Gestão de pessoas, Liderança

Movimento Yolo: o que podemos enfrentar daqui para frente?

Contra a infelicidade no ambiente de trabalho, Movimento Yolo procura mudar o posicionamento de lideranças de RH em defesa de mais autonomia e propósito de vida
É sócia da House of Feelings, primeira escola de sentimentos do mundo.

Compartilhar:

Não há dúvidas que a pandemia mudou profundamente a maneira como vivemos. Contudo, será que a situação presente há um ano e meio influenciou no nível de felicidade do brasileiro? Segundo a pesquisa *Bem-Estar Trabalhista, Felicidade e Pandemia*, divulgada pela FGV Social, a resposta é sim.

A felicidade média no Brasil, em uma escala de 1 a 10, chegou a 6,1 em 2020 – 0,4 ponto menor do que a registrada no ano anterior. A nota é a menor desde 2006, quando a medição foi iniciada, e é a maior queda entre 40 países pesquisados.

Essa infelicidade acaba sendo refletida, ou até mesmo causada, no trabalho. Um levantamento da International Stress Management Association (Isma Brasil) apontou que 72% dos entrevistados estão insatisfeitos com o trabalho. E os motivos? Para 89% das pessoas a questão é o reconhecimento, em 78% dos casos é o excesso de tarefas e para 63% a infelicidade está relacionada com problemas de relacionamento. Questões agravadas principalmente pelo home office, que muitas vezes diminui o contato humano e aumenta a carga de trabalho.

Uma pesquisa mundial da Microsoft mostrou que 40% dos trabalhadores estavam pensando em deixar o trabalho ainda em 2021. E no Brasil, a situação é bem pior: dados da empresa de recrutamento Catho mostraram que 92% dos brasileiros desejam mudar de emprego.

Seja por necessidade, oportunidade ou mesmo vontade de mudar completamente de vida, todos os dados acima se refletem tanto na quantidade de empresas abertas como também no registro de novas marcas.

O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) divulgou que os registros de novas marcas aumentaram quase 42% entre julho de 2020 e junho de 2021. E um levantamento do Sebrae mostrou que mais de 1 milhão de pequenas e microempresas foram abertas entre janeiro e abril de 2021.

## Fenômeno Yolo

Na contramão de dados, estatísticas e realidades que refletem o grau de infelicidade, o movimento de mudar radicalmente de vida tem nome: Yolo. Sigla em inglês para ‘You only live once’ (você só vive uma vez, na tradução em português). A ideia tem conquistado principalmente os[ millennials – pessoas que nasceram entre 1981 e 1995](https://www.revistahsm.com.br/post/nao-e-apenas-cringe-impactos-das-geracoes-nas-estrategias-de-cx). Para que continuar infeliz fazendo algo que não se gosta quando é possível viver com um propósito maior?

É justamente dessa maneira que essas pessoas pensam. E as estruturas tradicionais de RH podem não estar prontas para lidar com essa realidade.

Em primeiro lugar, é preciso trabalhar com seriedade a retenção de talentos. Até porque ouvir ‘eu desisto’ de um colaborador importante é capaz de dar arrepios a qualquer um. Essas pessoas precisam avaliar melhor a ideia de que será bom abandonar sua organização atual pelo que esperam ser um futuro melhor em outro lugar.

Para isso, é preciso prestar atenção em cada colaborador. A organização precisa não apenas falar com cada profissional, mas também ser treinado para ouvir e aprender abertamente. Construir e apoiar processos que permitam compartilhar feedbacks honestos pode ajudar a identificar tendências, lacunas e oportunidades. Essa abordagem também pode revelar preocupações antes que afetem negativamente a retenção.

Outra questão é um replanejamento dos benefícios. Junto com a descoberta do que cada membro da equipe pensa e sente, é fundamental repensar o que é oferecido. Boas opções, pensando na realidade atual, incluem terapias, atividades online como ioga e uma bonificação para quem trabalha em casa – valor que será usado para custear internet e luz, por exemplo.

Repense também a sua necessidade de talentos. Por mais que seja confortável focar em preencher as pessoas que você já perdeu, procurando aquelas com habilidades e experiências semelhantes, você terá uma oportunidade de ouro de repensar o que sua organização precisa fazer para seguir em frente.

Identifique lacunas de talentos e redirecione suas estratégias de recrutamento para atrair pessoas que irão gerar sucesso no futuro. Analise os desafios mais significativos e que tipo de colaboradores o ajudará a superá-los. Procure pessoas que aprimoraram suas habilidades de trabalho remoto. Mesmo que você planeje trazer a maioria das pessoas de volta ao escritório, é provável que encontre novas demandas de trabalho remoto dos próprios funcionários ou da necessidade de cortar seus custos operacionais.

## Liderança e autonomia dos colaboradores

Esses pontos acima mencionados são de extrema importância, mas será que é só isso? Tomei conhecimento que a pandemia trouxe uma sensação para os jovens de estarem “livres” do gestor, de não estarem sendo “vigiados” o tempo todo e terem autonomia para fazerem o que for preciso, uma sensação de respiro por parte da equipe, foi uma das grandes questões que apareceram.

Acredito que cabe aqui uma boa reflexão aos líderes pelo seu estilo de guiar e comandar. Pode ser que o problema nem seja o estilo do líder, mas precisamos nos ater ao que as pessoas sentem e pode ser somente um sentimento, mas que pode levar a pessoa a ter decisões radicais na carreira. [Todo movimento precisa ser ouvido na sua intimidade](https://www.revistahsm.com.br/post/os-novos-ecossistemas-que-influenciam-a-geracao-z), pois representa o que é sentido e não dito pelas pessoas.

O sucesso pós-pandemia depende da capacidade dos times de RH, em conjunto com a liderança da empresa, de pensar e liderar de maneira diferente. Uma abordagem mais centrada no colaborador criará um ambiente positivo e uma força de trabalho mais leal.

*Gostou do artigo da Lisia Prado? Saiba mais sobre liderança e gestão de pessoas assinando gratuitamente [nossas newsletters](https://www.revistahsm.com.br/newsletter) e escutando [nossos podcasts](https://www.revistahsm.com.br/podcasts) em sua plataforma de streaming favorita.*

Compartilhar:

Artigos relacionados

Mercado de RevOps desponta e se destaca com crescimento acima da média 

O Revenue Operations (RevOps) está em franca expansão global, com estimativa de que 75% das empresas o adotarão até 2025. No Brasil, empresas líderes, como a 8D Hubify, já ultrapassaram as expectativas, mais que dobrando o faturamento e triplicando o lucro ao integrar marketing, vendas e sucesso do cliente. A Inteligência Artificial é peça-chave nessa transformação, automatizando interações para maior personalização e eficiência.

Uso de PDI tem sido negligenciado nas companhias

Apesar de ser uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de colaboradores, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) vem sendo negligenciado por empresas no Brasil. Pesquisa da Mereo mostra que apenas 60% das companhias avaliadas possuem PDIs cadastrados, com queda no engajamento de 2022 para 2023.

Regulamentação da IA: Como empresas podem conciliar responsabilidades éticas e inovação? 

A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mundo dos negócios, mas seu avanço rápido exige uma discussão sobre regulamentação. Enquanto a Europa avança com regras para garantir benefícios éticos, os EUA priorizam a liberdade econômica. No Brasil, startups e empresas se mobilizam para aproveitar as vantagens competitivas da IA, mas aguardam um marco legal claro.

Governança estratégica: a gestão de riscos psicossociais integrada à performance corporativa

A gestão de riscos psicossociais ganha espaço nos conselhos, impulsionada por perdas estimadas em US$ 3 trilhões ao ano. No Brasil, a atualização da NR1 exige que empresas avaliem e gerenciem sistematicamente esses riscos. Essa mudança reflete o reconhecimento de que funcionários saudáveis são mais produtivos, com estudos mostrando retornos de até R$ 4 para cada R$ 1 investido

Finanças
O Revenue Operations (RevOps) está em franca expansão global, com estimativa de que 75% das empresas o adotarão até 2025. No Brasil, empresas líderes, como a 8D Hubify, já ultrapassaram as expectativas, mais que dobrando o faturamento e triplicando o lucro ao integrar marketing, vendas e sucesso do cliente. A Inteligência Artificial é peça-chave nessa transformação, automatizando interações para maior personalização e eficiência.

Fábio Duran

3 min de leitura
Empreendedorismo
Trazer os homens para a discussão, investir em ações mais intencionais e implementar a licença-paternidade estendida obrigatória são boas possibilidades.

Renata Baccarat

4 min de leitura
Uncategorized
Apesar de ser uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de colaboradores, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) vem sendo negligenciado por empresas no Brasil. Pesquisa da Mereo mostra que apenas 60% das companhias avaliadas possuem PDIs cadastrados, com queda no engajamento de 2022 para 2023.

Ivan Cruz

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mundo dos negócios, mas seu avanço rápido exige uma discussão sobre regulamentação. Enquanto a Europa avança com regras para garantir benefícios éticos, os EUA priorizam a liberdade econômica. No Brasil, startups e empresas se mobilizam para aproveitar as vantagens competitivas da IA, mas aguardam um marco legal claro.

Edmee Moreira

4 min de leitura
ESG
A gestão de riscos psicossociais ganha espaço nos conselhos, impulsionada por perdas estimadas em US$ 3 trilhões ao ano. No Brasil, a atualização da NR1 exige que empresas avaliem e gerenciem sistematicamente esses riscos. Essa mudança reflete o reconhecimento de que funcionários saudáveis são mais produtivos, com estudos mostrando retornos de até R$ 4 para cada R$ 1 investido

Ana Carolina Peuker

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
Conheça o conceito de Inteligência Cultural e compreenda os três pilares que vão te ajudar a trazer clareza e compreensão para sua comunicação interpessoal (e talvez internacional)

Angelina Bejgrowicz

4 min de leitura
Liderança
Entenda como construir um ambiente organizacional que prioriza segurança psicológica, engajamento e o desenvolvimento genuíno das equipes.

Athila Machado

6 min de leitura
Empreendedorismo
Após a pandemia, a Geração Z que ingressa no mercado de trabalho aderiu ao movimento do "quiet quitting", realizando apenas o mínimo necessário em seus empregos por falta de satisfação. Pesquisa da Mckinsey mostra que 25% da Geração Z se sentiram mais ansiosos no trabalho, quase o dobro das gerações anteriores. Ambientes tóxicos, falta de reconhecimento e não se sentirem valorizados são alguns dos principais motivos.

Samir Iásbeck

4 min de leitura
Empreendedorismo
Otimizar processos para gerar empregos de melhor qualidade e remuneração, desenvolver produtos e serviços acessíveis para a população de baixa renda e investir em tecnologias disruptivas que possibilitem a criação de novos modelos de negócios inclusivos são peças-chave nessa remontagem da sociedade no mundo

Hilton Menezes

4 min de leitura
Finanças
Em um mercado cada vez mais competitivo, a inovação se destaca como fator crucial para o crescimento empresarial. Porém, transformar ideias inovadoras em realidade requer compreender as principais fontes de fomento disponíveis no Brasil, como BNDES, FINEP e Embrapii, além de adotar uma abordagem estratégica na elaboração de projetos robustos.

Eline Casalosa

4 min de leitura