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Lifequakes: como lidar com as transições de vida

Bruce Feiler fez extensa pesquisa com pessoas “disruptadas” e levantou seis lições

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Talvez você já conheça Bruce Feiler por seu best-seller *[Os Segredos das Famílias Felizes](https://www.amazon.com.br/Os-Segredos-das-Fam%C3%ADlias-Felizes/dp/8522015155)*, que ajudou a definir as famílias modernas. Agora (em 2020) ele lança *[Life Is in the Transitions](https://www.amazon.com.br/Life-Transitions-Mastering-Change-Any/dp/1594206821)*, para definir a vida moderna, cheia de crises. Sua inspiração foi o pai, que, com doença de Parkinson, tentou tirar a própria vida por seis vezes.

Feiler entrevistou centenas de pessoas nos Estados Unidos que sobreviveram a eventos disruptivos extremos, o que ele chamou de “lifequakes” (terremotos de vida) – pode ser uma doença, a perda de entes queridos, mudanças de carreira. Ao todo, fez mil horas de entrevistas, que somaram 6 mil horas de transcrições, com uma equipe de 12 pesquisadores. Confira seis lições:

__Lição #1. Entenda que a vida linear morreu.__ Ainda a tratamos como um processo composto de etapas, mas, com as lentes certas (entendendo que há caos, complexidade e redes), vira normal ter um amor novo aos 60 anos, por exemplo.

__Lição #2. Aceite a nova regra.__ Na não linearidade, segundo Feiler, vivemos três a cinco lifequakes na vida. Há uma disrupção a cada 12 a 18 meses (haveria ao menos 52 tipos de disrupções). Mas só 10% chegam a virar lifequake, exigindo transição e recomeço, e com duração de uns cinco anos.

__Lição #3. Domine a habilidade de transição de vida.__ Primeiro, segundo Feiler, é preciso entender que uma transição tem três fases não lineares: um longo adeus ao que foi; o caos, quando abandonamos certos hábitos e criamos novos; e o novo começo. Busque identificar a fase em que você vai melhor (ou menos pior, como o caos) e a estique para criar autoconfiança. Também use ferramentas de navegação em transições de vida. Feiler diz que há várias; destacamos a primeira: aceitar que está vivendo uma experiência emocional – de medo, tristeza, vergonha etc. A aceitação pode se materializar com a escrita ou rituais – uma entrevistada que tinha medo de altura foi pular de paraquedas de um avião para ritualizar.

__Lição #4. Tente algo novo.__ A fase do caos é bagunçada, desanimadora e desorientadora. Então, nela fazemos como as cobras que descartam sua pele: descartamos partes de nossa personalidade. Uma executiva entrevistada, que se divorciou, teve câncer e mudou de carreira, tentou algo novo: rompeu o hábito de abrir a geladeira. E perdeu 60 quilos. Vale você começar a dançar, fazer jardinagem, pintar ou assar pão. Coisas assim materializam a gestação de um novo “eu”.

__Lição #5. Busque a sabedoria alheia.__ Talvez a parte mais doída de uma transição de vida seja se sentir sozinho. É essencial que você não se isole: compartilhe sua experiência com alguém – um amigo, um estranho – e peça conselho. Mas pergunte antes se a pessoa topa isso, sugere Feiler.

__Lição #6. Reescreva sua história.__ Uma transição de vida também nos exige ressignificar o passado. Foi o que Feiler levou o pai a fazer: foi pedindo para ele recontar momentos de vida a fim de que voltasse a se sentir o herói de sua história.

Toda fábula precisa ter lobo e herói, resume Feiler. Porque, sem lobo (ou similar), não há herói. Então, veja seu lifequake como um lobo.

__Leia mais: [Coaches vão treinar líderes de favelas. E você?](https://www.revistahsm.com.br/post/coaches-vao-treinar-lideres-de-favelas-e-voce)__

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