SOBRE GABRIELA REIS**

Graduada e mestre em design pela Universidade Estadual de Minas Gerais, é professora convidada da Fundação Dom Cabral, multiplicadora do Sistema B, consultora da Yunus Negócios Sociais e consultora independente de negócios que estejam em busca de humanização, inovação e impacto positivo para a sociedade. Gabi também fez parte da fundação do Global Shapers de Belo Horizonte, grupo de jovens líderes ligado ao Fórum Econômico Mundial.

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