Uncategorized

Inteligência Artificial: um guia prático

Ela fará cada vez mais parte de nossas vidas e, ao invés de temê-la, é preciso antes compreendê-la

Compartilhar:

Hoje, pode ser difícil entender o significado e o impacto potencial que a inteligência artificial (IA) tem para a humanidade. Da Siri ao Watson da IBM, até mesmo os robôs assassinos de Hollywood, não fica claro o que devemos esperar dessa tecnologia exponencial.

O que fica claro, porém, é que produtos e serviços turbinados por IA estarão em quase tudo de nossas vidas pessoais e profissionais em alguns anos. E conforme soluções de IA continuem a surgir e convergir, esse ritmo de mudança segue acelerando. É fácil encontrar cenários de um futuro utópico de abundância, no qual máquinas fazem todo tipo de trabalho pesado, assim como cenários melancólicos, em que o desemprego explode conforme trabalhadores são substituídos por máquinas cada vez mais capacitadas.

Com um progresso tão rápido, é difícil fazer suposições sobre o futuro da IA. Mas em vez de focar o desconhecido, podemos examinar o que sabemos sobre o tema, suas aplicações atuais e o impacto futuro potencial. Vamos lá?

**AFINAL, DO QUE SE TRATA?**

IA é um termo guarda-chuva para um ramo da ciência da computação focado em criar máquinas capazes de pensar e aprender. Com base em experiências, as IAs aprendem a tomar decisões melhores. Essa capacidade tanto de aprender como de aplicar o conhecimento imita de perto a forma como seres humanos entendem o mundo e permite às máquinas realizar tarefas que antes só eram possíveis por mentes humanas. A seguir, algumas dessas tarefas:

• Solução de problemas complexos.

• Interpretação visual (visão computacional).

• Reconhecimento de voz.

Essas habilidades são adquiridas por um conjunto de algoritmos que usam lógica e matemática para desempenhar as tarefas atribuídas à IA. Então, basicamente, são códigos que rodam em software nos mais diversos tipos de hardware – diferentemente do cérebro humano.

Por isso é tão difícil entender, e também é o que torna a IA tão poderosa. A capacidade de acrescentar uma camada de IA em praticamente toda tecnologia significa que, conforme a IA evolui, o mundo à nossa volta vai ficar cada vez mais vivo. Esse “despertar” vai alterar drasticamente a vida como a conhecemos.

**COMO FUNCIONA?**

Semelhante à inteligência humana, a IA funciona reunindo grandes quantidades de dados, processando-os por meio de algoritmos ajustados por experiências passadas e usando padrões encontrados nos dados para melhorar a tomada de decisão. Para simular a inteligência humana dessa maneira, os engenheiros de IA fornecem às suas máquinas a capacidade de:

• Perceber o ambiente circundante (o que pode ser simplesmente dados).

• Detectar padrões no ambiente.

• Aprender com os padrões e atualizar a memória experimental.

Em seguida, essas etapas são repetidas até que haja dados suficientes para fazer previsões com confiança e apoiar a tomada de decisões.

Os seres humanos precisam atender a várias necessidades pessoais. Também somos criaturas bastante teimosas e com hábitos arraigados – muitas mudanças nos deixam desconfortáveis. E, quando diante de novas informações e experiências, tendemos a deixar que os preconceitos nos impeçam de tomar as decisões mais razoáveis e lógicas. Máquinas não sofrem de nada disso. Para a maioria dos propósitos, são capazes de funcionar indefinidamente, permitindo que as IAs processem e detectem padrões em grandes quantidades de dados sem fadiga mental.

As IAs estão constantemente aprimorando a compreensão do ambiente, atualizando sua “perspectiva” da realidade e a probabilidade de suas previsões sem se apegar a ideias antigas. Algumas pessoas acham essa lógica fria a parte mais aterradora da IA; no entanto, é também o que lhes permite encontrar soluções que os humanos podem não reconhecer.

O conceito de IA existe desde 1955, mas seu crescimento explodiu nos últimos anos devido aos três fatores seguintes:

• Poder de computação consideravelmente maior;

• Conjuntos de dados enormes e baratos;

• Avanços no campo do aprendizado por máquinas.

Mas o poder da computação por si só não teria avançado tanto se não fosse por duas tecnologias principais que suportam a IA: big data (que são os grandes conjuntos de dados hoje coletados pelos aplicativos do mundo digital) e o aprendizado por máquina.

**COMO A IA AFETA NOSSAS VIDAS?**

Geralmente, são as aplicações mais poderosas e comuns da IA as que mais nos afetam, como aquelas que manipulam pesquisas no Google, desviam o spam de sua caixa de entrada e selecionam os anúncios que você vê no mundo digital. As IAs identificam pessoas nas suas fotos do Facebook e recomendam os produtos que você compra na Amazon.

Não importa onde você mora e trabalha, uma coisa é certa: cada vez mais a infraestrutura tecnológica da nossa sociedade é alimentada por IA. Embora muitas IAs sejam fáceis de ignorar, porque não falam conosco como a Siri e nem realizam tarefas como dirigir nossos Teslas, elas trabalham constantemente nos bastidores, executando funções como reconhecimento de padrões, solução de problemas, relatórios e otimização de processos.

**QUAIS OS RISCOS E OS BENEFÍCIOS ASSOCIADOS À IA?**

O senso comum afirma que ferramentas de IA são essencialmente neutras e podem ser usadas para o bem ou para o mal, dependendo das intenções do usuário. Embora a IA seja única, estamos construindo-a para ser capaz de desenvolver seu próprio aprendizado; então é realista esperar que, no futuro próximo, a IA seja moldada pela orientação de seus criadores humanos.

Podemos dizer com certeza que a IA é uma ferramenta tão profunda que seu impacto marca uma verdadeira mudança de paradigma global, semelhante às revoluções provocadas pelo desenvolvimento da agricultura, da escrita e da manufatura.

**QUAIS AS PRINCIPAIS TENDÊNCIAS EM IA?**

À medida que o desenvolvimento e a aplicação da IA evoluem a um ritmo sem precedentes, algumas tendências importantes começaram a surgir. Talvez as tendências mais significativas envolvam aplicativos de deep learning que demonstraram desempenho excepcional competindo contra humanos em jogos como Jeopardy e Go. O mercado de trabalho também reflete esse crescimento claramente. De 2015 a 2017, por exemplo, observamos um aumento de 35 vezes nas vagas publicadas que exigem habilidades de deep learning. E, em 2019, a demanda continua aumentando.

Um dos motivos do forte crescimento da IA é a convergência com outras tecnologias, no caso, Internet das Coisas (IoT) e computação de ponta, estratégia projetada para aumentar o desempenho, alavancando o poder de processamento dos data centers e dos dispositivos locais. O objetivo é permitir que os dispositivos respondam de maneirra mais rápida, processando mais informações localmente, em vez de enviar as comunicações para a nuvem. 

**QUAL O FUTURO DA IA?**

A Singularidade costuma ser definida como o ponto em que a tecnologia exponencial cruza o limiar da “IA forte” e máquinas têm uma inteligência ampla que excede os níveis humanos. É um conceito compreensivelmente difícil de muitos de nós aceitarmos, porque a Singularidade também representa o ponto em que inteligência humana e IA se mesclam.

No caminho para essa fusão, a inteligência humana será submetida a uma ampla integração com a IA, gerando uma relação simbiótica na qual IAs são empoderadas pelo talento humano do pensamento criativo e lateral, e humanos são empoderados pela memória quase infalível e o processamento veloz da IA. Então é muito provável que a IA será integrada a quase todo sistema eletrônico – e também a quase toda pessoa.

Nenhum de nós pode prever o futuro, nem podemos nos insurgir contra a onda de mudança estimulada pela IA e outras tecnologias exponenciais. Porém, podemos fazer o melhor possível para aprender sobre essas tecnologias, compreender as oportunidades inerentes e aplicá-las para resolver os maiores desafios globais. Talvez o maior erro que possamos cometer em relação à IA é subestimar seu impacto e seu rápido crescimento.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

ESG
No mundo corporativo, onde a transparência é imperativa, a Washingmania expõe a desconexão entre discurso e prática. Ser autêntico não é mais uma opção, mas uma necessidade estratégica para líderes que desejam prosperar e construir confiança real.

Marcelo Murilo

8 min de leitura
Empreendedorismo
Em um mundo onde as empresas têm mais ferramentas do que nunca para inovar, por que parecem tão frágeis diante da mudança? A resposta pode estar na desconexão entre estratégia, gestão, cultura e inovação — um erro que custa bilhões e mina a capacidade crítica das organizações

Átila Persici

0 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A ascensão da DeepSeek desafia a supremacia dos modelos ocidentais de inteligência artificial, mas seu avanço não representa um triunfo da democratização tecnológica. Embora promova acessibilidade, a IA chinesa segue alinhada aos interesses estratégicos do governo de Pequim, ampliando o debate sobre viés e controle da informação. No cenário global, a disputa entre gigantes como OpenAI, Google e agora a DeepSeek não se trata de ética ou inclusão, mas sim de hegemonia tecnológica. Sem uma governança global eficaz, a IA continuará sendo um instrumento de poder nas mãos de poucos.

Carine Roos

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A revolução da Inteligência Artificial está remodelando o mercado de trabalho, impulsionando a necessidade de upskilling e reskilling como estratégias essenciais para a competitividade profissional. Empresas como a SAP já investem pesadamente na requalificação de talentos, enquanto pesquisas indicam que a maioria dos trabalhadores enxerga a IA como uma aliada, não uma ameaça.

Daniel Campos Neto

6 min de leitura
Marketing
Empresas que compreendem essa transformação colhem benefícios significativos, pois os consumidores valorizam tanto a experiência quanto os produtos e serviços oferecidos. A Inteligência Artificial (IA) e a automação desempenham um papel fundamental nesse processo, permitindo a resolução ágil de demandas repetitivas por meio de chatbots e assistentes virtuais, enquanto profissionais se concentram em interações mais complexas e empáticas.

Gustavo Nascimento

4 min de leitura
Empreendedorismo
Pela primeira vez, o LinkedIn ultrapassa o Google e já é o segundo principal canal das empresas brasileiras. E o seu negócio, está pronto para essa nova era da comunicação?

Bruna Lopes de Barros

5 min de leitura
ESG
O etarismo continua sendo um desafio silencioso no ambiente corporativo, afetando tanto profissionais experientes quanto jovens talentos. Mais do que uma questão de idade, essa barreira limita a inovação e prejudica a cultura organizacional. Pesquisas indicam que equipes intergeracionais são mais criativas e produtivas, tornando essencial que empresas invistam na diversidade etária como um ativo estratégico.

Cleide Cavalcante

4 min de leitura
Empreendedorismo
A automação e a inteligência artificial aumentam a eficiência e reduzem a sobrecarga, permitindo que advogados se concentrem em estratégias e no atendimento personalizado. No entanto, competências humanas como julgamento crítico, empatia e ética seguem insubstituíveis.

Cesar Orlando

5 min de leitura
ESG
Em um mundo onde múltiplas gerações coexistem no mercado, a chave para a inovação está na troca entre experiência e renovação. O desafio não é apenas entender as diferenças, mas transformá-las em oportunidades. Ao acolher novas perspectivas e desaprender o que for necessário, criamos ambientes mais criativos, resilientes e preparados para o futuro. Afinal, o sucesso não pertence a uma única geração, mas à soma de todas elas.

Alain S. Levi

6 min de leitura
Carreira
O medo pode paralisar e limitar, mas também pode ser um convite para a ação. No mundo do trabalho, ele se manifesta na insegurança profissional, no receio do fracasso e na resistência à mudança. A liderança tem papel fundamental nesse cenário, influenciando diretamente a motivação e o bem-estar dos profissionais. Encarar os desafios com autoconhecimento, preparação e movimento é a chave para transformar o medo em crescimento. Afinal, viver de verdade é aceitar riscos, aprender com os erros e seguir em frente, com confiança e propósito.

Viviane Ribeiro Gago

4 min de leitura