Daqui a 50 anos, talvez as pessoas vejam as organizações com a curiosidade com que vemos peças nos museus. Essa parece ser uma possibilidade real diante da visão dos acadêmicos entrevistados por HSM Management quanto a mudanças no desenho das empresas.
O trabalho remoto e a digitalização, acelerados durante a pandemia de Covid-19, semearam mudanças em três frentes, que acabarão por metamorfosear as empresas no futuro.
## Ativos como serviço
Os escritórios administrativos devem mudar muito, primeiro em busca de uma melhor gestão patrimonial. Alguns serão mantidos, para questões confidenciais e de branding, mas encolherão – e as estações de trabalho individuais devem dar lugar a mais salas de reunião; outros vão sumir, já que as reuniões podem acontecer em coworkings.
Será a era dos ativos como serviço, diz Elaine Tavares, do Coppead-UFRJ. “Mas, com o tempo, os gestores vão entender que espaços devem preservar como próprios.”
## Líder descentralizador
“O papel do líder mudará bastante”, diz Tavares, “e essa é a mudança que mais me anima”. Em sua visão, o líder ficará menos centralizador com o trabalho distribuído, e isso vai virar uma vantagem competitiva, porque os (colaboradores) brasileiros têm “incerteza e adaptação na veia”.
Além disso, a tomada de decisão será muito diferente, na opinião de David Kallás, do Insper. Os grandes volumes de dados que virão graças à digitalização e à inteligência artificial reinventarão o processo decisório.
Fábio Borges, da ESPM-SP, por sua vez, aposta que o líder ficará mais humanizado conforme se incluam grupos minorizados. “Ele, ou ela, deixará no passado a abordagem de resultado a qualquer custo e entrará na busca de resultados possíveis, dependendo das condições para que a equipe os atinja”, explica.
## Cultura desafiada pelas pessoas
Em razão de tudo isso, a cultura organizacional vai ser cada vez mais desafiada a se humanizar e se agilizar. “E no curto prazo”, diz Tavares.