Inovação, Marketing e vendas

Inovação em comunicação: uma tarefa nada simples e fácil

Como garantir a sustentabilidade das empresas de comunicação uma vez que elas são hospedeiras de plataformas que monetizam o conteúdo e devolvem o ônus da produção?
É PhD e pós-doutorando em Comunicação e Inovação (USP). Professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), é parecerista internacional e mentor Founder Institute. Autor de “Inovação em Comunicação no Brasil”, pioneiro na área.

Compartilhar:

Inovação em comunicação foi tema do meu PhD. Além de nortear meu pós-doutorado, o tema é o cerne do meu livro *Inovação em comunicação no Brasil*. Ao fazer parte da minha vida acadêmica e profissional há décadas, o tema também desafia e direciona o cotidiano de milhares de pessoas, empresas e setores. Contudo, a pauta da inovação em comunicação é pouco comentada no País.

Isso é curioso porque há uma impressão de que é tudo muito simples e fácil no campo da comunicação. Você quer inovar? Faça um vídeo diferente para o TikTok. Você quer fazer diferente? Então pense em stories curiosos para o Instagram. Alguém quer ser um especialista em algo? Crie um canal no YouTube. Longe de serem soluções milagrosas, essas impressões trazem mais sombras que luz.

Sempre afirmo em minhas aulas ou nos canais de comunicação que atuo: as mídias sociais são muito bacanas, mas você tem baixíssimo controle sobre ela. Por melhor que seja seu trabalho, você não define como e quando vai ser remunerado, se é que será remunerado, e ainda corre o risco de ver todo seu esforço ruir caso a plataforma seja descontinuada, por exemplo. Alguém se lembra do Orkut por acaso? Ao que tudo indica, o Facebook está no mesmo caminho.

Quando fiz minha pesquisa para o doutorado, procurei exemplos de startups pelo mundo que tenham feito sucesso na área de comunicação/marketing. Um dos meus resultados foi: nenhuma startup no mundo estrangeiro, e no Brasil não foi diferente, cresceu e se tornou referência utilizando-se de [plataformas de terceiros](https://mitsloanreview.com.br/post/como-competir-em-plataformas). Por quê? Simples, quem ganha é o terceiro, não você. Ao depender exclusivamente de outra empresa para desenvolver seu negócio, o empreendedor sequer será um empregado, mas um terceirizado que socializa seus bônus e assume sozinho muitos ônus.

Certamente que as mídias sociais trouxeram uma série de benefícios ao cidadão comum, como liberdade de escolha, possibilidade de criar seu próprio conteúdo, além de ampliar absurdamente as fontes de informação. Na mesma medida, contudo, as redes sociais contribuem para a ampliação de notícias falsas, deu voz a grupos que difundem mensagens apócrifas e ainda dificultou a monetização do produtor de conteúdo de qualidade, como é o caso do jornalismo profissional. Isto é, aquilo que aparentemente não tem custo, está cobrando um preço alto de todos nós.

## Regulamentação das novas mídias

Está em debate no Brasil, e já foi implementada em vários países pelo mundo, a regulamentação que obriga as novas mídias, como motores de busca e redes sociais, a pagar os veículos jornalísticos pelas notícias que circulam por essas plataformas. Alguns países, como o Canadá, estão indo além.

A proposta, que também vem sendo defendida em nosso país pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), não é pagar os veículos jornalísticos, mas criar um fundo para o jornalismo profissional. Esse fundo seria gerido por entidades da sociedade civil organizada, com independência editorial para fazer um jornalismo de utilidade pública.

Como isso não é simples e tampouco fácil, ainda há muito debate pela frente. O que é fato: inovação em comunicação, sobretudo na produção de conteúdo de qualidade, depende de monetização da informação, o que perpassa por fatores legais, culturais e tecnológicos. Mas isso é assunto para outro artigo.

*Gostou do artigo escrito pelo Lucas Vieira de Araújo? Saiba mais sobre inovação e negócios em comunicação assinando [nossas newsletters](https://www.revistahsm.com.br/newsletter) e ouvindo [nossos podcasts](https://www.revistahsm.com.br/podcasts) na sua plataforma de streaming favorita.*

Compartilhar:

Artigos relacionados

Uncategorized
22 de outubro de 2025
No setor de telecom, crescer sozinho tem limite - o futuro está nas parcerias que respeitam o legado e ampliam o potencial dos empreendedores locais.

Ana Flavia Martins - Diretora executiva de franquias da Algar

4 minutos min de leitura
Marketing & growth
21 de outubro de 2025
O maior risco do seu negócio pode estar no preço que você mesmo definiu. E copiar o preço do concorrente pode ser o atalho mais rápido para o prejuízo.

Alexandre Costa - Fundador do grupo Attitude Pricing (Comunidade Brasileira de Profissionais de Pricing)

5 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
20 de outubro de 2025
Nenhuma equipe se torna de alta performance sem segurança psicológica. Por isso, estabelecer segurança psicológica não significa evitar conflitos ou suavizar conversas difíceis, mas sim criar uma cultura em que o debate seja aberto e respeitoso.

Marília Tosetto - Diretora de Talent Management na Blip

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
17 de outubro de 2025
No Brasil, quem não regionaliza a inovação está falando com o país certo na língua errada - e perdendo mercado para quem entende o jogo das parcerias.

Rafael Silva - Head de Parcerias e Alianças na Lecom

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Tecnologia & inteligencia artificial
16 de outubro de 2025
A saúde corporativa está em colapso silencioso - e quem não usar dados para antecipar vai continuar apagando incêndios.

Murilo Wadt - Cofundador e diretor geral da HealthBit

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
15 de outubro de 2025
Cuidar da saúde mental virou pauta urgente - nas empresas, nas escolas, nas nossas casas. Em um mundo acelerado e hiperexposto, desacelerar virou ato de coragem.

Viviane Mansi - Conselheira de empresas, mentora e professora

3 minutos min de leitura
Marketing & growth
14 de outubro de 2025
Se 90% da decisão de compra acontece antes do primeiro contato, por que seu time ainda espera o cliente bater na porta?

Mari Genovez - CEO da Matchez

3 minutos min de leitura
ESG
13 de outubro de 2025
ESG não é tendência nem filantropia - é estratégia de negócios. E quando o impacto social é parte da cultura, empresas crescem junto com a sociedade.

Ana Fontes - Empreendeedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME

3 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Estratégia
10 de outubro de 2025
Com mais de um século de história, a Drogaria Araujo mostra que longevidade empresarial se constrói com visão estratégica, cultura forte e design como motor de inovação.

Rodrigo Magnago

6 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Liderança
9 de outubro de 2025
Em tempos de alta performance e tecnologia, o verdadeiro diferencial está na empatia: um ativo invisível que transforma vínculos em resultados.

Laís Macedo, Presidente do Future is Now

3 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)