Saúde Mental

Healthtechs de saúde mental criam ambientes de trabalho mais saudáveis nas startups

Empresas devem reconhecer nas plataformas de saúde mental a possibilidade de construir, em conjunto, uma cultura mais saudável capaz de apoiar, engajar e inspirar os colaboradores
Rodrigo Roncaglio é CEO da Guia da Alma e especialista em soluções de saúde mental para pessoas e empresas.

Compartilhar:

Os obstáculos que as startups enfrentam em seus estágios iniciais ditam uma agenda de trabalho intensa para garantir a sobrevivência e o crescimento acelerado do negócio. As mudanças constantes, aliadas à pressão por resultados, criatividade e capacidade de gerar receita, podem causar impactos na saúde dos colaboradores, que precisam seguir o ritmo dessas transformações. Em ascensão desde a adoção dos novos modelos de trabalho no pós-pandemia, as plataformas de saúde mental têm sido importantes para promover um equilíbrio entre o crescimento da empresa e a saúde mental no mercado de startups.

Uma pesquisa publicada em 2022 pela Sifted, marca líder de mídia sobre startups na Europa, feita com mais de 130 pessoas, indicou que 87% dos respondentes informaram que, em algum momento da carreira, trabalhar em uma startup teve impacto negativo em sua saúde mental. Desses, menos da metade sentiu que recebeu suporte da empresa para a qual trabalhava, enquanto 84% afirmaram que sofreram esgotamento mental em determinadas situações.

A mesma pesquisa revelou que, apesar disso, 58% dos trabalhadores se sentiam à vontade para conversar com seus chefes sobre problemas de saúde mental. O mercado de startups é conhecido por ser disruptivo e muitas vezes proporcionar uma gestão horizontal, que facilita uma cultura aberta de feedbacks. Esse facilitador tem sido fundamental para a busca crescente das startups por benefícios de saúde mental. Além disso, 92% dos brasileiros priorizam empresas que ofereçam subsídios para o cuidado mental, conforme levantamento da Global Learner Survey, Pearson.

Mas o caminho ainda é longo: no meio corporativo os transtornos mentais são responsáveis por 48% dos episódios de queda da produtividade (NIH) e 19% das pessoas pedem demissão por falta de equilíbrio entre a vida profissional e pessoal (FIA); e, por consequência, esses negócios sofrem com a perda produtiva e alta rotatividade.

Se os funcionários estão infelizes ou num episódio de sofrimento mental ou psicológico e isso não for percebido pelas lideranças, pode gerar desgaste emocional para o colaborador e as pessoas a sua volta, criando um efeito negativo em cascata que afeta diferentes indicadores. Pessoas que trabalham em equilíbrio tendem a ser mais produtivas, criativas e sociáveis, gerando ganhos para a empresa.

Essa relação de causa e consequência está despertando a atenção de founders e lideranças e provocando maior cuidado das startups que visam resiliência e preparo emocional, mesmo que essas startups ainda estejam absorvendo as informações e necessitem de tempo para aprender a lidar com elas.

Nesse contexto, a tecnologia surge como aliada na criação de ambientes de trabalho mais saudáveis capazes de identificar e tratar mais rapidamente situações como estresse, ansiedade, burnout e outros problemas que possam prejudicar o desenvolvimento das pessoas e equipes no ambiente de trabalho.

Dentre as ações possíveis estão a oferta de aplicativos de saúde mental, ações coletivas e coleta de dados em tempo real que podem ajudar a organização a lidar com a saúde mental dos trabalhadores. Campanhas internas, o oferecimento de subsídios para sessões terapêuticas online, momentos de descompressão e a promoção de palestras e treinamentos também são métodos de alto impacto.

Mas, mais do que estratégia, é preciso que as empresas reconheçam nas healthtechs de saúde mental a possibilidade de construir, em conjunto, uma cultura mais saudável capaz de apoiar, engajar e inspirar pessoas. Cabe reforçar que saúde mental é coisa séria, seja em pequenas ou grandes empresas, e a falta de subsídios, que apoiem o cuidado da mente dos funcionários em startups e a disponibilidade de recursos constantes, podem dificultar a busca pelo equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

Em suma, encontrar soluções eficazes que tornem o ambiente de trabalho mais saudável e ofereçam suporte emocional é fundamental para garantir o bem-estar das pessoas e para o sucesso da própria empresa, uma vez que as pessoas são peça-chave na jornada de crescimento e inovação das startups. Investir em plataformas de saúde mental tem sido uma solução relevante para as startups que desejam crescer em resultados e ajudar a desenvolver profissionais munidos de inteligência emocional, alinhamento cultural, adaptáveis a diferentes desafios, produtivos e resilientes — gerando um ciclo virtuoso nos negócios.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

ESG
Atualmente, 2,5% dos colaboradores da Pernambucanas se autodeclaram pessoas trans e 100% dos colaboradores trans da varejista disseram que se sentem seguros para ser quem são dentro da empresa.

Nivaldo Tomasio

5 min de leitura
Marketing
A integração entre indicadores de trade marketing e inteligência competitiva está redefinindo o jogo corporativo. Monitorar a execução no PDV, antecipar tendências e reagir com agilidade às mudanças do mercado não são mais diferenciais, mas exigências para a competitividade. Utilizar dados como fonte de insights estratégicos é o caminho para decisões mais rápidas, investimentos otimizados e resultados superiores.

Arthur Fabris

4 min de leitura
Liderança
O novo capítulo do mundo corporativo já começou a ser escrito. Sustentabilidade, transformação digital humanizada e agilidade diante das incertezas globais são os pilares que moldarão líderes visionários e organizações resilientes. Não basta acompanhar as mudanças; é preciso liderá-las com ousadia, responsabilidade e impacto positivo.

Luiz Soria

3 min de leitura
ESG
Apesar dos desafios históricos, as mulheres seguem conquistando espaço no setor de tecnologia, enfrentando a falta de representatividade, dificuldades de financiamento e preconceitos. Iniciativas como o W20 no G20, o PrograMaria e o RME Acelera impulsionam essa transformação, promovendo inclusão e igualdade de oportunidades.

Ana Fontes

4 min de leitura
Marketing
Segundo pesquisa do Instituto Qualibest, houve um aumento de 17 pontos percentuais no número de pessoas assistindo ao programa, em comparação à última edição. Vamos entender como o "ouro televisivo" ainda é uma arma potente de marketing brasileiro.

Carolina Fernandes

4 min de leitura
Gestão de Pessoas, Estratégia e execução, Gestão de pessoas

Lilian Cruz

5 min de leitura
Inovação
A inovação é uma jornada, não um destino. Evitar esses erros comuns é essencial para construir um caminho sólido rumo ao futuro. As empresas que conseguem superar essas armadilhas e adotar uma abordagem estratégica e sistêmica para a inovação terão uma vantagem competitiva significativa em um mundo cada vez mais dinâmico e imprevisível.

Guilherme Lopes

6 min de leitura
Empreendedorismo
Insights inovadores podem surgir de qualquer lugar, até mesmo de uma animação ou evento inesperado. Na NRF 2025, aprendemos que romper bolhas e buscar inspiração em outras áreas são passos essenciais para lideranças B2B que desejam encantar, personalizar e construir conexões humanas e estratégicas.

Fernanda Nascimento

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
O setor de Recursos Humanos enfrenta um momento crucial de transformação, equilibrando inovação tecnológica, diversidade e bem-estar para moldar uma cultura organizacional mais ágil, inclusiva e orientada ao futuro.

Daniel Campos Neto

4 min de leitura
ESG
Não importa se a sua organização é pequena, média ou grande quando se trata de engajamento por parte dos seus colaboradores com causas sociais

Simon Yeo

4 min de leitura