Gestão de Pessoas

Microgerenciamento: um vilão silencioso

Quando há uma busca excessiva por detalhes, há insegurança. Microgerenciamento é a busca insaciável do inseguro em preencher o vazio que a falta de confiança causa, gerando uma pressão desnecessária na equipe e estimulando um ambiente propício para burnout
Saiu da periferia de Maceió e se tornou executivo do Facebook no Vale do Silício e Sócio da XP Investimentos. É o fundador da Become, empresa de educação executiva e corporativa. É professor de Neurociências, com aulas ministradas na quarta maior universidade do mundo, UC Berkeley, e Singularity University, ambas na Califórnia. Também é professor convidado da Fundação Dom Cabral. Foi o executivo responsável por trazer o Baidu (o Google chinês) para a América Latina. Também liderou startups chinesas de games sociais, como o Colheita Feliz, e o idealizador da ONG chancelada pela ONU e acelerada por Stanford, Ajude o Pequeno. Siga o colunista no Instagram - [@wesleybarbosa] - e ouça o podcast de Wesley Barbosa, [No Brain No Gain](https://open.spotify.com/episode/3LzGWqyWnLSo07gwUkKa6R?si=QLRGTDmPSo-1bOS5FJrdmA&nd=1),

Compartilhar:

O excesso de insegurança dos líderes gera um comportamento muito conhecido no meio corporativo, o microgerenciamento. Um modus operandi que funciona como uma espécie de busca insaciável de se sentir no controle. Além do comportamento não entregar ao indivíduo o que ele busca, isso ainda gera desmotivação e desconfiança por parte do seu time.

Um estudo feito pela [Journal of experimental Psychology](https://psycnet.apa.org/record/2011-09721-001) sugere que pessoas que sentem que estão sendo vigiadas performam em um nível inferior. O estudo revela que “a pressão que induz o monitoramento explícito do desempenho (monitoramento por outros) prejudica o aprendizado da categoria de integração de informações que funciona melhor sem grandes demandas de memória de trabalho e controle de atenção”. O fracasso (e o sucesso) da habilidade depende em parte de como o ambiente de desempenho influencia a atenção, e sobre até que ponto a execução da habilidade depende do controle de atenção de maneira explícito.

Em outras palavras, o desempenho de um profissional pode piorar significantemente caso seu líder esteja gerando uma pressão através do excesso de atenção que este coloca sobre seu trabalho.

De acordo com [algumas pesquisas](https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/12510608/), o microgerenciamento pode ser vantajoso em algumas circunstâncias, como em situações de curta duração onde seja necessário treinar novos profissionais ou aumentar a produtividade dos funcionários de baixo desempenho, e controlar problemas de alto risco (especialmente aqueles em que é preciso um olhar de especialistas). Entretanto, sintomas como baixa moral do time, alto turnover, redução de produtividade e falta de satisfação podem estar diretamente associados ao microgerenciamento.

## Efeitos negativos do microgerenciamento

Os impactos são tão negativos que o microgerenciamento está ranqueado como um dos maiores motivos de pedidos de demissão. Ambos, líderes e liderados, podem desenvolver burnout devido ao ecossistema tóxico criado pela atenção excessiva ao trabalho, e para evitar demissões e mal-estar contínuo, é preciso estabelecer alguns passos importantes:

__1. Tenha consciência do cenário:__ perceba quais comportamentos precisam ser mudados e reflita sobre o impacto que ele pode causar e como você pode gerenciá-lo;

__2. Encontre referências:__ busque líderes mais seniores para te ajudar a entender como se posicionar e criar estratégias para unir, dar voz e fortificar o time;

__3. Autoavaliação:__ crie consciência sobre tua participação no ecossistema do microgerenciamento. Perguntas como “o que eu faço para contribuir para isso” ou “há algo que posso fazer para ajudar” te posicionam para a perspectiva correta para agir;

__4. Estabelecer gestão por resultados, não por esforço:__ a verdadeira tarefa é encontrar um equilíbrio entre cumprir com eficácia as obrigações diárias e planejar estrategicamente para o futuro. Alinhe o que você espera se seus liderados e mantenha a comunicação ativa sobre o que eles sabem que se espera deles. Com metas claras, fica mais fácil de gerir os resultados por etapas. A sugestão é fazer checkins periódicos, sugerido por todos;

__5. Delegue com autonomia:__ “contrate pessoas boas e as deixem em paz”: a máxima de William L. McKnight, ex-CEO da 3M, se faz necessária aqui. O segredo de uma boa gestão por autonomia é a contratação assertiva. Assim, conheça melhor seu time, alinhe os profissionais de acordo com os valores e cultura existente, além de manter todos integrados.

A pesquisa ainda aponta que a delegação adequada de tarefas pode ser a chave primária para combater o comportamento de microgerenciamento; no entanto, algumas outras sugestões incluem:

• Desenhar uma visão do futuro do time;

• Contratar pessoas por caráter e habilidades esperadas;

• Desenvolver cultura de valores e comportamentos;

• Criar um processo claro de alinhamento entre todos;

• Estruturar processos que preveem erros, para diminuir a pressão entre os colaboradores sobre riscos.

A conclusão é que o microgerenciamento está presente em todos os níveis da empresa, mas especialmente entre novos líderes, que utilizam do mecanismo para preencher a ausência da confiança que muitas vezes é proveniente de uma boa experiência em gestão.

Uma vez que esse líder começa a subir de hierarquia, ele leva consigo uma “resposta de sobrevivência”. Portanto, se torna extremamente crucial de priorizar o treinamento desses novos gestores, para que tenhamos uma mudança significativa na educação da liderança corporativa em uma de suas principais raízes.

Trago mais estratégias para somar estas acima no episódio *#111 do No Brain No Gain Cast*, que pode te ajudar a estruturar uma mudança estrutural no teu time de forma sustentável e iminente.

*Gostou do artigo do Wesley Barbosa? Saiba mais sobre microgerenciamento, liderança e gestão de pessoas assinando gratuitamente [nossas newsletters](https://www.revistahsm.com.br/newsletter) e escutando [nossos podcasts](https://www.revistahsm.com.br/podcasts) em sua plataforma de streaming favorita.*

Compartilhar:

Saiu da periferia de Maceió e se tornou executivo do Facebook no Vale do Silício e Sócio da XP Investimentos. É o fundador da Become, empresa de educação executiva e corporativa. É professor de Neurociências, com aulas ministradas na quarta maior universidade do mundo, UC Berkeley, e Singularity University, ambas na Califórnia. Também é professor convidado da Fundação Dom Cabral. Foi o executivo responsável por trazer o Baidu (o Google chinês) para a América Latina. Também liderou startups chinesas de games sociais, como o Colheita Feliz, e o idealizador da ONG chancelada pela ONU e acelerada por Stanford, Ajude o Pequeno. Siga o colunista no Instagram - [@wesleybarbosa] - e ouça o podcast de Wesley Barbosa, [No Brain No Gain](https://open.spotify.com/episode/3LzGWqyWnLSo07gwUkKa6R?si=QLRGTDmPSo-1bOS5FJrdmA&nd=1),

Artigos relacionados

China

O Legado do Progresso

A celebração dos 120 anos de Deng Xiaoping destaca como suas reformas revolucionaram a China, transformando-a em uma potência global e marcando uma era de crescimento econômico, inovação e avanços sociais sem precedentes.

Calendário

Não, o ano ainda não acabou!

Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

Liderança, Times e Cultura
Conheça os 6 princípios da Liderança Ágil que você precisa manter a atenção para garantir que as estratégias continuem condizentes com o propósito de sua organização.
3 min de leitura
Uncategorized
Há alguns anos, o modelo de capitalismo praticado no Brasil era saudado como um novo e promissor caminho para o mundo. Com os recentes desdobramentos e a mudança de cenário para a economia mundial, amplia-se a percepção de que o modelo precisa de ajustes que maximizem seus aspectos positivos e minimizem seus riscos

Sérgio Lazzarini

Gestão de Pessoas
Os resultados só chegam a partir das interações e das produções realizadas por pessoas. A estreia da coluna de Karen Monterlei, CEO da Humanecer, chega com provocações intergeracionais e perspectivas tomadas como normais.

Karen Monterlei

Liderança, times e cultura, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
Entenda como utilizar a metodologia DISC em quatro pontos e cuidados que você deve tomar no uso deste assessment tão popular nos dias de hoje.

Valéria Pimenta

Inovação
Os Jogos Olímpicos de 2024 acabaram, mas aprendizados do esporte podem ser aplicados à inovação organizacional. Sonhar, planejar, priorizar e ter resiliência para transformar metas em realidade, são pontos que o colunista da HSM Management, Rafael Ferrari, nos traz para alcançar resultados de alto impacto.

Rafael Ferrari

6 min de leitura
Liderança, times e cultura, ESG
Conheça as 4 skills para reforçar sua liderança, a partir das reflexões de Fabiana Ramos, CEO da Pine PR.

Fabiana Ramos

ESG, Empreendedorismo, Transformação Digital
Com a onda de mudanças de datas e festivais sendo cancelados, é hora de repensar se os festivais como conhecemos perdurarão mais tempo ou terão que se reinventar.

Daniela Klaiman

ESG, Inteligência artificial e gestão, Diversidade, Diversidade
Racismo algorítimico deve ser sempre lembrado na medida em que estamos depositando nossa confiança na inteligência artificial. Você já pensou sobre esta necessidade neste futuro próximo?

Dilma Campos

Inovação
A transformação da cultura empresarial para abraçar a inovação pode ser um desafio gigante. Por isso, usar uma estratégia diferente, como conectar a empresa a um hub de inovação, pode ser a chave para desbloquear o potencial criativo e inovador de uma organização.

Juliana Burza

ESG, Diversidade, Diversidade, Liderança, times e cultura, Liderança
Conheça os seis passos necessários para a inserção saudável de indivíduos neuroatípicos em suas empresas, a fim de torná-las também mais sustentáveis.

Marcelo Franco