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Intraempreender é uma solução para a crise?

Comecei a escrever esse texto há uns dias, mas sabe quando te falta aquela pitada de inspiração? Parece que finalmente ela me veio hoje!

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Como pude, depois de realizar três entrevistas incríveis, empacar para dar vazão e  escrever? 

Conversando com a consultora de impacto, Gabriela Reis, o professor da Fundação Dom Cabral, Heiko Hosomi Spitzeck, e um dos responsáveis pelo programa de intraempreendedorismo do Bancoob, Rodrigo Araujo, coletei insights que fervilharam minha cabeça. Tantos que até foi difícil de começar a sistematizar. 

Mas, uma hora foi. Parece que essa fagulha de experiência de hoje deu aquele toque final, aquele peteleco na fileira de dominós que faz com que tudo aconteça. 

Intraempreender é o ato de dar aquela forçadinha na porta do que já são os hábitos e costumes empresariais, que merecem uma pitada de inovação. 

Assim como empreender, a jornada do intraempreendedor não é fácil –  aliás, muito pelo contrário. Resiliência é um dos fatores cruciais para o sucesso de um intraempreendedor em uma organização, me afirmou o professor Heiko. 

E quanto aos programas de intraempreendedorismo? 
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O Bancoob tem um case exímio de seu programa de intraempreendedorismo, o Programa Mais, que pode ser acessado neste [material](https://coonecta.me/mais-360-programa-de-inovacao-bancoob/) bem bacana criado por nossa parceira Coonecta. 

Um dos pontos cruciais para o sucesso e até mesmo para a emoção do programa foi a quantidade de estudo colocada pela equipe de Gestão da Inovação. 

O programa em si, desenhado exatamente como o processo de nascimento e crescimento de uma startup, traz aquele frio na barriga de estar vivendo uma aceleração real. Pitches para a diretoria, com direito a investimentos seed, série A, série B e Tanque dos Tubarões. Um programa que dá vontade de participar. 

Conversando com a Gabi Reis, toquei muito em um ponto muito forte sobre o intraempreendedorismo e a pandemia. 

Aqui na 08, e nas organizações que realizam programas de intraempreendedorismo com sucesso, um fator crucial é a valorização do colaborador: o colaborador como um agente de inovação e fonte de melhoria interna. 

Ao mesmo tempo, o que temos visto nos dias atuais é que a gestão da crise tem se dado de forma diferente.

Ao invés da valorização, a demissão.

Quanto a esse ponto, Heiko trouxe um questionamento muito marcante: 

“Ao demitir seus funcionários, você está ciente do custo a médio prazo que sua empresa terá para se reconstruir após a pandemia? Possivelmente, os gastos com recrutamento, seleção, treinamento de novos colaboradores, não está entrando nessa estratégia de curto prazo, enquanto os maiores ativos, as pessoas, da organização estão longe de um lugar de protagonismo.” 

E dado esse contexto de mudança global, a Gabi deixou claro, já haviam modelos de negócios falidos, que já estavam fadados a acabar no médio / longo prazo. O que a pandemia fez foi acelerar e trazer para hoje uma mudança que já era inevitável. 

Como se reconstruir diante dessa situação? 
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Há negócios que focam em criar demandas. Investem grandes quantidades em marketing para criar desejo, e então assim vender seu produto ou serviço. E existem negócios que focam em necessidades, em que o problema é explícito e gritante e ninguém duvida de sua verdade. 

Em negócios sociais, o grande foco é trabalhar nas necessidades. Essas não são poucas, e pior: tendem a se agravar cada vez mais em termos de desigualdade devido à pandemia. 

Nesse contexto, os ricos passam, sofrem sim, claro, como todos, mas em sua maioria, se recuperam sem maiores barreiras. Já nas classes D e E a luta é pela sobrevivência diária. 

Acesso a alimentação e até mesmo condições mínimas de habitação, como o saneamento básico, são necessidades gritantes. E um enorme convite para aqueles negócios que buscam impacto e visão. 

No novo normal, não há mais espaço para desejos supérfluos. Os negócios que irão prosperar e se manter vivos na pós pandemia serão aqueles que conseguirem de fato, gerar valor real ao suprir uma necessidade explícita. E incluir, na solução, os envolvidos no problema. 

Sim. Eu explico. 

Vindo de um contexto de ONGs e trabalhos sociais, durante muito tempo observei diversas ações comunitárias que aconteciam, e passado um curto período de tempo, ninguém se lembrava mais de nada: o patrimônio fora depredado e só o que sobrou foi o mesmo  sentimento de desesperança nos políticos, nas empresas, no governo, ou em qualquer um que chegue dizendo que irá resolver o problema. 

Problemas complexos não podem ser resolvidos por soluções simples
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E esse era o estalo que me faltava para escrever esse texto: conectar o intraempreendedorismo com a minha história. 

A partir do contato com a [Filosofia Elos](https://institutoelos.org/o-elos/#filosofia), meio de ser e fazer desenvolvimento local e comunitário, aprendi que nunca se vai direto para o Milagre, momento do mutirão em que se pegam pás, concreto e tintas. 

Antes do mutirão de obra acontecer, existe o Olhar, o Afeto, o Sonho e o Cuidado. Ou seja, há todo um processo de valorização e engajamento dos indivíduos da comunidade, dos indivíduos afetados pelo problema para que sejam eles os criadores e executores da solução. 

E esse era o estalo que me faltava. Ao participar de um call em que empreendedores exímios da periferia se conectam com um dos cases de cooperativismo que mais me inspiram, caiu a ficha. 

Seja para transformar um bairro marginalizado, uma cidade em declínio, ou uma organização em crise, o caminho é o mesmo: é preciso envolver as pessoas. 

“People embrace what they create” Daniel Friedland, neurocientista, PhD.

Se queremos perenidade nas soluções, essas tem que ser projetadas, executadas e principalmente queridas pelas pessoas que mais se afetam com a questão. Seja nos projetos sociais em que atuei, seja ao lidar com os problemas nas organizações. 

Se a base não está realmente envolvida, essas ações estão ancoradas em que? Nos tempos pós pandemia, já não cabem mais heróis e salvadores da pátria, mas comunidades que entre si se empoderam para resolver seus problemas. 

E eis a importância de programas de intraempreendedorismo. Se a mudança não vem de dentro e não envolve quem é diretamente afetado por ela, pode ter certeza que mais hora, menos hora tudo voltará ao “normal” e nenhuma inovação terá ocorrido de fato. 

Sabemos que desenvolver um programa de intraempreendedorismo do zero também não é fácil. Mas é por isso que trabalhamos. Enquanto consultoria, não entregamos soluções prontas, mas somos especialistas em despertar nas pessoas o melhor potencial criativo que já há nelas mesmas. 

Você não sabe o poder que isso liberta.

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