Gestão de Pessoas

Mentoria: a grande aposta de 2023

A mentoria conquista a liderança como a melhor técnica de desenvolvimento humano dentro e fora das organizações
Beatriz Cara Nóbrega é superintendente executiva de Gente, Gestão e Experiência do Cliente. Ela também atua como mentora de mulheres e professora de pós-graduação. No Digio, a executiva é responsável por Pessoas – colaboradores e clientes.

Compartilhar:

“Tudo muda o tempo todo no mundo” nunca foi uma verdade tão lacerante para todos nós e nossas organizações. A era do lifelong learning veio para definitivamente ficar e estar em constante aprendizado e desenvolvimento é o único modo de acompanhar a evolução.

Inclusive, como diz o João Marcelo Furlan, fundador da Rocket Mentoring School, “o desafio e acompanhamento do mentor, com foco nos objetivos do mentorado, é fundamental para manter a chama acesa e para que cheguem até o fim de sua jornada de aprendizagem.”

Neste cenário, a mentoria tem se mostrado a melhor técnica de desenvolvimento humano e uma grande aposta de investimento a se fazer, em tempo e/ou recursos financeiros, pelas pessoas físicas e jurídicas.

E sabe por quê?

Para começar, porque desenvolve o mentor e mentee ao mesmo tempo.

O mentor, que é referência em um conhecimento ou comportamento específico, precisa se desenvolver para ser capaz de transferir sua expertise. E o mentee necessita absorver e aplicar o aprendizado adquirido.

Além disso, porque também acelera o desenvolvimento do mentee ao unir as melhores ferramentas de todas as metodologias “predecessoras”, como:
– As perguntas “poderosas” do coaching.
– O compartilhamento de conhecimento e práticas comprovadas de consultoria, de tutoria e até mesmo de advisory.
– A compreensão da história de vida e carreira(s) advinda do feedback e do check-in 1:1.
– A construção de um futuro distinto do feedforward e do sponsorship.

E, ainda, dentro da organização pode contribuir das seguintes formas:
– Fortalecimento da cultura organizacional.
– Aumento da satisfação, retenção e aproveitamento de talentos.
– Promoção de maior socialização entre os colaboradores e novas redes internas.
– Ampliação da aprendizagem organizacional com custo “marginal”.

Incrível, não é mesmo?

Todavia, como toda prescrição, há que se ter alguma precaução, especialmente quando realizado dentro da organização.

Os programas de mentoria precisam ser, a meu ver, bem estruturados e os participantes devidamente acompanhados.

A seleção deve ser coerente e consistente – quem de fato é referência no que precisa ser desenvolvido e tem afinidade com quem irá mentorar – a isenção de interesses pessoais também deve ser levada em consideração. Se isso não ocorrer, a percepção de protecionismo ou favoritismo pode surgir.

Os mentores precisam ser treinados nos conceitos, ferramentas e habilidades e devem ser orientados a manter a confidencialidade das conversas. Desta forma, qualquer conteúdo que for sair das sessões precisa ser, previamente, alinhado entre as partes. Caso contrário, o processo pode ser questionado quanto ao seu objetivo de desenvolvimento humano em primeiro lugar.

Outro ponto que os anos de experiência com mentoria dentro das organizações me ensinaram foi que é necessário ter um mínimo de acompanhamento, inclusive, com um início e final bem determinados. Isso traz a seriedade que um programa de mentoria demanda e aflora a responsabilidade dos profissionais envolvidos.

No início, eu recomendo que o gestor do mentee, assim como o profissional da área de Pessoas que irá acompanhar o processo, tenham uma reunião de alinhamento com mentor e mentee sobre qual é o conhecimento ou comportamento que é alvo para o desenvolvimento. Desta forma, não restará dúvida da expectativa da organização quanto ao programa.

Acredito ainda, que na finalização deste projeto deva ser feita uma reunião de fechamento, com os mesmos participantes da reunião inicial – só que desta vez dando voz ao mentee para que traga o que desenvolveu e como continuará seu autodesenvolvimento.

Quando o programa for realizado fora da organização, a precaução, que consigo vislumbrar, é a reputação do profissional quanto a ser expert no conhecimento ou comportamento desejado, e obter boas referências quanto a forma de condução do trabalho.

Claro que aqui cabe, todavia, um grande alerta – seja dentro ou fora das organizações, com alto ou baixo investimento: os mentees terão melhores resultados se eles “se permitirem”.

O que quero dizer com isto?

O mentor está ali, com toda sua bagagem e provocação, disponibilizando o seu melhor, mas caberá ao mentee, decidir a velocidade e a distância que irá percorrer nesta jornada.

Afinal, o que para mim é a grande verdade de todo e qualquer processo de desenvolvimento humano:

> “Nada posso lhe oferecer que não exista em você mesmo.
> Não posso abrir-lhe outro mundo além daquele que há em sua própria alma.
> Nada posso lhe dar, a não ser a oportunidade, o impulso, a chave.
> Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo,
> e isso é tudo.”
(Herman Hess)

Compartilhar:

Artigos relacionados

Calendário

Não, o ano ainda não acabou!

Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

Cultura organizacional, Empreendedorismo
A ilusão da disponibilidade: como a pressão por respostas imediatas e a sensação de conexão contínua prejudicam a produtividade e o bem-estar nas equipes, além de minar a inovação nas organizações modernas.

Dorly

6 min de leitura
ESG
No texto deste mês do colunista Djalma Scartezini, o COO da Egalite escreve sobre os desafios profundos, tanto à saúde mental quanto à produtividade no trabalho, que a dor crônica proporciona. Destacando que empresas e gestores precisam adotar políticas de inclusão que levem em conta as limitações físicas e os altos custos associados ao tratamento, garantindo uma verdadeira equidade no ambiente corporativo.

Djalma Scartezini

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
A adoção de políticas de compliance que integram diretrizes claras de inclusão e equidade racial é fundamental para garantir práticas empresariais que vão além do discurso, criando um ambiente corporativo verdadeiramente inclusivo, transparente e em conformidade com a legislação vigente.

Beatriz da Silveira

4 min de leitura
Inovação, Empreendedorismo
Linhas de financiamento para inovação podem ser uma ferramenta essencial para impulsionar o crescimento das empresas sem comprometer sua saúde financeira, especialmente quando associadas a projetos que trazem eficiência, competitividade e pioneirismo ao setor

Eline Casasola

4 min de leitura
Transformação Digital, Estratégia
Este texto é uma aula de Alan Souza, afinal, é preciso construir espaços saudáveis e que sejam possíveis para que a transformação ocorra. Aproveite a leitura!

Alan Souza

4 min de leitura
Liderança
como as virtudes de criatividade e eficiência, adaptabilidade e determinação, além da autorresponsabilidade, sensibilidade, generosidade e vulnerabilidade podem coexistir em um líder?

Lilian Cruz

4 min de leitura
Gestão de Pessoas, Liderança
As novas gerações estão redefinindo o conceito de sucesso no trabalho, priorizando propósito, bem-estar e flexibilidade, enquanto muitas empresas ainda lutam para se adaptar a essa mudança cultural profunda.

Daniel Campos Neto

4 min de leitura
ESG, Empreendedorismo
31/07/2024
O que as empresas podem fazer pelo meio ambiente e para colocar a sustentabilidade no centro da estratégia

Paula Nigro

3 min de leitura
ESG
Exercer a democracia cada vez mais se trata também de se impor na limitação de ideias que não façam sentido para um estado democrático por direito. Precisamos ser mais críticos e tomar cuidado com aquilo que buscamos para nos representar.
3 min de leitura