Empreendedorismo

Inteligência de negócios para empreendedores

Antes de pensar na contratação de tecnologia para criação de painéis e acompanhamento de indicadores, é necessário construir uma cultura de gestão e análise de dados coerentes com os objetivos da organização
Empreendedor da área de tecnologia e fundador da Bird Intelligence, empresa especializada em BI. Atuou por 15 anos como gerente de TI, tendo implementado diversas soluções de ERP e BI. É fã da Harley Davidson, apaixonado pelo Clube Atlético Mineiro e membro da Confraria do Empreendedor.

Compartilhar:

Sempre falo para minha equipe que, para tomar uma decisão, preciso da informação correta, mesmo que seja em papel de pão. Depois evoluímos para uma planilha e, por fim, implementamos uma solução de Business Intelligence (BI).

Uma das maiores dificuldades do gestor é ter a informação a tempo e a hora. Se tiver que ficar fazendo conta, não vale a pena: perdemos o timing e corremos o risco de tomar uma decisão inadequada. Informação truncada e descontextualizada mais atrapalha do que ajuda.

As PMEs normalmente trabalham sob o fio da navalha e com base no instinto do dono, não há muito tempo para se aprofundar nas análises. Normalmente, o empreendedor toma decisões com base em sua experiência empírica do negócio. Na medida em que a empresa cresce e o empreendedor não está mais tão próximo da operação, eventualmente uma decisão baseada em feeling pode ser acertada, mas, sem a clareza de dados, possivelmente não será a melhor.

Em seu livro *Small Data*, o dinamarquês Martin Lindstrom, diz que “os [dados gerais podem ser muito precisos](https://www.revistahsm.com.br/post/o-poder-da-analise-de-dados-na-era-da-informacao), mas costumam perder sua validade quando os humanos costumam entrar em cena, agindo… como seres humanos”. Para ajudar o empreendedor a tomar decisões mais assertivas, com base em dados, existem soluções muito inteligentes, tais como o BI, uma ferramenta que proporciona painéis de indicadores estratégicos de desempenho.

## Entendendo o BI
As soluções de BI coletam e processam os dados disponíveis na organização – sejam eles [textos, planilhas, sistemas ou bancos de dados](https://www.revistahsm.com.br/post/da-alfabetizacao-de-dados-a-alfabetizacao-emocional) – e os convertem em formatos de fácil interpretação, tais como gráficos e painéis, facilitando drasticamente a vida de quem está analisando a informação.

Ao adotar o BI em seus negócios, o empreendedor passa a contar com um grande aliado que o ajudará a identificar onde estão os problemas da sua empresa, seja na área operacional, comercial ou administrativa. Para ilustrar, pense em um indicador da área comercial, no qual podem ser obtidas informações como volume de vendas por região, por vendedor, ticket médio, etc.

Ao reunir dados sobre a operação e organizá-la em uma ferramenta de BI, será possível identificar que determinado vendedor está vendendo muito produto com baixa margem de contribuição ou identificar qual produto que tem mais saída – e, assim, pensar em estratégias comerciais a partir daí. Tudo de uma forma visualmente atrativa e baseado em informações coletadas diretamente da fonte.

## Superando obstáculos para a utilização do BI em PMEs
Apesar de o BI estar sendo amplamente utilizado nas organizações, existe um tabu para o uso da tecnologia pelas pequenas e médias empresas. Um dos principais obstáculos à adesão do BI é financeiro. Quando se fala em adquirir uma licença software, logo se pensa em desembolsar um valor incompatível com a [realidade do empreendedor](https://www.revistahsm.com.br/post/gestao-do-tempo-para-empreendedores), levando-o a optar por fazer controles básicos de seus dados – o que pode tirar a vantagem competitiva da empresa.

Mais importante do que o aspecto financeiro, durante minha experiência observo que há outros elementos a serem considerados. Para que seja possível implementar essa tecnologia, as PMEs precisam se atentar a algumas questões muito importantes: deve-se ter a cultura da informação, documentar as entradas e saídas corretamente, mapear e documentar todos os processos (compras, vendas, financeiro), envolver a equipe para que os lançamentos e registros sejam feitos imediatamente e de forma adequada.

Do atendente ao presidente, todos precisam entender a importância de manter os processos bem documentados, seja por meio de um ERP de mercado, uma planilha ou um aplicativo desenvolvido sob medida. Outro aspecto fundamental é a definição dos indicadores estratégicos, os mais relevantes para seu negócio. O ideal é escolher indicadores que avaliam diretamente o resultado do “core” da sua empresa – cuidado para não definir indicadores que não vão agregar valor para sua gestão ou para o seu resultado.

Ram Charan, em seu livro *Know How*, nos ensina que “para atingir um objetivo você deve estar psicologicamente à vontade para ir além do pensamento tradicional sobre um setor e perceber o que está acontecendo do lado de fora, ligar os fatos e descobrir quais são as novas oportunidades.” Quando bem desenvolvido, estruturado e aplicado, o BI proporciona justamente isso aos empreendedores: [descobrir novas oportunidades](https://www.revistahsm.com.br/post/a-nova-era-do-empreendedorismo) – seja de redução de custos, otimização de processos, novos mercados, serviços ou produtos.

Entendido o valor da informação e definidos os indicadores do seu negócio, é hora de escolher a solução mais aderente ao seu negócio, avaliando o custo-benefício e a facilidade de uso. O importante neste processo será ter sempre em mente que “muitas pessoas não assumem os problemas porque não conseguem aceitar sua parcela de responsabilidade sobre eles”, como destaca Roger Connors em *O Princípio de Oz*.

A gestão de dados da sua empresa é também uma responsabilidade sua, empreendedor.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Passa conhecimento

Incluir intencionalmente ou excluir consequentemente?

A estreia da coluna “Papo Diverso”, este espaço que a Talento Incluir terá a partir de hoje na HSM Management, começa com um texto de sua CEO, Carolina Ignarra, neste dia 3/12, em que se trata do “Dia da Pessoa com Deficiência”, um marco necessário para continuarmos o enfrentamento das barreiras do capacitismo, que ainda existe cotidianamente em nossa sociedade.

Transformação Digital, Estratégia
Este texto é uma aula de Alan Souza, afinal, é preciso construir espaços saudáveis e que sejam possíveis para que a transformação ocorra. Aproveite a leitura!

Alan Souza

4 min de leitura
Liderança
como as virtudes de criatividade e eficiência, adaptabilidade e determinação, além da autorresponsabilidade, sensibilidade, generosidade e vulnerabilidade podem coexistir em um líder?

Lilian Cruz

4 min de leitura
Gestão de Pessoas, Liderança
As novas gerações estão redefinindo o conceito de sucesso no trabalho, priorizando propósito, bem-estar e flexibilidade, enquanto muitas empresas ainda lutam para se adaptar a essa mudança cultural profunda.

Daniel Campos Neto

4 min de leitura
ESG, Empreendedorismo
31/07/2024
O que as empresas podem fazer pelo meio ambiente e para colocar a sustentabilidade no centro da estratégia

Paula Nigro

3 min de leitura
ESG
Exercer a democracia cada vez mais se trata também de se impor na limitação de ideias que não façam sentido para um estado democrático por direito. Precisamos ser mais críticos e tomar cuidado com aquilo que buscamos para nos representar.
3 min de leitura
Empreendedorismo, ESG
01/01/2001
A maior parte do empreendedorismo brasileiro é feito por mulheres pretas e, mesmo assim, o crédito é majoritariamente dado às empresárias brancas. A que se deve essa diferença?
0 min de leitura
ESG, ESG, Diversidade
09/10/2050
Essa semana assistimos (atônitos!) a um CEO de uma empresa de educação postar, publicamente, sua visão sobre as mulheres.

Ana Flavia Martins

2 min de leitura
ESG
Em um mundo onde o lucro não pode mais ser o único objetivo, o Capitalismo Consciente surge como alternativa essencial para equilibrar pessoas, planeta e resultados financeiros.

Anna Luísa Beserra

3 min de leitura