Uncategorized

Marcas e pessoas: o que tem mudado nessa relação?

Uma observação empírica revela que a maneira como os consumidores se relacionam com as empresas está evoluindo em uma direção nem sempre percebida
É diretor de desenvolvimento de negócios e parcerias da HSM Educação Executiva e foi head de relações internacionais da Fundação Dom Cabral.

Compartilhar:

Em 1996, o fundador da Microsoft, Bill Gates, disse sua famosa frase “O conteúdo é rei”, referindo-se ao mundo que se desenhava com o advento da internet e, mais especificamente, ao mundo do marketing. Mais recentemente, o empreendedor brasileiro Rodrigo Paolucci fez a frase evoluir: “Se o conteúdo é rei, a distribuição é rainha”. 

Neste contexto superpovoado de informações em que vivemos, as empresas começam a entender que tão importante quanto produzir ou patrocinar conteúdo é cuidar com carinho de sua distribuição e curadoria. Agora, a vida do consumidor precisa ser facilitada ao máximo. Essa é uma das tendências que me têm saltado ao olhos no marketing brasileiro. 

Estando à frente da área comercial da HSM, venho interagindo com executivos de marketing dos mais diversos segmentos do mercado brasileiro e quero compartilhar com o leitor estas três apostas-chave para o marketing do século 21: O conteúdo tem de ser relevante e distribuído com precisão. Graças à democratização digital, produzir e acessar conteúdos diversos ficou fácil, como ilustra o conceito de conteúdo-rei de Bill Gates, desdobrado no marketing de conteúdo. Só há um porém: tal facilidade aumenta a dificuldade de encontrar o que é realmente relevante para um indivíduo ou uma organização. 

Ou seja, criar conteúdo em si perde relativamente importância. Se, contudo, houver um verdadeiro trabalho de inteligência por trás desse conteúdo, possibilitando entender o que o consumidor realmente deseja acessar e fazendo com que esse acesso seja simples e lógico, aí chegamos à distribuição-rainha de Paolucci. E é imbatível. 

Não há como não se lembrar de uma marca que lhe proporciona aprendizados relevantes. Acrescenta-se experiência à exposição. A exposição de marca em publicidade e patrocínio tradicionais continua fundamental, mas surgem estratégias complementares. Mais do que ser vista, a marca tem de penetrar a mente e o coração do consumidor por meio de momentos únicos e experiências inesquecíveis. Se essas experiências forem conectadas ao propósito e aos objetivos do consumidor e se contribuírem para seu aprendizado e seu crescimento, a relação de ganha-ganha será imediata. O patrocinador será parte relevante do objeto patrocinado. 

As estratégias tornam-se multitouch. Em tempos de recursos escassos, executivos de marketing têm optado por impactar o consumidor em formatos diversos e de maneira frequente, em vez de colocar todas as suas fichas em um único projeto. Essa é a chamada estratégia multitouch, que constrói múltiplos pontos de contato com o público-alvo, distribuindo recursos não só ao longo de um período mais ampliado, como também em um formato blended. 

Por exemplo, patrocinar um evento presencial deixa de ser um fim em si mesmo e vira parte de uma estratégia que vincula uma marca a um tema ou propósito que a diferencie. Então, patrocina-se o tema tanto na experiência presencial do evento como em sua vivência digital. A relação entre patrocinador e patrocinado fica mais perene. 

**EMPIRISMO**

Esses dados são empíricos, observados em minha vivência do mercado brasileiro. Condizem com o que você, caro leitor, tem visto por aí?

Compartilhar:

Artigos relacionados

Quando a IA desafia o ESG: o dilema das lideranças na era algorítmica

A inteligência artificial está reconfigurando decisões empresariais e estruturas de poder. Sem governança estratégica, essa tecnologia pode colidir com os compromissos ambientais, sociais e éticos das organizações. Liderar com consciência é a nova fronteira da sustentabilidade corporativa.

Semana Mundial do Meio Ambiente: desafios e oportunidades para a agenda de sustentabilidade

Construímos um universo de possibilidades. Mas a pergunta é: a vida humana está realmente melhor hoje do que 30 anos atrás? Enquanto brasileiros — e guardiões de um dos maiores biomas preservados do planeta — somos chamados a desafiar as retóricas de crescimento e consumo atuais. Se bem endereçados, tais desafios podem nos representar uma vantagem competitiva e um fôlego para o planeta

Tecnologia, mãe do autoetarismo

Ninguém fala disso, mas muitos profissionais mais velhos estão discriminando a si mesmos com a tecnofobia. Eles precisam compreender que a revolução digital não é exclusividade dos jovens

Tecnologias exponenciais
Setores que investiram em treinamento interno sobre IA tiveram 57% mais ganhos de produtividade. O segredo está na transição inteligente.

Vitor Maciel

6 min de leitura
Empreendedorismo
Autoconhecimento, mentoria e feedback constante: a nova tríade para formar líderes preparados para os desafios do trabalho moderno

Marcus Vaccari

6 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Se seu atendimento não é 24/7, personalizado e instantâneo, você já está perdendo cliente para quem investiu em automação. O tempo de resposta agora é o novo preço da fidelização

Edson Alves

4 min de leitura
Inovação
Enquanto você lê mais um relatório de tendências, seus concorrentes estão errando rápido, abolindo burocracias e contratando por habilidades. Não é só questão de currículos. Essa é a nova guerra pela inovação.

Alexandre Waclawovsky

8 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A aplicação da inteligência artificial e um novo posicionamento da liderança tornam-se primordiais para uma gestão lean de portfólio

Renata Moreno

4 min de leitura
Finanças
Taxas de juros altas, inovação subfinanciada: o mapa para captar recursos em melhorias que já fazem parte do seu DNA operacional, mas nunca foram formalizadas como inovação.

Eline Casasola

5 min de leitura
Empreendedorismo
Contratar um Chief of Staff pode ser a solução que sua empresa precisa para ganhar agilidade e melhorar a governança

Carolina Santos Laboissiere

7 min de leitura
ESG
Quando 84% dos profissionais com deficiência relatam saúde mental afetada no trabalho, a nova NR-1 chega para transformar obrigação legal em oportunidade estratégica. Inclusão real nunca foi tão urgente

Carolina Ignarra

4 min de leitura
ESG
Brasil é o 2º no ranking mundial de burnout e 472 mil licenças em 2024 revelam a epidemia silenciosa que também atinge gestores.
5 min de leitura
Inovação
7 anos depois da reforma trabalhista, empresas ainda não entenderam: flexibilidade legal não basta quando a gestão continua presa ao relógio do século XIX. O resultado? Quiet quitting, burnout e talentos 45+ migrando para o modelo Talent as a Service

Juliana Ramalho

4 min de leitura