Desenvolvimento pessoal

Marcelo Ribeiro: do Uber a Youtuber

Compartilhar:

Em 2016, Marcelo Ribeiro deixou o emprego no setor varejista, em Porto Alegre, para se aventurar no universo dos motoristas de aplicativo. “O trabalho com carteira assinada te dá segurança, mas o empreendedorismo pode te levar mais longe”, foi o que ele pensou ao optar pelo novo caminho. 

Deu certo. Três anos depois, em maio de 2019, o motorista de 43 anos foi considerado o melhor do aplicativo – o mais bem avaliado pelos passageiros, entre os mais de 600 mil motoristas da Uber no Brasil. E começou a chamar a atenção dos colegas. Não apenas pelo atendimento excepcional, digno de 5 estrelas, como também pelo faturamento acima da média que obtinha. 

Ribeiro adotou um ritmo de trabalho menos intenso se comparado com seus pares. Geralmente, motoristas que dependem exclusivamente do automóvel para seu sustento passam até 16 horas por dia ao volante, carga horária que ele nunca encarou. “Para fazer R$ 3 mil em uma semana, as pessoas chegam a trabalhar cem horas, ou até mais. Eu fazia 70, 75 horas, focando mais o fim de semana e explorando horários favoráveis nos outros dias”, conta. Do faturamento, 30% vai só para despesas como gasolina e manutenção. 

Então, qual o segredo de sua produtividade? Os dados que o próprio aplicativo oferece aos motoristas. Analisando o histórico de corridas, Ribeiro criou métricas para comparar o próprio desempenho. Notou, por exemplo, que quanto mais cedo começava a trabalhar nos dias de semana, melhor era o rendimento. “Cheguei ao ponto ideal que era sair de casa às 4h da manhã. Eu pegava corridas para o aeroporto, que são longas, em um momento do dia que o trânsito ainda está bem livre.” Ou seja, roda mais em menos tempo. 

Na hora do rush, seu segredo é direcionar o aplicativo para pegar corridas no contrafluxo dos engarrafamentos. Assim, no fim da manhã, consegue estar em casa para almoçar com a família, levar a filha à escola, descansar e só retornar ao volante no fim da tarde – então dirige até próximo das 23h, quando encerram as aulas das universidades.

Mas pular tão cedo da cama não é simples. Por isso, Ribeiro abraçou os métodos motivacionais que aprendeu no varejo. “Começar cedinho me dava uma vantagem competitiva. Quando meus colegas saíam para a rua, eu já tinha ganhado R$ 150, R$ 200, até R$ 250. Era como fechar uma venda grande quando abria a loja, dá um gás já na largada”, compartilha.

**COMO OS EX-GESTORES FAZIAM**

A experiência anterior no comércio havia lhe ensinado sobre metas, e ele a aproveitou. O movimento nos aplicativos é sazonal: dias festivos geram tarifas dinâmicas (mais caras que o habitual) e muitos chamados de passageiros; na época de férias, as corridas diminuem. Comparar o faturamento de dezembro com o de janeiro, portanto, era desproporcional. Por isso, as metas eram baseadas a partir do rendimento do mesmo mês de anos anteriores. “Era o que eu via meus gestores fazendo na época em que era vendedor. Quando adotei isso no aplicativo, meus ganhos aumentaram.”

E assim Ribeiro triunfou entre os colegas gaúchos, e posteriormente sobre aqueles de todo o Brasil. Tanto que ele começou a receber mensagens de outros motoristas, que pediam dicas de como ter sucesso e aumentar a produtividade. Daí… começou gravando áudios distribuídos no WhatsApp. Daí… passou a publicar vídeos no YouTube. E virou youtuber. Hoje, o canal Uber do Marcelo, o “Uber fora da curva”, tem mais de 70 mil seguidores. E o sucesso fez seus rendimentos aumentarem ainda mais. 

Ribeiro fechou contratos com patrocinadores, começou a dar palestras e está lançando um seguro exclusivo para motoristas de aplicativo, em parceria com uma seguradora. Também criou um curso online para capacitar esses profissionais. 

A ironia é que, no fim de 2019, ele ainda não conseguia gerenciar a nova vida de influenciador digital. Sua velha rotina era produtiva, a nova é confusa. “Não consigo desligar do celular, parei de fazer exercícios e também larguei meu hobby, que era desenhar”, lamentava pouco antes do Natal. Para 2020, seu projeto é contratar um tutor de carreira: alguém que possa orientá-lo, como um GPS, a ser mais produtivo na vida nova. 

> **Melhor decisão de produtividade.** Usar dados para planejar metas, tanto no aplicativo, para antever bons horários de corrida, como agora que é influenciador digital, para acompanhar a performance de postagens.
>
> **Melhores e piores hábitos.** Como motorista, acordar mais cedo do que os outros lhe permitiu aproveitar as viagens mais rentáveis. Como youtuber, procrastinação e internet o
>
> **Atrapalham.** Ele vem tentando deixar o celular em outro cômodo para não ficar olhando.
>
> **Reuniões ideais.** Online é sempre melhor, para evitar deslocamentos pela cidade.
>
> **Férias e descanso.** Atualmente, esses momentos são criados quase à força: “Minha esposa é quem indica que estou passando do limite, e então, tiramos uns dias para viajar”.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

ESG
Atualmente, 2,5% dos colaboradores da Pernambucanas se autodeclaram pessoas trans e 100% dos colaboradores trans da varejista disseram que se sentem seguros para ser quem são dentro da empresa.

Nivaldo Tomasio

5 min de leitura
Marketing
A integração entre indicadores de trade marketing e inteligência competitiva está redefinindo o jogo corporativo. Monitorar a execução no PDV, antecipar tendências e reagir com agilidade às mudanças do mercado não são mais diferenciais, mas exigências para a competitividade. Utilizar dados como fonte de insights estratégicos é o caminho para decisões mais rápidas, investimentos otimizados e resultados superiores.

Arthur Fabris

4 min de leitura
Liderança
O novo capítulo do mundo corporativo já começou a ser escrito. Sustentabilidade, transformação digital humanizada e agilidade diante das incertezas globais são os pilares que moldarão líderes visionários e organizações resilientes. Não basta acompanhar as mudanças; é preciso liderá-las com ousadia, responsabilidade e impacto positivo.

Luiz Soria

3 min de leitura
ESG
Apesar dos desafios históricos, as mulheres seguem conquistando espaço no setor de tecnologia, enfrentando a falta de representatividade, dificuldades de financiamento e preconceitos. Iniciativas como o W20 no G20, o PrograMaria e o RME Acelera impulsionam essa transformação, promovendo inclusão e igualdade de oportunidades.

Ana Fontes

4 min de leitura
Marketing
Segundo pesquisa do Instituto Qualibest, houve um aumento de 17 pontos percentuais no número de pessoas assistindo ao programa, em comparação à última edição. Vamos entender como o "ouro televisivo" ainda é uma arma potente de marketing brasileiro.

Carolina Fernandes

4 min de leitura
Gestão de Pessoas, Estratégia e execução, Gestão de pessoas

Lilian Cruz

5 min de leitura
Inovação
A inovação é uma jornada, não um destino. Evitar esses erros comuns é essencial para construir um caminho sólido rumo ao futuro. As empresas que conseguem superar essas armadilhas e adotar uma abordagem estratégica e sistêmica para a inovação terão uma vantagem competitiva significativa em um mundo cada vez mais dinâmico e imprevisível.

Guilherme Lopes

6 min de leitura
Empreendedorismo
Insights inovadores podem surgir de qualquer lugar, até mesmo de uma animação ou evento inesperado. Na NRF 2025, aprendemos que romper bolhas e buscar inspiração em outras áreas são passos essenciais para lideranças B2B que desejam encantar, personalizar e construir conexões humanas e estratégicas.

Fernanda Nascimento

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
O setor de Recursos Humanos enfrenta um momento crucial de transformação, equilibrando inovação tecnológica, diversidade e bem-estar para moldar uma cultura organizacional mais ágil, inclusiva e orientada ao futuro.

Daniel Campos Neto

4 min de leitura
ESG
Não importa se a sua organização é pequena, média ou grande quando se trata de engajamento por parte dos seus colaboradores com causas sociais

Simon Yeo

4 min de leitura