“Tudo muda o tempo todo no mundo” nunca foi uma verdade tão lacerante para todos nós e nossas organizações. A era do lifelong learning veio para definitivamente ficar e estar em constante aprendizado e desenvolvimento é o único modo de acompanhar a evolução.
Inclusive, como diz o João Marcelo Furlan, fundador da Rocket Mentoring School, “o desafio e acompanhamento do mentor, com foco nos objetivos do mentorado, é fundamental para manter a chama acesa e para que cheguem até o fim de sua jornada de aprendizagem.”
Neste cenário, a mentoria tem se mostrado a melhor técnica de desenvolvimento humano e uma grande aposta de investimento a se fazer, em tempo e/ou recursos financeiros, pelas pessoas físicas e jurídicas.
E sabe por quê?
Para começar, porque desenvolve o mentor e mentee ao mesmo tempo.
O mentor, que é referência em um conhecimento ou comportamento específico, precisa se desenvolver para ser capaz de transferir sua expertise. E o mentee necessita absorver e aplicar o aprendizado adquirido.
Além disso, porque também acelera o desenvolvimento do mentee ao unir as melhores ferramentas de todas as metodologias “predecessoras”, como:
– As perguntas “poderosas” do coaching.
– O compartilhamento de conhecimento e práticas comprovadas de consultoria, de tutoria e até mesmo de advisory.
– A compreensão da história de vida e carreira(s) advinda do feedback e do check-in 1:1.
– A construção de um futuro distinto do feedforward e do sponsorship.
E, ainda, dentro da organização pode contribuir das seguintes formas:
– Fortalecimento da cultura organizacional.
– Aumento da satisfação, retenção e aproveitamento de talentos.
– Promoção de maior socialização entre os colaboradores e novas redes internas.
– Ampliação da aprendizagem organizacional com custo “marginal”.
Incrível, não é mesmo?
Todavia, como toda prescrição, há que se ter alguma precaução, especialmente quando realizado dentro da organização.
Os programas de mentoria precisam ser, a meu ver, bem estruturados e os participantes devidamente acompanhados.
A seleção deve ser coerente e consistente – quem de fato é referência no que precisa ser desenvolvido e tem afinidade com quem irá mentorar – a isenção de interesses pessoais também deve ser levada em consideração. Se isso não ocorrer, a percepção de protecionismo ou favoritismo pode surgir.
Os mentores precisam ser treinados nos conceitos, ferramentas e habilidades e devem ser orientados a manter a confidencialidade das conversas. Desta forma, qualquer conteúdo que for sair das sessões precisa ser, previamente, alinhado entre as partes. Caso contrário, o processo pode ser questionado quanto ao seu objetivo de desenvolvimento humano em primeiro lugar.
Outro ponto que os anos de experiência com mentoria dentro das organizações me ensinaram foi que é necessário ter um mínimo de acompanhamento, inclusive, com um início e final bem determinados. Isso traz a seriedade que um programa de mentoria demanda e aflora a responsabilidade dos profissionais envolvidos.
No início, eu recomendo que o gestor do mentee, assim como o profissional da área de Pessoas que irá acompanhar o processo, tenham uma reunião de alinhamento com mentor e mentee sobre qual é o conhecimento ou comportamento que é alvo para o desenvolvimento. Desta forma, não restará dúvida da expectativa da organização quanto ao programa.
Acredito ainda, que na finalização deste projeto deva ser feita uma reunião de fechamento, com os mesmos participantes da reunião inicial – só que desta vez dando voz ao mentee para que traga o que desenvolveu e como continuará seu autodesenvolvimento.
Quando o programa for realizado fora da organização, a precaução, que consigo vislumbrar, é a reputação do profissional quanto a ser expert no conhecimento ou comportamento desejado, e obter boas referências quanto a forma de condução do trabalho.
Claro que aqui cabe, todavia, um grande alerta – seja dentro ou fora das organizações, com alto ou baixo investimento: os mentees terão melhores resultados se eles “se permitirem”.
O que quero dizer com isto?
O mentor está ali, com toda sua bagagem e provocação, disponibilizando o seu melhor, mas caberá ao mentee, decidir a velocidade e a distância que irá percorrer nesta jornada.
Afinal, o que para mim é a grande verdade de todo e qualquer processo de desenvolvimento humano:
> “Nada posso lhe oferecer que não exista em você mesmo.
> Não posso abrir-lhe outro mundo além daquele que há em sua própria alma.
> Nada posso lhe dar, a não ser a oportunidade, o impulso, a chave.
> Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo,
> e isso é tudo.”
(Herman Hess)