Uncategorized

Multiculturalismo, um fator estratégico

Country manager da Eventbrite Brasil, subsidiária da plataforma líder global em tecnologia para eventos, de origem norte-americana. Nasceu em Portugal.

Compartilhar:

As grandes inovações partem de mentes disruptivas, que geram possibilidades no presente para criar o futuro. Essa afirmação vem ao encontro das experiências empíricas ao longo de minha carreira, com introdução ao multiculturalismo e miscigenação profissional, uma vez que sou português, vivo no Brasil e sou executivo de uma multinacional norte-americana, a Eventbrite.

A miscigenação e o multiculturalismo profissional são cada vez mais vistos como elementos estratégicos em uma organização, no sentido de que agregam valor. Mas, para isso, é preciso entender que esse processo deve ser orgânico e não estimulado. Segundo a teoria das instituições exponenciais defendida por Salim Ismail, cofundador da Singularity University, no livro _Organizações Exponenciais_, uma empresa, global ou não, é preciso haver uma mistura de colaboradores que agregam experiências diferentes em um mesmo local. Isso porque uma instituição composta por ideias novas e visões diferentes sobre o mercado evolui muito mais rápido. E, nesse quesito, a experiência internacional ajuda muito – ainda que não seja obrigatória. O multiculturalismo é importante especialmente para o indivíduo, pois significa exposição ao risco e também ao novo.

Gostaria de compartilhar com o leitor a história da minha primeira startup, a Piensa en Red, uma rede social, e como ela contribuiu para acelerar a miscigenação. Comecei a falar sobre a empresa com meus futuros sócios, quatro amigos que fiz na França, quando ainda estava na faculdade, e decidimos montá-la em Madri. Era meu primeiro trabalho fora da universidade.

Passei meses pensando em como poderia seguir com essa ideia, mas não tinha acesso à informação que temos hoje. Pensava em tudo que poderia dar errado, tudo que é negativo. Lembro-me de ir dirigindo de Paris para Madri, chegar ao escritório e pensar – e agora? O que vamos fazer? Passei uma semana dormindo no escritório enquanto procurava uma casa para alugar e, ao mesmo tempo, tentava levantar capital, nosso maior objetivo então. Começar uma startup era bem mais caro naquela época do que é hoje, mas, mesmo assim, em um mês conseguimos obter o capital, arrumei uma casa para morar e tudo foi mais natural do que os monstros que eu mesmo havia criado em minha cabeça.

A lição que aprendi com a Piensa en Red foi: é importante pensar nas consequências das decisões que tomo, mas não demais. Deve haver um limite para ponderar prós e contras. Esse equilíbrio me ajudou a decidir ir para os Estados Unidos, para o Chile e, depois, vir ao Brasil, e me fez ficar ainda mais multicultural do que eu já era.

Atualmente, empresas brasileiras e estrangeiras têm apostado na miscigenação profissional, mas esse fato ainda se aplica em grande parte a cargos estratégicos. Seria bom que profissionais de outras nacionalidades com alto valor por conta de suas experiências e seu empreendedorismo de vida ocupassem uma maior variedade de cargos.

Para encerrar, tenho um conselho sobre multiculturalismo a dar a brasileiros que atuam em empresas multinacionais sediadas no Brasil: prepare-se para enfrentar situações estranhas, tais como hábitos que não são normais em sua cultura, pois é isso que vai enriquecer suas formas de ver o mundo e o mercado, e seu estilo de atuação. Mas, sobretudo, não tente se adaptar à cultura de origem da companhia. Manter sua originalidade é o que trará riqueza, a você e à empresa. Ceder à cultura mais forte só fará com que sua organização perca o diferencial e a essência.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Liderança
14 de novembro de 2025
Como dividir dúvidas, receios e decisões no topo?

Rubens Pimentel - CEO da Trajeto Desenvolvimento Empresarial

2 minutos min de leitura
Sustentabilidade
13 de novembro de 2025
O protagonismo feminino se consolidou no movimento com a Carta das Mulheres para a COP30

Luiza Helena Trajano e Fabiana Peroni

5 min de leitura
ESG, Liderança
13 de novembro de 2025
Saiba o que há em comum entre o desengajamento de 79% da força de trabalho e um evento como a COP30

Viviane Mansi - Conselheira de empresas, mentora e professora

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
12 de novembro de 2025
Modernizar o prazo de validade com o conceito de “best before” é mais do que uma mudança técnica - é um avanço cultural que conecta o Brasil às práticas globais de consumo consciente, combate ao desperdício e construção de uma economia verde.

Lucas Infante - CEO da Food To Save

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, ESG
11 de novembro de 2025
Com a COP30, o turismo sustentável se consolida como vetor estratégico para o Brasil, unindo tecnologia, impacto social e preservação ambiental em uma nova era de desenvolvimento consciente.

André Veneziani - Vice-Presidente Comercial Brasil & América Latina da C-MORE Sustainability

3 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
10 de novembro de 2025
A arquitetura de software deixou de ser apenas técnica: hoje, ela é peça-chave para transformar estratégia em inovação real, conectando visão de negócio à entrega de valor com consistência, escalabilidade e impacto.

Diego Souza - Principal Technical Manager no CESAR, Dayvison Chaves - Gerente do Ambiente de Arquitetura e Inovação e Diego Ivo - Gerente Executivo do Hub de Inovação, ambos do BNB

8 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
7 de novembro de 2025
Investir em bem-estar é estratégico - e mensurável. Com dados, indicadores e integração aos OKRs, empresas transformam cuidado com corpo e mente em performance, retenção e vantagem competitiva.

Luciana Carvalho - CHRO da Blip, e Ricardo Guerra - líder do Wellhub no Brasil

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
6 de novembro de 2025
Incluir é mais do que contratar - é construir trajetórias. Sem estratégia, dados e cultura de cuidado, a inclusão de pessoas com deficiência segue sendo apenas discurso.

Carolina Ignarra - CEO da Talento Incluir

5 minutos min de leitura
Liderança
5 de novembro de 2025
Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas - mas sim coragem para sustentar as perguntas certas. Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Angelina Bejgrowicz - Fundadora e CEO da AB – Global Connections

12 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
4 de novembro de 2025
Na era da hiperconexão, encerrar o expediente virou um ato estratégico - porque produtividade sustentável exige pausas, limites e líderes que valorizam o tempo como ativo de saúde mental.

Tatiana Pimenta - Fundadora e CEO da Vittude

3 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)