Uncategorized

Liberte seus intraempreendedores

A grande maioria dos produtos ou serviços inovadores que conhecemos foram criados por intraempreendedores
Empreendedor serial, sócio-fundador da aceleradora de startups ACE, professor da ESPM-SP e autor do livro "A estratégia da inovação radical", no qual este artigo se baseia.

Compartilhar:

Existe um mito no mercado a respeito do empreendedor. Acham que empreendedor é quem cria uma _start-up_, capta dinheiro e depois vende o negócio por milhões. Esses são os novos _rock stars_, os inovadores da nossa era. Eu considero essa percepção nociva para o mercado como um todo. 

Em primeiro lugar, apenas uma minoria das pessoas tem a aptidão para se tornar este tipo de empreendedor. Exige um tipo de personalidade muito específico. Além disso, existem vários outros tipos de negócios, que também são interessantes e podem fazer muito sentido para grande parte das pessoas que pensam em empreender.

> _”Acredito que a maior distorção é acreditar que o empreendedor que cria uma empresa no mercado é superior àquele que está trabalhando em uma corporação.”_

Na minha visão, os dois são igualmente empreendedores, apenas com desafios diferentes em suas jornadas. Chamamos o empreendedor corporativo de **intraempreendedo****r**. A grande maioria dos produtos ou serviços inovadores que conhecemos foram criados por intraempreendedores – do nosso _smartphone_ aos eletrodomésticos que utilizamos. E são essas pessoas que estão por trás das maiores revoluções que acontecem nas grandes companhias. 

Os intraempreendedores são raramente mencionados e pouco lembrados. Além disso, não existe uma carreira clara para quem quer empreender dentro de uma organização. Em seu mais recente livro _The Startup Way_ [O jeito  startup], Eric Ries fala sobre sua experiência apoiando a General Electric (GE) em seu processo de inovação, utilizando os mesmos métodos introduzidos pelo autor para as _startups_. Um dos pontos defendidos por Ries é a criação de um caminho de carreira voltado exclusivamente aos empreendedores ou intraempreendedores. 

Sabemos claramente como alguém pode passar de analista para coordenador, evoluindo para supervisor e aí por diante. **Contudo, não está claro qual é o caminho de alguém que quer colocar coisas novas no mercado, atuando dentro de uma empresa.** Já adianto que não se trata da área de inovação tradicional. Estamos falando de empoderar pessoas em todas as áreas. Como falei anteriormente, acredito que os intraempreendedores estão espalhados em toda a organização. 

Para encontrá-los, não adianta fazer um mapeamento de perfil empreendedor em todos os colaboradores. Aprendi que a melhor forma de descobrir os intraempreendedores é com um programa que permita que eles exercitem o empreendedorismo na prática, dando autonomia e método para que persigam suas ideias. 

Ao longo dos últimos anos, vi pessoas se transformarem completamente dentro de organizações tradicionais quando dada a oportunidade de atuar em um projeto realmente empreendedor. Projetos que levariam dois, três anos, são testados, ajustados e retestados em menos de seis meses quando o time trabalha com uma orientação clara e tem autonomia para tomar decisões. 

Acredito que o maior poder de inovação já existe dentro da grande maioria das corporações. São aqueles colaboradores dispostos a arriscar a fazer o novo. Para libertá-los, somente modificações no design organizacional. As estruturas tradicionais não permitem que esse tipo de talento apareça e se destaque. Paradoxalmente, são justamente as pessoas com mais risco de abandonarem o barco atraídas por oportunidades que as deem autonomia e responsabilidade. 

Imagine se você conseguisse destravar o potencial interno de inovação da sua companhia sem gastar um centavo a mais no orçamento? Esse é o poder de liberar os intraempreendedores dentro da organização.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Pessoas, Cultura organizacional, Gestão de pessoas, Liderança, times e cultura, Liderança, Gestão de Pessoas
23 de julho de 2025
Entre idades, estilos e velocidades, o que parece distância pode virar aprendizado. Quando escuta substitui julgamento e curiosidade toma o lugar da resistência, as gerações não competem - colaboram. É nessa troca sincera que nasce o que importa: respeito, inovação e crescimento mútuo.

Ricardo Pessoa

5 minutos min de leitura
Liderança, Marketing e vendas
22 de julho de 2025
Em um mercado saturado de soluções, o que diferencia é a história que você conta - e vive. Quando marcas e líderes investem em narrativas genuínas, construídas com propósito e coerência, não só geram valor: criam conexões reais. E nesse jogo, reputação vale mais que visibilidade.

Anna Luísa Beserra

5 minutos min de leitura
Tecnologia e inovação
15 de julho 2025
Em tempos de aceleração digital e inteligência artificial, este artigo propõe a literacia histórica como chave estratégica para líderes e organizações: compreender o passado torna-se essencial para interpretar o presente e construir futuros com profundidade, propósito e memória.

Anna Flávia Ribeiro

17 min de leitura
Inovação
15 de julho de 2025
Olhar para um MBA como perda de tempo é um ponto cego que tem gerado bastante eco ultimamente. Precisamos entender que, num mundo complexo, cada estudo constrói nossas perspectivas para os desafios cotidianos.

Frederike Mette e Paulo Robilloti

6 min de leitura
User Experience, UX
Na era da indústria 5.0, priorizar as necessidades das pessoas aos objetivos do negócio ganha ainda mais relevância

GEP Worldwide - Manoella Oliveira

9 min de leitura
Tecnologia e inovação, Empreendedorismo
Esse fio tem a ver com a combinação de ciências e humanidades, que aumenta nossa capacidade de compreender o mundo e de resolver os grandes desafios que ele nos impõe

CESAR - Eduardo Peixoto

6 min de leitura
Inovação
Cinco etapas, passo a passo, ajudam você a conseguir o capital para levar seu sonho adiante

Eline Casasola

4 min de leitura
Transformação Digital, Inteligência artificial e gestão
Foco no resultado na era da IA: agilidade como alavanca para a estratégia do negócio acelerada pelo uso da inteligência artificial.

Rafael Ferrari

12 min de leitura
Negociação
Em tempos de transformação acelerada, onde cenários mudam mais rápido do que as estratégias conseguem acompanhar, a negociação se tornou muito mais do que uma habilidade tática. Negociar, hoje, é um ato de consciência.

Angelina Bejgrowicz

6 min de leitura
Inclusão
Imagine estar ao lado de fora de uma casa com dezenas de portas, mas todas trancadas. Você tem as chaves certas — seu talento, sua formação, sua vontade de crescer — mas do outro lado, ninguém gira a maçaneta. É assim que muitas pessoas com deficiência se sentem ao tentar acessar o mercado de trabalho.

Carolina Ignarra

4 min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)