Vivemos nas empresas um permanente tsunami. Como acreditamos em organizações sustentáveis, temos de ser competitivos no curto, no médio e no longo prazos e, se possível, eternidade adentro.
Precisamos, então, nos concentrar em bater a meta do dia, a do mês, a do semestre, a do ano, reinventar processos, inovar produtos, gerenciar melhor os relacionamentos com clientes e fornecedores, e assim por diante. Nadar nesse tsunami vai deixando, na organização, feridas que recebem nomes diversos, como falta de engajamento, desconfiança, alto turnover, desalinhamento, feudos ou baixa sinergia –uma lista realmente longa.
Nos dois artigos anteriores, falamos de remédios para a falta de engajamento e desconfiança, mas existe um só medicamento, normalmente subutilizado talvez, que previne e combate variados males: o bom humor. Estamos falando de pessoas bem-humoradas, que pensam e agem de forma positiva, construindo relacionamentos saudáveis, olhando para frente e não para trás, e tratando os problemas como parte do processo de cura das feridas. Esse remédio começa a ser aplicado no processo de recrutamento e seleção: tem de ser proibido contratar pessoas mal-humoradas. Pode parecer uma decisão cruel, mas o fato é que todo mal-humorado é uma pessoa infeliz, que, portanto, não tem motivos e, por não tê-los, fica à espera de que seu entorno os providencie.
Quando um mal-humorado entra em um time organizacional, sua posição é sempre a mesma: “Já estou aqui, agora me motivem”. E, desnecessário dizer, ninguém consegue motivar uma pessoa que não tem os próprios motivos para estar naquele lugar –a não ser o motivo de receber o salário mensal. Como detectar mal-humorados em uma entrevista, circunstância em que geralmente se simula felicidade? Aprofunde os testes –dinâmicas de grupo para essa finalidade funcionam muito bem.
E, se o diagnóstico for infelicidade, não admita o candidato, por melhores as competências que ele pareça ter. A aplicação do remédio também depende de diagnóstico das pessoas infelizes que já fazem parte do time organizacional. Não é o caso de demitir, mas o de tratar: ao detectar um infeliz, mande-o imediatamente para um médico especializado; várias doenças do humor são bem conhecidas, dominadas e tratáveis.
Se o tratamento não tiver sucesso, significará que o mau humor é questão de personalidade, e aí a organização deve excluí-lo de seus quadros, sob pena de não curar os feridos do tsunami. Do outro lado, obviamente, as pessoas de natureza feliz devem ter reforço positivo; elas precisam de celebrações constantes. As celebrações cabem aos gestores, e o que observamos é que eles se esquecem de realizá-las ou as realizam apenas em momentos formais, o que, com certeza, não é o melhor caminho.
O gestor deve, isso sim, dar motivos para as pessoas celebrarem até sozinhas seus feitos, mesmo os pequenos, desde que sejam inéditos. Saiba que os mal-humorados também celebram, a seu modo: reúnem-se para falar mal dos colegas motivados, dos chefes, da empresa. Celebre primeiro, gestor, ou sofrerá as consequências.