Direto ao ponto

Insights da HSM Expo 2021

A 1ª edição presencial de um evento nível latam na pandemia discutiu desafios da volta

Compartilhar:

A esperança foi a chave da HSM Expo 2021, numa mistura de 350 atividades hands-on (mentorias, pitches etc.) e 80 horas de palestras de alto nível, como a de Habib Frost, médico dinamarquês que fundou a startup Neurescue para, com sensores, robótica e edição genética, eliminar doenças que vão de obesidade a asma e hipertensão. O evento, realizado em dezembro último com total segurança, traçou uma agenda:

__Cultura de saúde no trabalho.__ “Precisamos construir uma cultura de saúde nas empresas”, conclamou Jeffrey Pfeffer, professor de Stanford, um dos maiores especialistas mundiais em liderança. Os chefes, segundo ele, têm mais impacto sobre a saúde das pessoas do que os médicos, e ainda não há total consciência disso. E a saúde tem impacto econômico gigantesco. Pfeffer citou a Pesquisa Nacional de Saúde Brasileira, segundo a qual mais de 70% dos profissionais do País afirmam ter sintomas leves, moderados ou altos de burnout. Ele fez um alerta: se um chefe tóxico faz o ambiente de trabalho ser tóxico, você deve sair imediatamente, “como sairia de um ambiente cheio de fumaça”.

__O Brasil precisa inovar.__ No Palco Revista HSM, o climatologista Carlos Nobre, que recebeu o prêmio Nobel da Paz em 2007 com o IPCC, apresentou seu projeto Amazônia 4.0 (Rainforest Business School, biofábricas e centro de pesquisas em parceria com o MIT): “O Brasil acostumou-se a copiar o que outros países fazem, mas não há país do qual copiar uma bioeconomia. Teremos de ser pioneiros”. E estamos atrasados: até a Alemanha explora economicamente sua (pouca) biodiversidade melhor do que o Brasil. Exploração sustentável, inteligente – é claro.

__Quer reter clientes? Siga as startups.__ Guilherme Horn, empreendedor, investidor e VP do BV, contou que as startups geram com seus clientes um LTV (lifetime value) que é dez vezes o custo de aquisição, quando o mercado consegue três vezes. Elas entendem que as marcas são amadas quando as coisas dão errado, substituem tecnologia por gente sempre que preciso e antecipam a próxima tecnologia – agora, assistentes de voz.

__Mundo venture!__ Painel com Rodolfo Chung (Zé Delivery), Franklin Luzes (Microsoft Participações) e Milena Fonseca (Ace Cortex) discutiu corporate venture e venture building, só ou acompanhado, e atestou: não investir não é mais opção.

__Distribua a liderança.__ Não precisa ter cargo de líder (técnico, capitão, chefe) para liderar. Precisa é ter visão coletiva, defender causas, ousar ir contra a corrente e se expor. Quem disse? O tetracampeão de futebol em 1994 Mauro Silva, a tenista Patricia Medrado (ex-top 10 do ranking mundial de duplas) e Pedro Chiamulera (atleta olímpico de corrida com barreiras – sua ClearSale fez IPO em 2021).

__Relacionamento também vacina.__ Esther Perel, terapeuta e apresentadora do podcast “Where Should We Begin?”, trouxe a palavra que definiu a pandemia: “languish” (em português, algo como “apatia”). Então, diagnosticou e receitou: é causada pela falta de relações sociais e tratada com o cultivo proativo dessas relações.

__China.__ Imagine escanear o outdoor de um produto com seu celular na rua e, quando você chegar em casa, ele já foi entregue. Isso já está acontecendo no país que virou o farol do e-commerce do mundo. Porter Erisman dividiu várias lições que aprendeu no Alibaba Group enquanto foi seu VP americano (2000-2008), como estas: (1) eles não fazem benchmarking com outras empresas; olham para o cliente e constroem a operação a partir dele e (2) venda online é diferente da feita em loja física; precisa ser divertida – na China é, tanto que o marketplace gera até casamentos. Para Erisman, a inovação no e-commerce está só no início, mas ele sugeriu que o Brasil não copie nem a China nem ninguém: “Olhem para seus clientes”

Compartilhar:

Artigos relacionados

Há um fio entre Ada Lovelace e o CESAR

Fora do tempo e do espaço, talvez fosse improvável imaginar qualquer linha que me ligasse a Ada Lovelace. Mais improvável ainda seria incluir, nesse mesmo

Carreira, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
A área de gestão de pessoas é uma das mais capacitadas para isso, como mostram suas iniciativas de cuidado. Mas precisam levar em conta quatro tipos de necessidades e assumir ao menos três papéis

Natalia Ubilla

3 min de leitura
Estratégia
Em um mercado onde a reputação é construída (ou desconstruída) em tempo real, não controlar sua própria narrativa é um risco que nenhum executivo pode se dar ao luxo de correr.

Bruna Lopes

7 min de leitura
Liderança
O problema está na literatura comercial rasa, nos wannabe influenciadores de LinkedIn, nos só cursos de final de semana e até nos MBAs. Mas, sobretudo, o problema está em como buscamos aprender sobre a liderança e colocá-la em prática.

Marcelo Santos

8 min de leitura
ESG
Inclua uma nova métrica no seu dashboard: bem-estar. Porque nenhum KPI de entrega importa se o motorista (você) está com o tanque vazio

Lilian Cruz

4 min de leitura
ESG
Flexibilidade não é benefício. É a base de uma cultura que transformou nossa startup em um caso real de inclusão sem imposições, onde mulheres prosperam naturalmente.

Gisele Schafhauser

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O futuro da liderança em tempos de IA vai além da tecnologia. Exige preservar o que nos torna humanos em um mundo cada vez mais automatizado.

Manoel Pimentel

7 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Setores que investiram em treinamento interno sobre IA tiveram 57% mais ganhos de produtividade. O segredo está na transição inteligente.

Vitor Maciel

6 min de leitura
Empreendedorismo
Autoconhecimento, mentoria e feedback constante: a nova tríade para formar líderes preparados para os desafios do trabalho moderno

Marcus Vaccari

6 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Se seu atendimento não é 24/7, personalizado e instantâneo, você já está perdendo cliente para quem investiu em automação. O tempo de resposta agora é o novo preço da fidelização

Edson Alves

4 min de leitura
Inovação
Enquanto você lê mais um relatório de tendências, seus concorrentes estão errando rápido, abolindo burocracias e contratando por habilidades. Não é só questão de currículos. Essa é a nova guerra pela inovação.

Alexandre Waclawovsky

8 min de leitura