Estratégia e Execução

Habilidades foram as estrelas da HSM Expo 2018

Os 5 mil gestores que estiveram na última edição do megaevento – e os mais de 30 mil participantes via satélite – saíram com uma missão: eliminar o “skill gap”

Compartilhar:

Se algum participante se sentiu um pouco desorientado ao entrar pela primeira vez na instalação “túnel do tempo” que dava acesso à HSM Expo 2018, viveu a metáfora atual. Hoje, a carreira e o cotidiano dos executivos são marcados por um frenesi de mudanças que nos tira o chão. Por isso, 92% dos CEOs mundiais se sentem ansiosos por não ter as habilidades necessárias, segundo pesquisa PwC citada várias vezes no evento, e 77% dizem que a maior ameaça a seus negócios é a indisponibilidade de pessoas com as habilidades requeridas. Painelistas de todos os auditórios, arenas e estandes da Expo abordaram o tema. 

**Redesenhe a jornada de aprendizagem**

_David Blake_

A carreira, agora, parece um mapa de metrô. Isso requer, na visão do coautor do livro The expertise economy, David Blake, que a jornada de aprendizagem seja construída (pelo RH ou pela própria pessoa) com três etapas que se repitam e muitas vezes se sobreponham: (1) modernizar a experiência de aprendizado (buscando, para isso, agrupar conteúdos e plataformas SaaS), (2) alimentar uma cultura de aprendizado (com artigos e revistas, livros, vídeos, coaching e blogs, que devem seguir metas por dia, semana, mês e ano – para a vida) e (3) destravar as habilidades. 

Blake propôs começar a destravá-las com a medição do quociente de habilidade (SQ, em inglês): dê notas de 1 a 10 para cada habilidade – de comunicação, por exemplo. Divida sua nota de hoje (4) pela nota que sua função requer (7) e multiplique por 100. Seu SQ será 57. Compare com o NPS – 57 é muito baixo, não? Volte às etapas anteriores. 

**Entenda a ameaça – ou oportunidade**

_Caleb Harper_

O pesquisador-chefe e diretor da iniciativa Open Agriculture, do MIT Media Lab, veio abrir nossos olhos. A agricultura estará embarcada em toda empresa. Vamos cultivar produtos finais, de cosméticos a vacinas e vírus-

-remédios,e até fabricar o clima para isso. Jeff Bezos já investe muito em fazendas verticais. O Brasil não pode ficar de fora.

**Mindset digital à brasileira**

Em 2019, o Magazine Luiza quer fazer 50% de suas entregas em dois dias – ou até no mesmo dia. No app, a compra já dura 10 segundos. O CEO, Fred, e sua mãe e chairman, Luiza Trajano, contaram como os funcionários se digitalizaram e como o custo Brasil de logística foi contornado com mais lojas físicas. “Não dá para ser ‘só digital’ no Brasil”, disse Fred.

**Quer uma prova de que você vai ter de se adaptar de novo?**

_Don Tapscott_

O período feudal do digital vai acabar, com o blockchain desconcentrando o poder de várias maneiras. Com essa tecnologia, poderá haver uma cooperativa “SuperUber” sem a centralização da Uber, só com os motoristas se juntando em uma rede sem donos. O supply chain de cada empresa pode ser conectado por essa tecnologia também, dando-lhe condição de monitorar a operação e a qualidade. Com o blockchain, voltaremos a ter liberdade, porque teremos privacidade. 

**Estimule com Nudges**

_Laszlo Bock_

Como VP de operações do Google durante dez anos, ele descobriu que o melhor jeito de mudar uma organização é usar nudges, os cutucões da economia comportamental. Ilustrando com a série de TV Os Simpsons, ele contou que o nudge de Homer para trabalhar na usina que tanto detesta é a foto de sua bebê Meg. Saber o que importa para cada pessoa é o segredo do bom nudge. Segundo Bock, o esforço organizacional para saber isso vale muito a pena para lidar com os talentos. “E, como diz Bill Gates, um engenheiro de software excepcional vale por mil medianos.”

**Dê um novo papel ao RH**

_Grazi Mendes_

O plano de carreira está superado; é preciso introduzir individualidade e subjetividade no ambiente de trabalho, disse Grazi Mendes, head de pessoas da ThoughtWorks Brasil, na Arena Coragem. Mas ter piscina de bolinhas no esritório também não é a solução. É hora de o RH ser menos preditivo e mais adaptativo, permitindo que cada pessoa desenhe a própria jornada profissional em conjunto com a equipe, pensando em presente e futuro, nas demandas do negócio e nas próprias. Isso requer confiança nas pessoas e valores ágeis.

![](https://revista-hsm-public.s3.amazonaws.com/uploads/64a4f14d-7ee1-45af-b150-472bf91154dd.jpeg)

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

Gestão de Pessoas
O aprendizado está mudando, e a forma de reconhecer habilidades também! Micro-credenciais, certificados e badges digitais ajudam a validar competências de forma flexível e alinhada às demandas do mercado. Mas qual a diferença entre eles e como podem impulsionar carreiras e instituições de ensino?

Carolina Ferrés

9 min de leitura
Inovação
O papel do design nem sempre recebe o mérito necessário. Há ainda quem pense que se trata de uma área do conhecimento que é complexa em termos estéticos, mas esse pensamento acaba perdendo a riqueza de detalhes que é compreender as capacidades cognoscíveis que nós possuímos.

Rafael Ferrari

8 min de leitura
Inovação
Depois de quatro dias de evento, Rafael Ferrari, colunista e correspondente nos trouxe suas reflexões sobre o evento. O que esperar dos próximos dias?

Rafael Ferrari

12 min de leitura
ESG
Este artigo convida os profissionais a reimaginarem a fofoca — não como um tabu, mas como uma estratégia de comunicação refinada que reflete a necessidade humana fundamental de se conectar, compreender e navegar em paisagens sociais complexas.

Rafael Ferrari

7 min de leitura
ESG
Prever o futuro vai além de dados: pesquisa revela que 42% dos brasileiros veem a diversidade de pensamento como chave para antecipar tendências, enquanto 57% comprovam que equipes plurais são mais produtivas. No SXSW 2025, Rohit Bhargava mostrou que o verdadeiro diferencial competitivo está em combinar tecnologia com o que é 'unicamente humano'.

Dilma Campos

7 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Para líderes e empreendedores, a mensagem é clara: invista em amplitude, não apenas em profundidade. Cultive a curiosidade, abrace a interdisciplinaridade e esteja sempre pronto para aprender. O futuro não pertence aos que sabem tudo, mas aos que estão dispostos a aprender tudo.

Rafael Ferrari e Marcel Nobre

5 min de leitura
ESG
A missão incessante de Brené Brown para tirar o melhor da vulnerabilidade e empatia humana continua a ecoar por aqueles que tentam entender seu caminho. Dessa vez, vergonha, culpa e narrativas são pontos cruciais para o entendimento de seu pensamento.

Rafael Ferrari

0 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A palestra de Amy Webb foi um chamado à ação. As tecnologias que moldarão o futuro – sistemas multiagentes, biologia generativa e inteligência viva – estão avançando rapidamente, e precisamos estar atentos para garantir que sejam usadas de forma ética e sustentável. Como Webb destacou, o futuro não é algo que simplesmente acontece; é algo que construímos coletivamente.

Glaucia Guarcello

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O avanço do AI emocional está revolucionando a interação humano-computador, trazendo desafios éticos e de design para cada vez mais intensificar a relação híbrida que veem se criando cotidianamente.

Glaucia Guarcello

7 min de leitura
Tecnologias exponenciais
No SXSW 2025, Meredith Whittaker alertou sobre o crescente controle de dados por grandes empresas e governos. A criptografia é a única proteção real, mas enfrenta desafios diante da vigilância em massa e da pressão por backdoors. Em um mundo onde IA e agentes digitais ampliam a exposição, entender o que está em jogo nunca foi tão urgente.

Marcel Nobre

5 min de leitura