Uncategorized

Lições da Terra Média

__José Salibi Neto__ é cofundador da empresa de educação executiva HSM, palestrante, mentor de líderes e coautor dos livros Gestão do Amanhã, Código da Cultura, Estratégia Adaptativa e O Algoritmo da Vitória, entre outros. Lançará em maio pela editora Gente, em parceria com Sandro Magaldi, um livro sobre o motor do crescimento, que tem o JTBD como espinha dorsal.

Compartilhar:

Não sou da turma que acompanha a saga da Terra Média de J.R. Tolkien, em livros e filmes como O Senhor dos Anéis. Mas sei, pelos amigos consumidores ávidos dessas histórias, que a questão da ganância é bem presente na obra. Contaram-me que, no último filme da trilogia Hobbit, lançado enquanto escrevo esta mensagem, a ganância é descrita como “a maldição do dragão”, espécie de doença que domina quem busca os tesouros de determinada montanha, fazendo-o abrir mão da honra, seus valores, seus relacionamentos e tudo o mais. 

Não é preciso ser leitor de Tolkien para deduzir que a Terra Média é nosso planeta, e os povos que a habitam somos nós. O autor produziu na primeira metade do século 20, porém é mais atual do que nunca, o que explica o estrondoso sucesso do filósofo de Harvard Michael Sandel, cujo curso online discutindo a ética no dia a dia já foi visto por mais de 30 milhões de pessoas.

 Para esta revista, Sandel deu uma entrevista exclusiva a nossa editora, Adriana Salles Gomes, que diz ter se assustado com ele tanto quanto se assustou ao entrevistar Ray Kurzweil um tempo atrás. Se Kurzweil desenhava um futuro dominado pela inteligência artificial, Sandel evidencia práticas do dia a dia, bem familiares a nós, gestores, que estão corroendo nossa sociedade por dentro. De fato, tão assustador quanto robôs malignos. Em um momento em que a revisão de valores é o foco do Brasil inteiro, falamos com Sandel e fizemos uma reportagem sobre como as empresas estão lidando com problemas éticos. Notam-se tanto compasso como descompasso entre o que diz Sandel e o que as empresas fazem, mas o fato de fazerem é um alento. 

Como a primeira edição de 2015, esta revista não poderia deixar de discutir o papel da liderança no contexto presente –afinal, é aos líderes, atuais e potenciais, que nos dirigimos. O Dossiê dedicou-se a essa tarefa e fez descobertas interessantes: apesar do número crescente de empresas que se horizontalizam (já demos vários cases, da W.L. Gore à brasileira Vagas.com, da Zappos à Mercur), e apesar de as máquinas estarem substituindo os homens até em decisões, os líderes de carne e osso tornam-se cada vez mais relevantes. Eles é que sabem tolerar a ambiguidade, por exemplo.

 Eles é que envolvem as pessoas em causas, que fazem “os colaboradores colaborarem”. Só que seu papel muda, conforme descrito no Dossiê. Toda essa mudança está em sintonia com o que acredita a HSM Educação Executiva, dedicada a ajudar as organizações a construir um contexto capacitante para a nova liderança. Há muita coisa boa acontecendo no Brasil.

 O acalorado debate sobre ética pode levar a uma grande inovação do ambiente de negócios, como diz Silvio Meira em sua coluna. As inovações do Grupo Dass, do tênis Fila, e a excelência de Carlos Brito, citado por Bob Sutton em sua entrevista, servem de inspiração para qualquer organização. Como será 2015 para os negócios brasileiros? Ainda é cedo para dizer, mas aposto que será bom para os líderes que se esforçarem em mudar com a mudança

Compartilhar:

Artigos relacionados

Há um fio entre Ada Lovelace e o CESAR

Fora do tempo e do espaço, talvez fosse improvável imaginar qualquer linha que me ligasse a Ada Lovelace. Mais improvável ainda seria incluir, nesse mesmo

Carreira, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
A área de gestão de pessoas é uma das mais capacitadas para isso, como mostram suas iniciativas de cuidado. Mas precisam levar em conta quatro tipos de necessidades e assumir ao menos três papéis

Natalia Ubilla

3 min de leitura
Estratégia
Em um mercado onde a reputação é construída (ou desconstruída) em tempo real, não controlar sua própria narrativa é um risco que nenhum executivo pode se dar ao luxo de correr.

Bruna Lopes

7 min de leitura
Liderança
O problema está na literatura comercial rasa, nos wannabe influenciadores de LinkedIn, nos só cursos de final de semana e até nos MBAs. Mas, sobretudo, o problema está em como buscamos aprender sobre a liderança e colocá-la em prática.

Marcelo Santos

8 min de leitura
ESG
Inclua uma nova métrica no seu dashboard: bem-estar. Porque nenhum KPI de entrega importa se o motorista (você) está com o tanque vazio

Lilian Cruz

4 min de leitura
ESG
Flexibilidade não é benefício. É a base de uma cultura que transformou nossa startup em um caso real de inclusão sem imposições, onde mulheres prosperam naturalmente.

Gisele Schafhauser

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O futuro da liderança em tempos de IA vai além da tecnologia. Exige preservar o que nos torna humanos em um mundo cada vez mais automatizado.

Manoel Pimentel

7 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Setores que investiram em treinamento interno sobre IA tiveram 57% mais ganhos de produtividade. O segredo está na transição inteligente.

Vitor Maciel

6 min de leitura
Empreendedorismo
Autoconhecimento, mentoria e feedback constante: a nova tríade para formar líderes preparados para os desafios do trabalho moderno

Marcus Vaccari

6 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Se seu atendimento não é 24/7, personalizado e instantâneo, você já está perdendo cliente para quem investiu em automação. O tempo de resposta agora é o novo preço da fidelização

Edson Alves

4 min de leitura
Inovação
Enquanto você lê mais um relatório de tendências, seus concorrentes estão errando rápido, abolindo burocracias e contratando por habilidades. Não é só questão de currículos. Essa é a nova guerra pela inovação.

Alexandre Waclawovsky

8 min de leitura