E o meu sabático foi pro espaço… momentaneamente, espero. Tudo adiado, flutuando no ar – ou melhor, virado de pernas pro ar. Novo normal pra todos nós, não? #blogdodistanciamento
Escrevo este texto na quarta (ou seria na quinta?) semana de distanciamento social. Isolamento, confinamento, quarentena, lockdown… chame como preferir. É a vida em suspensão, sendo bem prático como gosto.
Perplexo, assisto, da noite pro dia, a aparição de neoespecialistas em saúde pública, economia e produtividade armados até os dentes com suas fórmulas mágicas. Todos eles com uma clareza tão incrível da situação. Como podem? Serei eu o único perdido por aqui?
E logo vem a culpa. Por não estar sendo produtivo. Por não estar na liderança do RH de uma grande organização ajudando meus colegas no enfrentamento e superação desta crise. Por saber que a vida segue e não tem tempo para as nossas dúvidas. Por entender que o meu mundo é hoje do tamanho que escolhi que fosse.
Na maior erudição, falávamos até ontem dos desafios de um tal mundo VUCA, sem ter a real noção prática do seu significado. Foi quando a Covid-19 sorriu debochada e, nos confrontando, disse: ´agora entendeu ou quer que eu desenhe?´.
´Tranquilizem-se, viveremos um novo normal´, repetem os gurus de última hora na TV e nas mídias sociais. #bullshit
A primeira reação do ser humano diante de uma crise é buscar certezas. Então, dá-lhe noticiário para ouvir os últimos números de casos, mortes, leitos de UTI disponíveis. No Brasil e no resto do mundo. Prestar bastante atenção no que dizem os especialistas, ah, os ´especialistas´… Ato contínuo, ação. #fiqueemcasa
Entramos no maior experimento coletivo de trabalho remoto da história deste país (involuntariamente!). Ok, bora montar um tremendo home office e ser mais produtivo do que nunca. Nada de deixar de fazer o planejado. O negócio é trabalhar mais horas, em mais projetos, com rapidez ainda maior. Tudo errado. #otirosaipelaculatra
No frenesi da busca por informação, na explosão de lives que invadiu minhas telas, assisti ao Dr. David Rock, médico australiano e CEO do NeuroLeadership Institute. Hello!, disse ele, é como se todos nós tivéssemos sido atropelados juntos. Um acidente violentíssimo! E completou: ´não se iludam, vai ficar muito pior, antes de melhorar´. Como se não bastasse, rogou praga: ‘vamos nos lembrar disso por muito tempo´, antes de recomendar ‘desligue a TV, cuide da saúde e foque em realizar apenas o essencial´. #emojitapanatesta.
Reações instintivas contribuem para o aumento da nossa ansiedade e estresse, e ainda nos empurram para uma espiral negativa. #socorro
#### You get what you need
Tentar resolver todos os problemas do mundo, entrar em debates ideológicos ou opinar sobre algo que você não é autoridade é inútil.
Por isso, foque em você, na família e nos amigos, no cuidado com a saúde e a alimentação, exercite-se e garanta um sono de qualidade. Eu tenho uma motivação clara para não sair de casa: resguardar os meus e também os seus! Você também?
“Os momentos mais felizes da minha vida foram os poucos que passei em casa, no seio da minha família.” – Thomas Jefferson
#### Em frente!
Com o essencial sob controle, ajuste o modus pensandi. Retome lentamente o seu ritmo de trabalho e estabeleça uma rotina. Voltando aos conselhos do Dr. Rock, não se iluda achando que isso #vaipassar rapidamente. Não vai. Evite esse pensamento que só trará frustração. Viva um dia de cada vez, até se sentir seguro para voltar a encarar o tempo dividido por semanas, meses, anos… desacelerar. #sqn
Corra pra se livrar de paradigmas, premissas e convicções. Abra-se ao novo. Liberte-se. Tudo mudou, acorda! Isso fará de você alguém mais bem preparado à retomada – mental e fisicamente falando – da vida.
Não estamos no mesmo barco. Rema daí que eu remo daqui! Cada um de nós vai lidar com essa situação à sua maneira. Mas é tão bacana perceber que nunca estivemos tão juntos nessa aldeia global. Fica a torcida para que o caos nos traga mais empatia, solidariedade e compaixão.
Reflexões sabaticosas.