Uncategorized

Índia: bilhão de ideias, bilhão de oportunidades

Felipe Zmoginski é fundador da Inovasia e ex-head de marketing do gigante chinês de buscas Baidu no Brasil, além de membro fundador da Associação Brasileira de Inteligência Artificial. Está organizando mais uma missão para a Índia, em abril próximo, com a Rethink.

Compartilhar:

“Pai, a internet aqui é uma droga.” A afirmação da estudante Jana Ambani, 26 anos, poderia ter sido dita em qualquer cidade brasileira, onde nem sempre é fácil e estável navegar na web usando uma rede mobile. Mas Jana fez a queixa no alto de um prédio de 23 andares com vista para o Mar da Arábia, residência luxuosa do homem mais rico da Índia, Mukesh Dhirubhai Ambani. A reclamação foi o estopim de um movimento que fez a Índia ser o país que mais inclui pessoas na internet em todo o mundo, pois o pai de Jana decidiu fundar a Jio, empresa de telefonia que instalou 2 milhões de antenas pelo país e cujos investimentos na expansão da rede 4G já superaram US$ 35 bilhões. 

 Essas antenas não só estão transformando os negócios de companhias como Google, Amazon e Walmart no país que terá a maior população do planeta em 2020, como também vêm fazendo florescer ali a terceira maior rede de startups do planeta, atrás apenas de Estados Unidos e China. 

Na Índia atual, o custo de 1 GB trafegado em redes 4G equivale a R$ 8,12, o que lhe permitiu  saltar de 120 milhões para 390 milhões de cidadãos conectados, segunda maior população online do mundo em termos absolutos. Isso não está apenas transformando a economia de grandes cidades como Mumbai e Bangalore, que abrigavam muitos call centers e viraram polos de desenvolvimento de software. Startups tech e de inovação não param de florescer.

**Unicórnios por todos os lados.** Segundo o site Techcrunch, a cada dia são formalizadas 9,7 mil startups na Índia, das quais 4,2 mil dedicam-se exclusivamente a setores de tecnologia, como blockchain, inteligência artificial, reconhecimento facial e interpretação de linguagem natural. Ao menos oito dessas startups já valem mais de US$ 1 bilhão e podem ser chamadas de “unicórnios”, seguindo o jargão dos investimentos. 

Entre as estrelas indianas está a FlipKart, e-commerce fundado por Sachin Bansal, no qual é possível fazer compras online e pagar em dinheiro vivo ao entregador, característica que permitiu driblar a baixa bancarização do país.  A empresa também inventou sua própria logística, enviando motoboys aos confins do Himalaia indiano para entregar roupas, eletrônicos e artigos esportivos em povoados isolados.  

Outro unicórnio é a fintech PayTM, que oferece dinheiro digital a centenas de milhões de cidadãos não bancarizados.

**Inovações na pobreza.** A soma de dificuldades econômicas e população gigantesca tem gerado soluções incríveis. Uma é o mamógrafo mais barato do mundo, sem radiação e com índices de acerto no diagnóstico similares aos obtidos pelos equipamentos de Alemanha e Suíça. A startup indiana IBreastExam criou um aparelho feito de cerâmica que emite sinais elétricos e obtém, como retorno, imagens em um smart­phone simples.  Além de barato, o exame é fácil de realizar – o treinamento dos técnicos é simples. Mais uma solução inovadora vem da startup Fluid AI, cujas soluções de inteligência artificial preveem quais clientes têm maior risco de crédito, quais tendem a fazer mais compras no varejo e que investimentos em marketing vão converter um número maior de vendas. 

A Índia está ultrapassando a China como a economia que mais cresce no mundo. Não é à toa.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Há um fio entre Ada Lovelace e o CESAR

Fora do tempo e do espaço, talvez fosse improvável imaginar qualquer linha que me ligasse a Ada Lovelace. Mais improvável ainda seria incluir, nesse mesmo

Marketing
Entenda por que 90% dos lançamentos fracassam quando ignoram a economia comportamental. O Nobel Daniel Kahneman revela como produtos são criados pela lógica, mas comprados pela emoção.

Priscila Alcântara

8 min de leitura
Liderança
Relatórios do ATD 2025 revelam: empresas skills-based se adaptam 40% mais rápido. O segredo? Trilhas de aprendizagem que falam a língua do negócio.

Caroline Verre

4 min de leitura
Liderança
Por em prática nunca é um trabalho fácil, mas sempre é um reaprendizado. Hora de expor isso e fazer o que realmente importa.

Caroline Verre

5 min de leitura
Inovação
Segundo a Gartner, ferramentas low-code e no-code já respondem por 70% das análises de dados corporativos. Entenda como elas estão democratizando a inteligência estratégica e por que sua empresa não pode ficar de fora dessa revolução.

Lucas Oller

6 min de leitura
ESG
No ATD 2025, Harvard revelou: 95% dos empregadores valorizam microcertificações. Mesmo assim, o reskilling que realmente transforma exige 3 princípios urgentes. Descubra como evitar o 'caos das credenciais' e construir trilhas que movem negócios e carreiras.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Empreendedorismo
33 mil empresas japonesas ultrapassaram 100 anos com um segredo ignorado no Ocidente: compaixão gera mais longevidade que lucro máximo.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Liderança
70% dos líderes não enxergam seus pontos cegos e as empresas pagam o preço. O antídoto? Autenticidade radical e 'Key People Impact' no lugar do controle tóxico

Poliana Abreu

7 min de leitura
Liderança
15 lições de liderança que Simone Biles ensinou no ATD 2025 sobre resiliência, autenticidade e como transformar pressão em excelência.

Caroline Verre

8 min de leitura
Liderança
Conheça 6 abordagens práticas para que sua aprendizagem se reconfigure da melhor forma

Carol Olinda

4 min de leitura
Cultura organizacional, Estratégia e execução
Lembra-se das Leis de Larman? As organizações tendem a se otimizar para não mudar; então, você precisa fazer esforços extras para escapar dessa armadilha. Os exemplos e as boas práticas deste artigo vão ajudar

Norberto Tomasini

4 min de leitura