Com o avanço da Covid-19, é provável que os idosos, identificados como um dos principais grupos de risco da doença, ainda precisem passar um bom tempo em casa, impedidos de circular livremente. Nesse contexto, uma das principais preocupações das famílias é com a saúde mental de seus pais e avós – e muitas vezes sem saberem de que armas podem dispor na luta contra males como a depressão e a perda de memória.
Sabe-se, por exemplo, que jogos de baralho e tabuleiro contribuem de forma significativa para que pessoas com mais de 70 anos apresentem resultados animadores em testes de memória e raciocínio. Pesquisa da Universidade de Edimburgo, na Escócia, divulgada no final de 2019, constatou que mesmo aqueles que passaram a jogar com mais frequência somente na terceira idade se beneficiaram dessa prática.
A maior novidade vem do desenvolvimento de plataformas de jogos digitais voltadas para os idosos. Muitas dessas pessoas já estão inseridas no mundo da tecnologia e podem ser atraídas para a cultura dos games, desde que haja produtos desenvolvidos especificamente para elas.
“Jogos digitais têm sido desenvolvidos especialmente para a população jovem, habituada a essas interações e com aprendizagem mais rápida. Adequar e proporcionar esse tipo de conteúdo aos idosos ainda é um desafio que,
se vencido, será um importante instrumento de inclusão social”, destaca Leandro do Amaral, diretor da Aptor Software.
Com apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), a Aptor vem desenvolvendo uma plataforma de jogos acessíveis para treinamento cognitivo de idosos. Amaral conta, em conversa com a publicação Pesquisa para Inovação, da própria entidade, que a oportunidade foi identificada a partir de uma pesquisa com cuidadores, que alertaram para as dificuldades dos idosos após períodos de internação.
“A maior dificuldade é entender a necessidade do idoso. Ele não pode se sentir frustrado por não conseguir jogar. Ao mesmo tempo, a experiência não deve ser entediante como acontece em games que não apresentam desafios”, destaca o diretor. Assim, a primeira etapa do projeto envolveu testes adaptativos com o objetivo de identificar e validar as melhores estratégias de jogos para apoiar a qualidade de vida das pessoas com mais de 60 anos. É recomendado, por exemplo, evitar movimentos muito rápidos durante o jogo, excesso de informações na tela, além de cuidar de detalhes como tamanho das letras, que deve ser maior do que o tradicionalmente empregado nos games destinados a outros públicos.