Estratégia e Execução

Meu maior legado é a liderança baseada em confiança

Compartilhar:

CEO Brasil de uma multinacional presente em 41 países, com faturamento global de R$ 3 bilhões em 2018. Figura na lista dos melhores CEOs da Forbes Brasil, que também já a considerou uma das mulheres mais poderosas do País. Essa é Monica Herrero, que está agora passando o bastão da Stefanini – considerada a quinta empresa brasileira mais internacionalizada – para Marcelo Ciasca, até então CEO para a América Latina. Depois de sete anos na presidência e 27 anos na companhia, ela vai começar uma nova carreira: a de conselheira. Em 2020, assume efetivamente como membro do conselho da Stefanini e também de outra empresa, ainda mantida em sigilo. 

**5 – Como resume a estratégia e o crescimento da Stefanini nesses últimos anos e o que vem pela frente?**

Intensificamos o projeto de internacionalização, que foi iniciado em 1996, com a estratégia de ser uma companhia global. Estamos hoje presentes em 41 países. 

Nos últimos anos, nossa estratégia foi direcionada a nos tornarmos uma empresa de inovação, com grande foco em transformação digital. Então, cada vez mais saímos do perfil de só apoiar e sustentar sistemas para ajudar a fazer a transformação digital, a pensar em novos modelos de negócio e a gerar valor para os negócios dos nossos clientes usando a tecnologia.

A maior estratégia agora é nos tornarmos líderes em inovação, nessa transformação digital. Temos meta de crescimento, lógico, porque sem crescimento não se agrega valor, mas o maior desafio é melhorar a rentabilidade da organização. Estamos sofrendo com as margens, principalmente no Brasil, onde temos crescido pouco, em razão da crise. Nosso maior crescimento veio da América Latina, nos países de língua espanhola.

O plano continua sendo, cada vez mais, criar um ecossistema melhor e ainda mais eficiente na área de inovação, a partir de três linhas: aquisição de empresas, iniciativas em startups e estímulo ao desenvolvimento de inovação dentro da companhia.  

**4 – Depois de 27 anos na Stefanini, sendo os últimos sete como CEO Brasil, em uma empresa que valoriza a diversidade, você sai com a sensação de dever cumprido?**

Deixo várias conquistas e realizações, seja nos resultados da empresa, seja pelo crescimento das pessoas – e hoje geramos mais de 13 mil empregos só no Brasil – ou do ambiente de trabalho, mas a sensação é sempre de que ainda há o que executar. Ainda bem, porque uma empresa deve buscar a melhoria contínua, incessantemente. Mas, sim, deixo pronta para que quem vier possa realizar um monte de coisas.

Quanto à diversidade, eu mesma sou um exemplo: uma mulher como CEO de uma multinacional é um atestado disso. Estive recentemente na premiação dos melhores CEOs da Forbes, e lá falei que nunca tive uma gestora, nunca consegui me espelhar em uma mulher. Mas tive a gratidão de ter homens que reconheceram meu valor durante a minha trajetória. 

Estar em uma companhia em que um dos valores claros é a diversidade é muito bom. Não temos um programa formal para incentivar a diversidade; na verdade, não temos barreiras de entrada. E aqui a diversidade não é só de gênero: buscamos incluir os diferentes dentro da organização. Quanto maior a diversidade em uma companhia, mais se traz os perfis do mercado e mais se traz ideias, respeito e colaboração para a equipe.

**3 – Qual é o legado principal que você deixa para a companhia?**

Acredito que o maior legado é a liderança baseada em confiança. Para nós, o trabalho em equipe é essencial. Em uma empresa focada em inovação, a colaboração, sem dúvida, tem de ser um dos pilares. E não há colaboração se não existir confiança. Acredito que, para gerar confiança, o líder não pode só pregar, mas tem também de executar. Considero que agir como falo é um importante legado.

Os valores são muito fortes aqui dentro e precisam estar em sintonia entre todas as pessoas. Em um país como o nosso, onde se questiona uma série de valores, manter isso é um legado imenso. Eu deixo isso, não só para a organização, mas também para meus filhos, para minha família.

**2 – Monica Herrero é uma mulher que gosta de desafios, certo? Quais desafios acredita que vai encontrar como membro do conselho da Stefanini?**

Sim, até por isso estou indo para um novo desafio. No conselho, terei vários. É um ciclo profissional diferente para mim. Vou trocar a cadeira em que estava acostumada a executar para entrar em um processo de participação estratégica, de construção, em que há muito mais questionamentos. Preciso ter cuidado para não entrar na execução, ainda mais com toda a minha história nesta organização. 

Na nova carreira, tenho também o desafio imenso de aumentar o número de mulheres em conselhos no Brasil, porque temos também de começar a conquistar esse espaço. Além de assumir como membro efetivo do conselho da Stefanini em 2020 – em que temos uma das sócias e eu serei ali a primeira mulher independente –, quero participar de outros. 

Então, é uma nova carreira para mim e considero uma troca interessante de experiências. Tudo que é novo nos leva a estudar, a aprender. Isso é maravilhoso, mas também dá um frio na barriga.

**1  – Como é a Monica fora do cenário corporativo?**

Sou extremamente familiar. Costumo dizer que “estou” em várias posições, mas “sou” uma coisa só: mãe. Dessa posição não abro mão de jeito nenhum! Meu marido e meus filhos me deram o equilíbrio para ter conquistado tudo até agora. Estar com eles é muito importante, faço parte da vida deles, assim como eles fazem parte da minha. Não é importante somente eu estar ao lado dos meus filhos, mas eles também precisam estar ao meu lado.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Homo confusus no trabalho: Liderança, negociação e comunicação em tempos de incerteza

Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas – mas sim coragem para sustentar as perguntas certas.
Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
6 de novembro de 2025
Incluir é mais do que contratar - é construir trajetórias. Sem estratégia, dados e cultura de cuidado, a inclusão de pessoas com deficiência segue sendo apenas discurso.

Carolina Ignarra - CEO da Talento Incluir

5 minutos min de leitura
Liderança
5 de novembro de 2025
Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas - mas sim coragem para sustentar as perguntas certas. Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Angelina Bejgrowicz - Fundadora e CEO da AB – Global Connections

12 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
4 de novembro de 2025

Tatiana Pimenta - Fundadora e CEO da Vittude

3 minutos min de leitura
Liderança
3 de novembro de 2025
Em um mundo cada vez mais automatizado, liderar com empatia, propósito e presença é o diferencial que transforma equipes, fortalece culturas e impulsiona resultados sustentáveis.

Carlos Alberto Matrone - Consultor de Projetos e Autor

7 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
1º de novembro de 2025
Aqueles que ignoram os “Agentes de IA” podem descobrir em breve que não foram passivos demais, só despreparados demais.

Atila Persici Filho - COO da Bolder

8 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
31 de outubro de 2025
Entenda como ataques silenciosos, como o ‘data poisoning’, podem comprometer sistemas de IA com apenas alguns dados contaminados - e por que a governança tecnológica precisa estar no centro das decisões de negócios.

Rodrigo Pereira - CEO da A3Data

6 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
30 de ouutubro de 2025
Abandonando o papel de “caçador de bugs” e se tornando um “arquiteto de testes”: o teste como uma função estratégica que molda o futuro do software

Eric Araújo - QA Engineer do CESAR

7 minutos min de leitura
Liderança
29 de outubro de 2025
O futuro da liderança não está no controle, mas na coragem de se autoconhecer - porque liderar os outros começa por liderar a si mesmo.

José Ricardo Claro Miranda - Diretor de Operações da Paschoalotto

2 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
28 de outubro 2025
A verdadeira virada digital não começa com tecnologia, mas com a coragem de abandonar velhos modelos mentais e repensar o papel das empresas como orquestradoras de ecossistemas.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
27 de outubro de 2025
Programas corporativos de idiomas oferecem alto valor percebido com baixo custo real - uma estratégia inteligente que impulsiona engajamento, reduz turnover e acelera resultados.

Diogo Aguilar - Fundador e Diretor Executivo da Fluencypass

4 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)