Liderança, Times e Cultura

Líderes de pessoas

As empresas tornam-se cada vez mais sofisticadas desde a ascensão da internet, e as relações das pessoas com o trabalho têm mudado drasticamente da pandemia de covid-19 para cá. Por isso, empresas que têm líderes de pessoas mais que líderes orientados a negócios levam uma vantagem crescente. Este artigo, baseado no livro de um brasileiro recém-lançado nos EUA, aborda a versão mais avançada desse líder: o coreógrafo.
Bob Wollheim é um pioneiro da internet e empreendedor no Brasil. Atualmente é partner, EVP de growth e people na CI&T, cofundador da The Next Company e autor dos livros *Empreender não é brincadeira* e *Nasce um empreendedor*. Atua como Venture Corp na Endeavor. Vive em Venice, Califórnia, Estados Unidos.

Compartilhar:

Nos negócios, sempre houve líderes. E a liderança sempre evoluiu continuamente. Só que agora precisamos parar tudo e remodelar tanto líderes como liderança. Há dois fortes motivos para fazermos esse movimento: (1) a complexidade do mundo atual e (2) a crescente presença da inteligência artificial nas empresas.

O mundo dos negócios nunca foi tão complexo. Desde a ascensão da internet, as empresas têm se sofisticado uma barbaridade e as relações das pessoas com o trabalho não mudam ininterruptamente, sem sinais visíveis de que as mudanças desacelerem.

Na recente celebração dos cem anos da Harvard Business Review, um painel de especialistas globais avaliou as práticas que vão – ou deveriam – mudar, e seu resumo diz muito: “Muitos de nós nos acostumamos a ter um foco quase exclusivo no aqui e agora. Mas os últimos anos ministraram um curso intensivo sobre como apagar incêndios (sem falar em lidar com as frustrações e os desafios comuns do dia a dia). Em um contexto imprevisível, ter um pouco dessa visão de túnel é natural. Mas, ao mesmo tempo, é crucial fazer o zoom-out e enxergar o quadro maior”.

Da gestão de organizações fluidas ao trabalho flexível passando por um capitalismo mais cooperativo e outros conceitos provocativos, é fácil perceber como as coisas estão ficando complexas. E a mudança não é complexa apenas no aspecto evolutivo; ela também é uma ruptura baseada na exaustão do status quo.

Estamos em um ponto de inflexão. As corporações estão exaustas. As pessoas estão exaustas. As corporações ainda não conseguem entender as mudanças profundas que estamos vivenciando e insistem no velho modelo de trabalho. Os líderes insistem para que as pessoas voltem ao escritório, sem prestar atenção ao lado humano das coisas e apenas orientados ao lucro. É o velho mundo corporativo, e ele não poderia se importar menos com pessoas.

__(Anote: o impacto mais nefasto disso tudo ainda não foi totalmente sentido, devido à crise de 2022 e 2023. Mas será.) __

E as ferramentas de inteligência artificial que aparecem toda semana nos convidam insistentemente para a renovação da liderança, ainda que deem a impressão de representar uma sobrevida para os velhos líderes.

__(Anote: essas IAs também são o apenas o começo.)__

### quem vai embora e quem chega

A irrelevância do líder tradicional está a caminho, ainda que – na maioria dos casos – ele não o perceba, por se sentir superior e sábio. Isso porque, daqui para frente, as empresas precisarão sobretudo de uma liderança hábil em pessoas, o que significa ter as habilidades humanas essenciais, como intuição, coragem, integridade, propósito, senso de missão e valores.

É o que chamo de “líder coreógrafo” ou “orquestrador”. Quase invisível, não dirige como um maestro, e sim faz a orquestração, na metáfora da música, ou a coreografia, na da dança. Ele sustenta sua liderança em um tripé: orquestrar/coreografar as atividades de negócios, destravar o potencial de seus colaboradores e alimentar uma cultura inclusiva e centrada em pessoas [veja quadro abaixo]. Inteligência nos negócios, em finanças etc. perdem importância.

Pense em quando a OpenAI virou o mundo do avesso ao lançar o ChatGPT em novembro de 2022: os líderes do Google imediatamente se tornaram seguidores ao não enfrentarem os desafios disso para seu negócio de busca. Não por falta de informação ou capital. Faltaram habilidades humanas.

![Sete drivers](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/2dSZBWYg17PYWp3nRj6qiy/6436a79002c371bf336ffb7a8d0071ce/Captura_de_Tela_2024-01-08_a_s_14.10.07.png)

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

Empreendedorismo
Alinhando estratégia, cultura organizacional e gestão da demanda, a indústria farmacêutica pode superar desafios macroeconômicos e garantir crescimento sustentável.

Ricardo Borgatti

5 min de leitura
Empreendedorismo
A Geração Z não está apenas entrando no mercado de trabalho — está reescrevendo suas regras. Entre o choque de valores com lideranças tradicionais, a crise da saúde mental e a busca por propósito, as empresas enfrentam um desafio inédito: adaptar-se ou tornar-se irrelevantes.

Átila Persici

8 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A matemática, a gramática e a lógica sempre foram fundamentais para o desenvolvimento humano. Agora, diante da ascensão da IA, elas se tornam ainda mais cruciais—não apenas para criar a tecnologia, mas para compreendê-la, usá-la e garantir que ela impulsione a sociedade de forma equitativa.

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
ESG
Compreenda como a parceria entre Livelo e Specialisterne está transformando o ambiente corporativo pela inovação e inclusão

Marcelo Vitoriano

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O anúncio do Majorana 1, chip da Microsoft que promete resolver um dos maiores desafios do setor – a estabilidade dos qubits –, pode marcar o início de uma nova era. Se bem-sucedido, esse avanço pode destravar aplicações transformadoras em segurança digital, descoberta de medicamentos e otimização industrial. Mas será que estamos realmente próximos da disrupção ou a computação quântica seguirá sendo uma promessa distante?

Leandro Mattos

6 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Entenda como a ReRe, ao investigar dados sobre resíduos sólidos e circularidade, enfrenta obstáculos diários no uso sustentável de IA, por isso está apostando em abordagens contraintuitivas e na validação rigorosa de hipóteses. A Inteligência Artificial promete transformar setores inteiros, mas sua aplicação em países em desenvolvimento enfrenta desafios estruturais profundos.

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
Liderança
As tendências de liderança para 2025 exigem adaptação, inovação e um olhar humano. Em um cenário de transformação acelerada, líderes precisam equilibrar tecnologia e pessoas, promovendo colaboração, inclusão e resiliência para construir o futuro.

Maria Augusta Orofino

4 min de leitura
Finanças
Programas como Finep, Embrapii e a Plataforma Inovação para a Indústria demonstram como a captação de recursos não apenas viabiliza projetos, mas também estimula a colaboração interinstitucional, reduz riscos e fortalece o ecossistema de inovação. Esse modelo de cocriação, aliado ao suporte financeiro, acelera a transformação de ideias em soluções aplicáveis, promovendo um mercado mais dinâmico e competitivo.

Eline Casasola

4 min de leitura
Empreendedorismo
No mundo corporativo, insistir em abordagens tradicionais pode ser como buscar manualmente uma agulha no palheiro — ineficiente e lento. Mas e se, em vez de procurar, queimássemos o palheiro? Empresas como Slack e IBM mostraram que inovação exige romper com estruturas ultrapassadas e abraçar mudanças radicais.

Lilian Cruz

5 min de leitura
ESG
Conheça as 8 habilidades necessárias para que o profissional sênior esteja em consonância com o conceito de trabalhabilidade

Cris Sabbag

6 min de leitura