O ano era 2001, as pessoas lotavam o cinema para assistir um filme sobre a relação homem-máquina em um futuro hipotético e indeterminado no qual a terra tinha passado por transformações ambientais. O sonho deste filme nasceu com o genial [Stanley Kubrick](https://pt.wikipedia.org/wiki/Stanley_Kubrick), que foi diretor e roteirista de grandes filmes como 2001: Uma Odisséia no Espaço (1968). Como não havia tecnologia suficiente na época, o projeto foi realizado posteriormente pelo premiado [Steven Spielberg](https://pt.wikipedia.org/wiki/Steven_Spielberg).
O filme “[A. I. – Inteligência Artificial](https://pt.wikipedia.org/wiki/A.I._-_Intelig%C3%AAncia_Artificial)” foi certamente a primeira vez que uma geração teve conhecimento do conceito de Inteligência Artificial (I.A.) e a ideia de que máquinas poderiam “pensar” e tomar decisões parecia algo de um futuro longínquo ou de ficções científicas como esta obra de Spielberg. Vinte e três anos depois, nunca se falou tanto no termo e passamos a conviver diariamente com a I.A. Ainda não com um menino robô como o David do filme, mas com diversas ferramentas e máquinas.
Segundo a própria I.A. ([ChatGPT](https://chat.openai.com/)), a “Inteligência Artificial busca criar máquinas que possam agir de forma inteligente, tomando decisões e resolvendo problemas de maneira semelhante aos seres humanos”. E os humanos estão vendo esta tecnologia como um novo ponto de disrupção no mercado:
“A visão que tenho e que tem alguns outros especialistas no mercado vêm repetindo é que a mudança que a inteligência artificial vai provocar no mercado é maior do que a mudança que a internet e o smartphone provocaram. Foram tecnologias que trouxeram muitas novas possibilidades. A inteligência artificial vai trazer possibilidades em um patamar superior a essas outras duas tecnologias”, destaca [Guilherme Castro](https://www.google.com/url?q=https://www.linkedin.com/in/gbcastro/&sa=D&source=docs&ust=1713788412973731&usg=AOvVaw3ocz1CwXEDHZJ4L3YM4qEn), CEO e Co-fundador na Cromai, uma agtech premiada em inteligência artificial para o manejo agronômico.
# Inteligência Artificial na Agropecuária
Uma fazenda é composta por uma quantidade relevante de hectares, animais, funcionários, maquinários e está suscetível a variações climáticas, no solo, pragas e doenças. Os produtores precisam diariamente tomar decisões de manejo e, até então, possuíam pouca informação de diferentes pontos da fazenda, seja de cada talhão, currais, piquetes, entre outros.
A produtividade agropecuária depende da efetividade destas operações dentro da porteira e também da volatilidade de mercado, principalmente o câmbio, preço de venda das commodities e dos combustíveis. São muitas variáveis e riscos envolvidos e que hoje são transformados em uma enorme quantidade de dados. Há muita informação disponível, mas como analisá-la com tempo e efetividade? Na era do Big Data, o processamento humano de dados torna-se cada vez mais difícil.
Segundo [Leonardo Carvalho](https://www.google.com/url?q=https://www.linkedin.com/in/leocarvalhoo/&sa=D&source=docs&ust=1713788412974331&usg=AOvVaw3E4_t-kAElxmMPp_Uxi-CD), que é Chefe de Estratégia Global da Solinftec, “a Inteligência Artificial (IA) está revolucionando a agricultura, permitindo monitorar e analisar dados em tempo real para tomar decisões instantaneamente, como identificar doenças ou pragas e realizar aplicações localizadas antes mesmo de disseminar o problema. Isso facilita o planejamento, a definição de estratégias e a tomada de decisões sobre a lavoura”.
Neste contexto, a I.A. surge para melhorar a tomada de decisão. Dados da 27ª edição da [Global CEO Survey](https://www.pwc.com.br/pt/estudos/preocupacoes-ceos/ceo-survey/2024/27_CEO_SURVEY.pdf) da PwC (2024), que ouviu líderes do agronegócio em mais de 100 países, constatou que 71% dos CEOs consideram que a utilização de Inteligência Artificial vai aumentar a eficiência de trabalho.
Com o aumento da adesão da I.A. na agropecuária, o [MarketsandMarkets](https://www.marketsandmarkets.com/Market-Reports/ai-in-agriculture-market-159957009.html) projeta que este mercado irá crescer de US$1,7 bilhão em 2023 para US$4,7 bilhões até 2028, um crescimento do CAGR (taxa de crescimento anual composta) de 23,1% em apenas 5 anos.
Há diversas possibilidades de aplicação da I.A. no agronegócio, da fazenda ao varejo. “Na minha visão, a inteligência artificial no agro estará relacionada com todas as atividades e todos os processos de campo, tanto diretamente quanto indiretamente. Desde o fornecimento de insumos até o processo pós-colheita”, considera Guilherme Castro. Mais de 75 milhões de imagens e 600 mil amostras de impurezas vegetais foram analisadas pelo sistema da Cromai, permitindo uma economia de até 65% dos defensivos contra ervas daninhas. Com estes resultados, no início do ano a empresa recebeu um investimento de R$17 milhões da TOTVS.
Na Solinftec, um dos grandes destaque é o Solix, um robô autônomo e movido a energia solar que faz um raio-x completo da lavoura antes de qualquer ação e aplica herbicida com precisão, de até 95% do uso de herbicidas em fase de pós-emergência e 92% em operações de dessecação e pré-plantio. A empresa, que captou R$150 milhões em certificados de recebíveis do agronegócio (CRA) recentemente, pretende chegar a 130 máquinas em operação no Brasil e Estados Unidos até o final do ano.
![Solix Ag Robotics – Foto: Solinftec](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/49hlynu0egcQMbmRUQnBZx/05576df2a0dfec6521173c96bfa129a1/solinftec.jpg)
“Por meio do robô Solix, a Solinftec tem colocado toda sua experiência de 17 anos convivendo ao lado do produtor, coletando dados de qualidades e possibilitando mais que insights, ação em tempo real. A I.A. da Solinftec utiliza todas as soluções já desenvolvidas como base de decisão, desde monitoramento de frotas, logística, rastreabilidade, clima dentre outras, todas desenvolvidas internamente com o foco no aumento de produtividade e tornando o produtor mais sustentável” detalha Leonardo Carvalho.
Na próxima edição da coluna da Rural Ventures, vamos explorar com mais detalhes a aplicação da Inteligência Artificial para monitoramento, clima, melhoramento genético e gerenciamento da produção.
*Texto por[Juliana Chini](https://www.linkedin.com/in/julianachini/), membro da Rural Insights, fundadora da Newsletter Sementis Tech, Blog da Carne, colunista na FutureCom Digital e gerente de marketing sênior LatAm na Arable.*