Alguns termos têm se tornado cada vez mais frequentes na realidade das empresas. Metodologia ágil, com certeza, é um deles. As companhias aprenderam a construir junto com os seus colaboradores uma nova forma de trabalhar e, por conta disso, estão colhendo resultados positivos.
Esses métodos promovem a descentralização da tomada de decisão, redução da hierarquia, compartilhamento de responsabilidades e comunicação assíncrona. Como resultado, esses métodos promovem ganhos de eficiência e velocidade, tanto nos processos internos quanto nas respostas às demandas do mercado.
Em lugares onde os processos de transformação digital já estão consolidados, todas as áreas, desde recursos humanos até o marketing, são envolvidas no novo modelo de trabalho.
O que notamos nesses casos é um reforço na mudança da cultura organizacional. Isso pode e deve incluir os departamentos jurídicos das empresas, que passam a atuar como multiplicadores da cultura ágil, reduzindo burocracias e trazendo simplicidade e clareza, mesmo para os temas mais complexos.
A necessidade acelerou, por exemplo, a adoção de contratos digitais, reforçando a segurança e governança dos processos ao mesmo tempo que trouxe mais agilidade para o cliente interno e o cliente final. No entanto, em última instância, não adianta apenas contar com contratos digitais, se o método de trabalho da área jurídica permanecer analógico.
## Metodologias e ações ágeis
Pensando nisso, as metodologias ágeis chegaram até o jurídico das companhias, que passaram a organizar equipes multidisciplinares, ou squads, para endereçar temas que eventualmente travavam os contratos. A realização de fóruns diários passou a permitir uma troca mais rápida de informações, eliminando a necessidade do envio de diversos e-mails e possibilitando a tomada de decisão e resolução dos casos.
Na minha experiência, apenas identificando os contratos que demandavam mais retornos e fazendo um legal design – aplicação de técnicas de design ao meio jurídico – com a participação de outras equipes para a revisão das minutas, já foi possível reduzir expressivamente o número de retornos dos documentos. O retorno das áreas que dependem da conclusão desses contratos é excelente.
Os métodos ágeis permitem aos departamentos jurídicos também se beneficiarem da simplicidade nas interações que se populariza pelas demais áreas das empresas. Da mesma forma, possibilita ao setor também se conectar com os objetivos de negócio e com o cliente final.
Usando somente a formalização necessária, o jurídico consegue fazer diferente e sair do seu padrão. Para isso, a participação de times multidisciplinares nesses fóruns facilita a interação e aproxima as equipes, tornando as decisões mais céleres.
Garantir presença, administrar conflitos de agenda e empoderar as pessoas para a tomada de decisão são importantes passos para o funcionamento e adesão dessas metodologias. Ao concluir essas tarefas temos mais chances de fazer com que os times enxerguem o valor nas dinâmicas e se sintam parte da decisão.
A verdade é que quando falamos dessas metodologias aplicadas à estrutura do jurídico, não há um manual que nos mostre um caminho único que funcione em diferentes realidades. É preciso analisar o que faz mais sentido para o momento, se permitir errar e experimentar, em um ciclo constante.
A jornada fica um pouco mais fácil quando nosso foco está no cliente e temos empatia para se colocar no lugar do outro e entender qual dor é preciso sanar. Quatro dicas que deixaria para quem está se aventurando nessa jornada: __1)__ procure engajar o time para ser curioso e experimentar; __2__) não desista se no início não tiver o resultado esperado; __3)__ tente ajustar a rota; __4)__ seja empático e tenha disciplina.
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