Inovação

LLMs para ampliar a eficácia de T&D

Edtech Galena está desenvolvendo soluções que pretendem engajar funcionários nas ações de treinamento e desenvolvimento das empresas
Sandra Regina da Silva é colaboradora de HSM Management.

Compartilhar:

Algumas mais, outras menos, mas a maioria das empresas investe em treinamento e desenvolvimento (T&D) de seus colaboradores. Entretanto, não é raro que tal investimento não atinja as expectativas. Mesmo que o treinamento seja de qualidade, o conteúdo pode não engajar o funcionário, o aprendizado pode não ter aplicação real no dia a dia ou a pessoa pode até decidir sair da empresa logo depois. O desafio, portanto, é casar as ações de T&D às reais necessidades e desejos de cada um dos colaboradores, para que o investimento seja eficaz – e se torne mais uma peça na retenção de talentos –, desenvolvendo de fato as pessoas, que passam a ser mais produtivas e, consequentemente, impactando positivamente a receita da empresa.

Esse desafio levou a edtech Galena a se debruçar em busca de soluções. A liderança da empresa levou dois meses para desenhar o modelo de negócio, foi para Estados Unidos e Europa para conhecer as inovações que havia por lá e entrevistou mais de 50 profissionais de RH no Brasil.

Chegaram à linha-mestra: como ajudar uma pessoa a se preparar para o próximo passo de sua carreira, a traçar um plano de desenvolvimento, a entender quais são as opções de trajetória, o que precisa para ser promovida, que formações e aprendizados ela deve buscar para perseguir seu sonho? Esse objetivo de ser como um guia de carreira, individual e personalizado, só se mostrou possível com tecnologia.

## Primeiro passo: aquisição do Edupass
A primeira fase desse novo negócio que está em desenvolvimento será juntar a oferta do portfólio do Edupass – marketplace com cerca de 150 mil cursos, adquirido neste ano pela Galena –, com um modelo de recomendação, baseado nos objetivos de carreira de cada colaborador.

O projeto-piloto, com os objetivos de validar o modelo de recomendação e a usabilidade pelos colaboradores, acontecerá, com um ou dois clientes, ainda neste ano, com implementação prevista para o início de 2024. “Ainda não definimos com quem será realizado esse piloto. Alguns clientes já pediram para prototipar”, avisa Guilherme Luz, cofundador e CEO da Galena.

A principal tecnologia da solução da Galena é baseada em LLMs (large language models). “Nessa primeira fase, usaremos LLMs para organizar taxonomias de habilidades e recomendar quais serão as habilidades a serem desenvolvidas por cada colaborador. Esses modelos servirão também para ‘taguear’ cursos e conteúdos.”

Uma inovação como se espera de uma edtech. “Hoje não existe isso nas empresas. É como sair do escuro – porque a maioria das pessoas não tem muitas respostas {às questões citadas no início deste artigo} – e ir para um modelo baseado em evidências”, explica Guilherme Luz.

## Segunda fase prevê uma evolução
Só que a meta da Galena não para por aí. Também usando LLMs e IA generativa, o planejamento prevê, mais à frente, mapear carreiras e profissões, elaborar testes personalizados de acordo com perfil, habilidades, vocações e momento de cada colaborador. Esses dados serão, então, cruzados para gerar lista das competências (hard e soft skills) que a pessoa precisa desenvolver para estar apta a sentar na cadeira desejada.

E mais: as recomendações poderão considerar até as tendências futuras das carreiras profissionais. Por exemplo, alguém que almeja ser arquivista – que pode não ter vida longa – pode ser aconselhado a investir na carreira de analista de dados. “Prevemos uns cinco anos de estrada {para ter todas as soluções prontas}”, avisa ele, completando que “será uma ferramenta muito poderosa, que junta educação com psicologia e psicometria. Juntamos elementos da formação (o que somos, o que já vivemos) com os anseios, para servir como subsídio para indicar o que deve vir pela frente, indicar um caminho”, conta o CEO da edtech.

## Estímulos para o desenvolvimento profissional
De acordo com Lygia Vidigal, cofundadora e COO da Galena, a ideia é não só indicar e oferecer cursos de graduação, pós, idiomas, cursos técnicos, mas ter “um portfólio abrangente e diversificado de experiências, contendo podcasts, livros, conferências, incluindo elementos de prática”. O importante é que a pessoa receba estímulos diferentes para o desenvolvimento profissional. “Temos conversado nos bastidores sobre como ampliar o portfólio atual para dar conta de oferecer modelos diversificados de aprendizagem, como mentoria, rotação de trabalho, entre outros”, completa ela.

![Foto Galena Guilherme e Lygia](//downloads.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/631b5ygmWdIWWjypKPLNCn/a5ee07605d03a69a11fe91aaf3a72fb0/Foto_Galena_Guilherme_e_Lygia.jpg)

Na foto: Guilherme Luz, cofundador e CEO da Galena, e Lygia Vidigal, cofundadora e COO da Galena.

Os executivos acreditam que a solução vai aumentar o engajamento dos colaboradores nas ações de desenvolvimento profissional, porque eles verão mais valor naquilo que está sendo oferecido, já que irá de encontro às aspirações pessoais. “Há uma forte pressão sobre os profissionais de RH, quanto ao retorno e a efetividade dos investimentos em T&D dos colaboradores, por conta das transformações que vivemos”, avisa Lygia Vidigal. E o projeto da Galena pode justamente aliviar essa pressão.

A Galena nasceu no final de 2020, mas não com esse modelo de negócio. A missão continua voltada ao desenvolvimento de carreira de pessoas, mas era focada em jovens de escolas públicas, preparando-os para entrar no mercado de trabalho – em um ano formou cerca de 500 jovens. O projeto de desenvolvimento profissional desses jovens tinha duração de quatro meses, simulava o dia a dia do trabalho, e se estendia diariamente das 9h às 18h. Mas por que esse projeto foi abandonado? Pela dificuldade de approach, ou seja, a Galena não encontrou quem pagasse a conta. Ainda assim, Lygia Vidigal e Guilherme Luz o consideram tão especial que não descartam reativá-lo no futuro.

– __100__ clientes ativos, como Deloitte, Leroy Merlin, GPA, Ambev, Cielo, C6 Bank, Loggi, brMalls, Levi’s, Titan.
– __150 mil__ cursos no Edupass, desde cursos livres até MBAs na Saint Paul e Insper, por exemplo.
– __220 mil__ colaboradores elegíveis para acessar o Edupass, com expectativa de dobrar até o fim de 2023.
– __US$ 24 milhões__ de investimentos captados em duas rodadas (2021 e 2022); entre os investidores estão Altos Ventures, Globo Ventures, Owl Ventures, Elevar Equities e Exor Seeds.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Quando a IA desafia o ESG: o dilema das lideranças na era algorítmica

A inteligência artificial está reconfigurando decisões empresariais e estruturas de poder. Sem governança estratégica, essa tecnologia pode colidir com os compromissos ambientais, sociais e éticos das organizações. Liderar com consciência é a nova fronteira da sustentabilidade corporativa.

Semana Mundial do Meio Ambiente: desafios e oportunidades para a agenda de sustentabilidade

Construímos um universo de possibilidades. Mas a pergunta é: a vida humana está realmente melhor hoje do que 30 anos atrás? Enquanto brasileiros — e guardiões de um dos maiores biomas preservados do planeta — somos chamados a desafiar as retóricas de crescimento e consumo atuais. Se bem endereçados, tais desafios podem nos representar uma vantagem competitiva e um fôlego para o planeta

Tecnologia, mãe do autoetarismo

Ninguém fala disso, mas muitos profissionais mais velhos estão discriminando a si mesmos com a tecnofobia. Eles precisam compreender que a revolução digital não é exclusividade dos jovens

Tecnologias exponenciais
A inteligência artificial está reconfigurando decisões empresariais e estruturas de poder. Sem governança estratégica, essa tecnologia pode colidir com os compromissos ambientais, sociais e éticos das organizações. Liderar com consciência é a nova fronteira da sustentabilidade corporativa.

Marcelo Murilo

7 min de leitura
ESG
Projeto de mentoria de inclusão tem colaborado com o desenvolvimento da carreira de pessoas com deficiência na Eurofarma

Carolina Ignarra

6 min de leitura
Saúde mental, Gestão de pessoas
Como as empresas podem usar inteligência artificial e dados para se enquadrar na NR-1, aproveitando o adiamento das punições para 2026
0 min de leitura
ESG
Construímos um universo de possibilidades. Mas a pergunta é: a vida humana está realmente melhor hoje do que 30 anos atrás? Enquanto brasileiros — e guardiões de um dos maiores biomas preservados do planeta — somos chamados a desafiar as retóricas de crescimento e consumo atuais. Se bem endereçados, tais desafios podem nos representar uma vantagem competitiva e um fôlego para o planeta

Filippe Moura

6 min de leitura
Carreira, Diversidade
Ninguém fala disso, mas muitos profissionais mais velhos estão discriminando a si mesmos com a tecnofobia. Eles precisam compreender que a revolução digital não é exclusividade dos jovens

Ricardo Pessoa

4 min de leitura
ESG
Entenda viagens de incentivo só funcionam quando deixam de ser prêmios e viram experiências únicas

Gian Farinelli

6 min de leitura
Liderança
Transições de liderança tem muito mais relação com a cultura e cultura organizacional do que apenas a referência da pessoa naquela função. Como estão estas questões na sua empresa?

Roberto Nascimento

6 min de leitura
Inovação
Estamos entrando na era da Inteligência Viva: sistemas que aprendem, evoluem e tomam decisões como um organismo autônomo. Eles já estão reescrevendo as regras da logística, da medicina e até da criatividade. A pergunta que nenhuma empresa pode ignorar: como liderar equipes quando metade delas não é feita de pessoas?

Átila Persici

6 min de leitura
Gestão de Pessoas
Mais da metade dos jovens trabalhadores já não acredita no valor de um diploma universitário — e esse é só o começo da revolução que está transformando o mercado de trabalho. Com uma relação pragmática com o emprego, a Geração Z encara o trabalho como negócio, não como projeto de vida, desafiando estruturas hierárquicas e modelos de carreira tradicionais. A pergunta que fica: as empresas estão prontas para se adaptar, ou insistirão em um sistema que não conversa mais com a principal força de trabalho do futuro?

Rubens Pimentel

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
US$ 4,4 trilhões anuais. Esse é o prêmio para empresas que souberem integrar agentes de IA autônomos até 2030 (McKinsey). Mas o verdadeiro desafio não é a tecnologia – é reconstruir processos, culturas e lideranças para uma era onde máquinas tomam decisões.

Vitor Maciel

6 min de leitura