Estratégia e Execução

INOVAÇÃO para ajudar os REFUGIADOS

Aprenda com o IRC, organização de assistência humanitária que se reinventa desde 2013 para fazer a diferença em sua área

Compartilhar:

A crise dos refugiados é cada vez mais importante para o mundo – eles já são 21 milhões, contando apenas pessoas do Afeganistão, do Iraque e da Síria. David Miliband, CEO do International Rescue Committee (IRC) e ex-secretário de Relações Exteriores da Grã-Bretanha, define a causa dos refugiados como central em nossa era – um desastre geopolítico que se propaga além de fronteiras e ameaça os fundamentos da ordem internacional. 

Como atenuar o problema? Conforme Miliband contou à revista Fast Company, é necessário inovar, o que requer unir “a mentalidade de uma startup à maturidade de uma organização de 75 anos”. É o que o IRC vem fazendo desde que ele se tornou seu CEO, em 2013. Com a ajuda das mídias sociais e do data mining, Miliband incentiva sua equipe a adotar soluções específicas para reduzir o tempo de resposta em situações de emergência e aumentar a exatidão das pesquisas de campo. Também implementou uma cultura na qual até ideias geradas pelo mais subalterno dos funcionários causem tanto impacto quanto as do CEO. 

“É preciso pensar e agir com rapidez e eficiência, e as mudanças não podem ser superficiais, ou fracassamos”, afirma. Ou seja, as mudanças devem ser equilibradas e sustentadas por uma visão estratégica realista, de longo prazo. E, se no Vale do Silício o fracasso é como uma “medalha de honra”, indicando que um CEO sonhou grande, na arena da ajuda humanitária, fracasso significa fome, doença, vidas perdidas. 

A aposta do IRC na inovação é alta. Se ele achar soluções inovadoras para essa crise, provará de uma vez por todas a importância de correr riscos, até com vidas humanas em jogo. 

Criado em 1942, o IRC é um dos mais influentes grupos de Aprenda com o IRC, organização de assistência humanitária que se reinventa desde 2013 para fazer a diferença em sua área INOVAÇÃO assistência humanitária não governamental do mundo. Atua em mais de 40 países e tem programas assistenciais em áreas que vão de educação, saúde e ajuda jurídica a distribuição de água e proteção civil. Possui uma unidade própria de auxílio emergencial que pode chegar rapidamente a qualquer zona de desastre para atender os casos mais urgentes e permanecer na região até a situação se estabilizar. 

**PRIMEIROS MOVIMENTOS**

Em 2013, quando foi chamado pelo conselho do IRC, Miliband percebeu que a organização estava “estagnada”. Ele se recorda de ter perguntado aos conselheiros: “Vocês querem alguém que administre o IRC como está agora ou alguém que o conduza a um patamar mais alto?”. Recebeu carta branca para agir, e uma de suas primeiras ações como CEO foi implementar um software de comunicação interna e pedir aos funcionários que lhe contassem o que dava certo e o que dava errado no IRC. “Eu queria receber sugestões e críticas e que as pessoas se abrissem comigo”, diz ele. 

Quando o feedback chegou, Miliband e sua equipe prepararam um manifesto interno com os objetivos para os próximos anos: reduzir para 72 horas ou menos o tempo de resposta a emergências; aumentar o número de parcerias com outras organizações sem fins lucrativos para expandir o raio de ação; ampliar os tipos e a quantidade de pesquisas orientadas por dados que o IRC realiza e que indicam onde é necessário atuar. 

Depois disso, a instituição criou um laboratório independente de pesquisa e desenvolvimento, no qual se desenvolvem tecnologias que vão de detectores de má nutrição usados por enfermeiras na África a softwares educacionais para escolas de campos de refugiados. 

Desde então, as mudanças têm sido enormes para uma organização que andava dormente. A empresa de produtos digitais Tigerspike está desenvolvendo o software Costing Tool para uso dos gerentes de projeto do IRC. O programa recebe informações sobre custos e despesas, analisa os números e sugere como alocar melhor os recursos ou cortar o que é ineficiente. Assim, os gestores podem analisar seus projetos sem precisar consultar um economista para saber o que funciona ou não. 

**Parceria no Brasil** 

Recentemente o IRC realizou, com acadêmicos de Yale e da Universidade de Brasília, um estudo sobre auxílio financeiro emergencial com cartões magnéticos que podem ser recarregados mensalmente, semelhantes aos que o governo dos EUA e o do Brasil (com o Bolsa-Família) usam para distribuir benefícios sociais. 

**MÉTRICA**

Miliband se sente intimidado pelo tamanho da tarefa enfrentada? “Se olhar só as estatísticas, sim. Mas, ao conversar com as pessoas, tudo muda: lembro que precisamos representar esperança.”

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

Empreendedorismo
Alinhando estratégia, cultura organizacional e gestão da demanda, a indústria farmacêutica pode superar desafios macroeconômicos e garantir crescimento sustentável.

Ricardo Borgatti

5 min de leitura
Empreendedorismo
A Geração Z não está apenas entrando no mercado de trabalho — está reescrevendo suas regras. Entre o choque de valores com lideranças tradicionais, a crise da saúde mental e a busca por propósito, as empresas enfrentam um desafio inédito: adaptar-se ou tornar-se irrelevantes.

Átila Persici

8 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A matemática, a gramática e a lógica sempre foram fundamentais para o desenvolvimento humano. Agora, diante da ascensão da IA, elas se tornam ainda mais cruciais—não apenas para criar a tecnologia, mas para compreendê-la, usá-la e garantir que ela impulsione a sociedade de forma equitativa.

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
ESG
Compreenda como a parceria entre Livelo e Specialisterne está transformando o ambiente corporativo pela inovação e inclusão

Marcelo Vitoriano

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O anúncio do Majorana 1, chip da Microsoft que promete resolver um dos maiores desafios do setor – a estabilidade dos qubits –, pode marcar o início de uma nova era. Se bem-sucedido, esse avanço pode destravar aplicações transformadoras em segurança digital, descoberta de medicamentos e otimização industrial. Mas será que estamos realmente próximos da disrupção ou a computação quântica seguirá sendo uma promessa distante?

Leandro Mattos

6 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Entenda como a ReRe, ao investigar dados sobre resíduos sólidos e circularidade, enfrenta obstáculos diários no uso sustentável de IA, por isso está apostando em abordagens contraintuitivas e na validação rigorosa de hipóteses. A Inteligência Artificial promete transformar setores inteiros, mas sua aplicação em países em desenvolvimento enfrenta desafios estruturais profundos.

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
Liderança
As tendências de liderança para 2025 exigem adaptação, inovação e um olhar humano. Em um cenário de transformação acelerada, líderes precisam equilibrar tecnologia e pessoas, promovendo colaboração, inclusão e resiliência para construir o futuro.

Maria Augusta Orofino

4 min de leitura
Finanças
Programas como Finep, Embrapii e a Plataforma Inovação para a Indústria demonstram como a captação de recursos não apenas viabiliza projetos, mas também estimula a colaboração interinstitucional, reduz riscos e fortalece o ecossistema de inovação. Esse modelo de cocriação, aliado ao suporte financeiro, acelera a transformação de ideias em soluções aplicáveis, promovendo um mercado mais dinâmico e competitivo.

Eline Casasola

4 min de leitura
Empreendedorismo
No mundo corporativo, insistir em abordagens tradicionais pode ser como buscar manualmente uma agulha no palheiro — ineficiente e lento. Mas e se, em vez de procurar, queimássemos o palheiro? Empresas como Slack e IBM mostraram que inovação exige romper com estruturas ultrapassadas e abraçar mudanças radicais.

Lilian Cruz

5 min de leitura
ESG
Conheça as 8 habilidades necessárias para que o profissional sênior esteja em consonância com o conceito de trabalhabilidade

Cris Sabbag

6 min de leitura