Uncategorized

José Álvaro da Silva Carneiro: O desafio no hospital

Compartilhar:

José Álvaro da Silva Carneiro, 70 anos, não hesita ao definir sua principal atribuição no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba: “Eu me concentro na estratégia”. Além de diretor corporativo do complexo, que inclui o hospital que é modelo no atendimento pediátrico no Brasil, uma faculdade, um instituto de pesquisa e um centro de reabilitação, Carneiro ainda atua como secretário-geral da organização mantenedora do empreendimento. 

Como estrategista, Carneiro está com a cabeça sempre no futuro. Sob sua gestão, o Pequeno Príncipe se tornou a primeira UTI pediátrica com telemedicina no País, por exemplo. Mas essas decisões exigem organização mental e de rotina para lidar com dois lados de uma mesma moeda. “Estou permanentemente pensando no médio e no longo prazos. Mas também estou conectado ao curto prazo, para avaliar se a estratégia está sendo cumprida.”

Isso significa que a cada inovação ou mudança que a instituição promove, Carneiro precisa focar o acompanhamento específico do projeto. Entre 2013 e 2015, por exemplo, dedicou-se a planejar a implantação da telemedicina no Pequeno Príncipe – era a fase mais delicada, em que a atenção precisava ser plena. Em 2016 o projeto saiu do papel. Carneiro separava um momento do dia só para acompanhar as métricas e ler os relatórios. Em 2018, quando percebeu que a coisa “caminhava sozinha”, tirou o pé do acelerador.

“Ter um sistema de inteligência do negócio é fundamental”, defende Carneiro. “Se minha bússola de inteligência indica algum problema setorial, significa um alerta para que eu saia do estratégico e volte para o operacional, até que tudo se resolva.” 

Para prever espaço para essas emergências, a agenda do executivo é planejada semanalmente. Há compromissos fixos como as reuniões de diretorias, às terças, e as de planejamento estratégico, que ocorrem sempre às sextas-feiras. Uma vez por mês acontece a reunião corporativa, com todos os braços operacionais do complexo, assim como o fórum de indicadores.

**O TRIO DE REPORTS DIRETOS É VALIOSO**

Como gestor do complexo, Carneiro tem sob seu comando 2.650 funcionários, mas sua equipe direta é enxuta: são apenas três assessores, mais o departamento jurídico e a controladoria, que tem seus processos diários independentes. É ao trio de colaboradores diretos que o gestor recorre quando precisa de auxílio nas tarefas cotidianas e mesmo para apagar incêndios. 

Numa gestão hospitalar, Carneiro afirma que a rotina faz toda a diferença. “Pode parecer contraditório, mas nos preparamos para a rotina porque sabemos que todos os dias acontecerão coisas extraordinárias”, explica. 

Carneiro admite que sente dificuldade em “esquecer” o trabalho nas horas de descanso. “Quem chega num posto de direção de hospital, ainda mais de um complexo hospitalar como é meu caso, acaba transportando mentalmente as coisas do dia a dia para todos os lugares aonde vai.” Segundo ele, são raros os momentos em que “desliga” de verdade. Essas exceções incluem banhos de mar, escaladas de montanha (hobby favorito) e brincadeiras com a netinha.

O expediente de Carneiro no hospital é de oito a nove horas por dia – mas aí não estão computados os três períodos em que se dedica exclusivamente a responder e-mails: assim que acorda, na hora do almoço e antes de dormir. A troca de mensagens, por vezes, acaba invadindo o fim de semana e até mesmo as férias. Ele se esforça para evitar. Afinal, para ele, férias são para descansar – e, claro, para se atualizar na literatura médica e corporativa.

> **Melhor hábito de produtividade.** “Pode não parecer, mas se envolver emocionalmente com algum paciente é motivador.” 
>
> **Como lida com e-mails.** Procura responder às mensagens em três momentos: ao acordar, durante o almoço e antes de dormir. 
>
> **Pior hábito.** Comparar sua organização com instituições internacionais é ruim quanto à produtividade: “Isso atordoa porque mostra que temos uma caminho infinito à frente”.
>
> **Como lida com erros.** “Não sou punitivo, mas quero chegar na condição de ter sempre erros novos na minha equipe. Erros velhos não dá.”
>
> **Esportes & Cia.** Montanhismo e militância em ONGs ambientais, algo que acabou incorporando em sua rotina no hospital.

Compartilhar:

Artigos relacionados

multiculturalidade

O conflito de gerações no mercado de trabalho e na vida: problema ou oportunidade?

Em um mundo onde múltiplas gerações coexistem no mercado, a chave para a inovação está na troca entre experiência e renovação. O desafio não é apenas entender as diferenças, mas transformá-las em oportunidades. Ao acolher novas perspectivas e desaprender o que for necessário, criamos ambientes mais criativos, resilientes e preparados para o futuro. Afinal, o sucesso não pertence a uma única geração, mas à soma de todas elas.

Medo na vida e na carreira: um convite à mudança

O medo pode paralisar e limitar, mas também pode ser um convite para a ação. No mundo do trabalho, ele se manifesta na insegurança profissional, no receio do fracasso e na resistência à mudança. A liderança tem papel fundamental nesse cenário, influenciando diretamente a motivação e o bem-estar dos profissionais. Encarar os desafios com autoconhecimento, preparação e movimento é a chave para transformar o medo em crescimento. Afinal, viver de verdade é aceitar riscos, aprender com os erros e seguir em frente, com confiança e propósito.

DeepSeek e os 6Ds da disrupção: o futuro da inteligência artificial está sendo redefinido?

O DeepSeek, modelo de inteligência artificial desenvolvido na China, emerge como força disruptiva que desafia o domínio das big techs ocidentais, propondo uma abordagem tecnológica mais acessível, descentralizada e eficiente. Desenvolvido com uma estratégia de baixo custo e alto desempenho, o modelo representa uma revolução que transcende aspectos meramente tecnológicos, impactando dinâmicas geopolíticas e econômicas globais.

ESG
A estreia da coluna "Papo Diverso", este espaço que a Talento Incluir terá a partir de hoje na HSM Management, começa com um texto de sua CEO, Carolina Ignarra, neste dia 3/12, em que se trata do "Dia da Pessoa com Deficiência", um marco necessário para continuarmos o enfrentamento das barreiras do capacitismo, que ainda existe cotidianamente em nossa sociedade.

Carolina Ignarra

5 min de leitura
Empreendedorismo
Saiba como transformar escassez em criatividade, ativar o potencial das pessoas e liderar mudanças com agilidade e desapego com 5 hacks práticos que ajudam empresas a inovar e crescer mesmo em tempos de incerteza.

Alexandre Waclawovsky

4 min de leitura
ESG
Para 70% das empresas brasileiras, o maior desafio na comunicação interna é engajar gestores a serem comunicadores dentro das equipes

Nayara Campos

7 min de leitura
Gestão de Pessoas
A liderança C-Level como pilar estratégico: a importância do desenvolvimento contínuo para o sucesso organizacional e a evolução da empresa.

Valéria Pimenta

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
Um convite para refletir sobre como empresas e líderes podem se adaptar à nova mentalidade da Geração Z, que valoriza propósito, flexibilidade e experiências diversificadas em detrimento de planos de carreira tradicionais, e como isso impacta a cultura corporativa e a gestão do talento.

Valeria Oliveira

6 min de leitura
Empreendedorismo
Um guia para a liderança se antecipar às consequências não intencionais de suas decisões

Lilian Cruz e Andréa Dietrich

4 min de leitura
ESG
Entre nós e o futuro desejado, está a habilidade de tecer cada nó de um intricado tapete que une regeneração, adaptação e compromisso climático — uma jornada que vai de Baku a Belém, com a Amazônia como palco central de um novo sistema econômico sustentável.

Bruna Rezende

5 min de leitura
ESG
Crescimento de reclamações à ANS reflete crise na saúde suplementar, impulsionada por reajustes abusivos e falta de transparência nos planos de saúde. Empresas enfrentam desafios para equilibrar custos e atender colaboradores. Soluções como auditorias, BI e humanização do atendimento surgem como alternativas para melhorar a experiência dos beneficiários e promover sustentabilidade no setor.
4 min de leitura
Finanças
Brasil enfrenta aumento de fraudes telefônicas, levando Anatel a adotar medidas rigorosas para proteger consumidores e empresas, enquanto organizações investem em tecnologia para garantir segurança, transparência e uma comunicação mais eficiente e personalizada.

Fábio Toledo

4 min de leitura
Finanças
A recente vitória de Donald Trump nos EUA reaviva o debate sobre o protecionismo, colocando em risco o acesso do Brasil ao segundo maior destino de suas exportações. Porém, o país ainda não está preparado para enfrentar esse cenário. Sua grande vulnerabilidade está na dependência de um número restrito de mercados e produtos primários, com pouca diversificação e investimentos em inovação.

Rui Rocha

0 min de leitura