Diversidade, Liderança

Misoginia e omissão: a comunicação como ferramenta de retrocesso

O discurso do combate à misoginia, ao sexismo e ao machismo dura pouco quando olharmos para realidade dentro e fora das empresas, e na emissão de mensagens contra mulheres nas redes sociais
Fundadora da #JustaCausa, do programa #lídercomneivia e dos movimentos #ondeestãoasmulheres e #aquiestãoasmulheres

Compartilhar:

Que futuro tem um País em que a vilania distorce a realidade, construindo narrativas falsas a serviço da manutenção de interesses espúrios de grupos específicos?

Como é possível que autores de qualquer tipo de comunicação, que exponha e ofenda pessoas, manchando ou comprometendo suas reputações, possam permanecer impunes?

Onde está a justiça? E quando essa máquina de comunicação falsa utiliza requintes de misoginia com uma clara motivação política?

Antes de prosseguir nessa conversa, vale esclarecer alguns conceitos: misoginia é um termo usado para definir sentimentos de aversão, repulsa ou desprezo pelas mulheres e valores femininos. A palavra é oriunda do grego “miseo” – ódio e “gyne” – mulheres.

Misoginia, machismo e sexismo são três conceitos interligados que, infelizmente, seguem fundamentando a [violência contra a mulher aqui no Brasil](https://www.revistahsm.com.br/post/sororidade-e-pratica-coletiva).

A misoginia é um sentimento de aversão patológico pelo feminino, traduzido em comportamentos, opiniões e atitudes machistas que visam a manutenção das desigualdades e da hierarquia entre os gêneros, alimentando a crença de superioridade do poder e da figura masculina.

O sexismo é o conjunto de atitudes discriminatórias e de objetificação sexual, fundamentado em estereótipos, para estabelecer o papel social que cada gênero deve exercer.

Embora tenhamos avançado bastante, nos últimos 50 anos, no combate à misoginia, machismo e sexismo aqui no Brasil, volta e meia nos deparamos com episódios públicos repugnantes que cheiram a naftalina e a enxofre, tamanho é o retrocesso e a violência que eles retratam do nosso atual momento.

## Engajamento machista, de efeito sexista e misógino

Fevereiro começou com um desses tristes e grotescos episódios: um vídeo anônimo, debochado e ofensivo, construído a partir de falas descontextualizadas de mulheres da concessionária responsável pela obra da linha 6 do metrô de São Paulo, foi criminalmente viralizado nas redes sociais para nos fazer acreditar que o acidente ocorrido na obra é responsabilidade e fruto da incompetência dessas mulheres.

Episódios como esse deveriam inspirar indignação e mobilização coletiva. E por que não inspiram? Por que a esmagadora maioria das manifestações de repúdio e apoio tem vindo das mulheres?

Onde estão os homens líderes que não se posicionam? Por que eles não usam seu lugar de poder e sua influência para demonstrar solidariedade e repúdio a um ato criminoso como esse?

Cadê o discurso, na prática? O que explica a omissão e o silêncio ensurdecedor de incontáveis líderes empresariais que se dizem antimachistas, inclusivos e promotores da igualdade de gênero?

Por que eles permanecem calados, mantendo-se alienados da realidade? Cadê a empatia e o respeito à diversidade de que tanto falam? E se uma dessas [mulheres violentamente ofendidas](https://www.revistahsm.com.br/post/onde-estao-as-mulheres-da-sua-empresa) fosse a mãe, a esposa, a filha, a nora, a sobrinha, a afilhada deles, será que se engajariam nessa justa causa?

Como dizia Martin Luther King, “o que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons”.

*Gostou do artigo da Neivia Justa? Confira conteúdos semelhantes assinando [nossas newsletters](https://www.revistahsm.com.br/newsletter) e escutando [nossos podcasts](https://www.revistahsm.com.br/podcasts) em sua plataforma de streaming favorita.*

Compartilhar:

Artigos relacionados

Calendário

Não, o ano ainda não acabou!

Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

Empreendedorismo
Um guia para a liderança se antecipar às consequências não intencionais de suas decisões

Lilian Cruz e Andréa Dietrich

4 min de leitura
ESG
Entre nós e o futuro desejado, está a habilidade de tecer cada nó de um intricado tapete que une regeneração, adaptação e compromisso climático — uma jornada que vai de Baku a Belém, com a Amazônia como palco central de um novo sistema econômico sustentável.

Bruna Rezende

5 min de leitura
ESG
Crescimento de reclamações à ANS reflete crise na saúde suplementar, impulsionada por reajustes abusivos e falta de transparência nos planos de saúde. Empresas enfrentam desafios para equilibrar custos e atender colaboradores. Soluções como auditorias, BI e humanização do atendimento surgem como alternativas para melhorar a experiência dos beneficiários e promover sustentabilidade no setor.
4 min de leitura
Finanças
Brasil enfrenta aumento de fraudes telefônicas, levando Anatel a adotar medidas rigorosas para proteger consumidores e empresas, enquanto organizações investem em tecnologia para garantir segurança, transparência e uma comunicação mais eficiente e personalizada.

Fábio Toledo

4 min de leitura
Finanças
A recente vitória de Donald Trump nos EUA reaviva o debate sobre o protecionismo, colocando em risco o acesso do Brasil ao segundo maior destino de suas exportações. Porém, o país ainda não está preparado para enfrentar esse cenário. Sua grande vulnerabilidade está na dependência de um número restrito de mercados e produtos primários, com pouca diversificação e investimentos em inovação.

Rui Rocha

0 min de leitura
Finanças
O Revenue Operations (RevOps) está em franca expansão global, com estimativa de que 75% das empresas o adotarão até 2025. No Brasil, empresas líderes, como a 8D Hubify, já ultrapassaram as expectativas, mais que dobrando o faturamento e triplicando o lucro ao integrar marketing, vendas e sucesso do cliente. A Inteligência Artificial é peça-chave nessa transformação, automatizando interações para maior personalização e eficiência.

Fábio Duran

3 min de leitura
Empreendedorismo
Trazer os homens para a discussão, investir em ações mais intencionais e implementar a licença-paternidade estendida obrigatória são boas possibilidades.

Renata Baccarat

4 min de leitura
Uncategorized
Apesar de ser uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de colaboradores, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) vem sendo negligenciado por empresas no Brasil. Pesquisa da Mereo mostra que apenas 60% das companhias avaliadas possuem PDIs cadastrados, com queda no engajamento de 2022 para 2023.

Ivan Cruz

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mundo dos negócios, mas seu avanço rápido exige uma discussão sobre regulamentação. Enquanto a Europa avança com regras para garantir benefícios éticos, os EUA priorizam a liberdade econômica. No Brasil, startups e empresas se mobilizam para aproveitar as vantagens competitivas da IA, mas aguardam um marco legal claro.

Edmee Moreira

4 min de leitura
ESG
A gestão de riscos psicossociais ganha espaço nos conselhos, impulsionada por perdas estimadas em US$ 3 trilhões ao ano. No Brasil, a atualização da NR1 exige que empresas avaliem e gerenciem sistematicamente esses riscos. Essa mudança reflete o reconhecimento de que funcionários saudáveis são mais produtivos, com estudos mostrando retornos de até R$ 4 para cada R$ 1 investido

Ana Carolina Peuker

4 min de leitura