Estávamos na reta final desta edição quando houve as homenagens ao pugilista Muhammad Ali, morto no início de junho. Não pude deixar de associá-lo ao conteúdo das próximas páginas.
O gatilho talvez tenha sido nossa reportagem sobre como as empresas podem blindar-se contra a corrupção tornando-se comunidades morais, por duas razões: a imagem que a ilustra é de um boxeador e Ali foi incorruptível em seus valores morais, mesmo buscando sempre vencer. Essa matéria, baseada em pesquisas, é um alento nos tempos atuais, mas não foi a única correspondência que notei entre Ali e a revista.
Sei que é quase inacreditável que uma só pessoa tenha feito tanto pela história do boxe, pela história do movimento negro e pela história do mundo, mas, quando olhamos estas páginas, ficamos com a sensação de que os executivos seniores estão sendo chamados a fazer tanta história quanto Ali.
Por exemplo, parece que foi ontem que as organizações migraram da orientação para vendas para a orientação para o cliente (ou mercado). Não foi? Pois, agora, precisam voltar a ter orientação para vendas em paralelo, incorporando muito conteúdo e tecnologia, como mostra nosso utilíssimo Dossiê, que aborda novidades como a prospecção de novos clientes que não é feita pelos vendedores.
Outro round está na necessidade de formar lideranças cada vez mais rápido, “trocando o pneu com o carro em movimento”, como se diz por aí, e muitos dos métodos usuais de desenvolvimento não dão conta desse recado. Resta recorrer ao action learning, abordagem criada depois da Segunda Guerra Mundial e popularizada no meio empresarial há uns 30 anos, que nossa reportagem explica muito bem e que a diretora da HSM Educação Executiva Angela Fleury complementa na última página.
Um desafiante é a geração Y, que aos poucos vai se tornando a maioria da mão de obra e da clientela e que demanda um ambiente de trabalho mais romântico, onde haja mistério, surpresas, perda de controle etc. Dá para oferecer isso? Segundo o best-seller alemão Tim Leberecht, que virá na próxima HSM ExpoManagement, em novembro, dá. (E espere só pelas demandas da geração Minecraft…) A geração Y, aliás, também é a propulsora de grandes mudanças na gestão do desempenho, como prova a evolução da avaliação anual para a avaliação contínua. A tecnologia tem grande papel nisso, e aqui vai uma dica: se você não leu o guia da transformação digital da revista 116 extra (exclusivamente digital), leia já. Um gancho de direita inesperado, contudo, é que ser uma empresa já digital não garante nada.
Se garantisse, Apple, Google, Facebook e Alibaba não estariam correndo atrás de Hollywood, na cola da Netflix. Não está fácil para ninguém… Por fim, algumas empresas parecem estar sendo mais rápidas para adaptar suas estratégias de luta, como a Bayer, que criou uma rede social do agronegócio, e a Suzano, transformando-se em três grandes frentes. Não perca essas duas histórias.
Não é só a crise brasileira. Ou só o Brexit, na Europa. Quase tudo que nós, executivos do mundo, estamos vivendo é como se Ali chamasse Foreman para lutar na África de novo. Que o resultado seja bom!