Uncategorized

Multiplicação das líderes

O círculo é virtuoso: a Lectra, empresa que desenvolve soluções tecnológicas para a indústria da moda, é dirigida por uma mulher, Adriana Vono Papavero, que coloca mais mulheres na gestão
Sandra Regina da Silva é colaboradora de HSM Management.

Compartilhar:

> **Saiba mais sobre  Adriana Papavero**
>
> Quem é: Diretora da Lectra para a América do Sul. 
>
> Formação: Graduação e MBA em marketing pela ESPM-SP. 
>
> Carreira: Estagiária da GGTech, empresa de máquinas para confecções (1988-1990), gerente de marketing e da área comercial da Lectra (1990-2006) e diretora comercial do WGSN, site  de pesquisa de tendências  de moda (2007-2010).

Você ouve a expressão “fast fashion” e logo pensa no varejo mudando suas coleções de roupa freneticamente ao longo do ano. Mas já imaginou um conceito similar aplicado ao setor automobilístico ou ao moveleiro? Pois montadoras de veículos e fabricantes de móveis também vêm se preocupando com a velocidade de entrega de estofamentos de carros e air bags, de sofás e poltronas. 

E acelerar é possível graças a soluções tecnológicas como as da empresa francesa Lectra, que, além de automatizar e otimizar, aceleram os processos de design, desenvolvimento e produção. A Lectra vem ganhando cada vez mais espaço entre as empresas brasileiras, tendo em seu comando uma pessoa com duas características muito destacadas na atualidade: mulher e jovem. 

Adriana Vono Papavero assumiu a direção geral da subsidiária da Lectra para a América do Sul em 2010, aos 33 anos, substituindo o francês Edouard Macquin, que estava havia uma década no comando. E ela ousou colocar mais mulheres em posições de gestão. Nesta entrevista exclusiva, Papavero explica iniciativas como essa e os desafios de seu negócio.

**Quais foram os principais desafios ao assumir o cargo?**

A estruturação da equipe foi um desafio bem grande –e continua sendo. Comecei por contratar meus pilares, que são os gerentes de marketing, de serviços, administrativo e financeiro, além de um líder de software na parte de treinamento e consultoria –um mercado grande para a Lectra atualmente. Agora estou contratando um gerente comercial. Pus muitas mulheres na equipe, porque havia desproporcionalmente mais homens. Tenho facilidade de trabalhar com mulheres e fiz a virada. Hoje a relação de gêneros se equilibrou: entre os gestores e na equipe comercial, é meio a meio. A área técnica ainda é principalmente masculina, mas temos uma gerente de serviços.

**Houve resistência à virada?**

Não, aconteceu naturalmente. Desde 2013 está havendo um processo de transformação da empresa em nível mundial, no qual já foram investidos 50 milhões de euros, e muitas pessoas saíram, nos 32 países onde estamos, por não terem o perfil desejado para a Lectra de amanhã –principalmente na área de pesquisa e desenvolvimento e nas equipes comercial e de marketing. Na América do Sul, incluindo o Brasil, além de mudarmos, crescemos: nosso quadro é cerca de 25% maior, principalmente nas posições estratégicas. O Brasil é um dos cinco focos principais da empresa, ao lado de China, Itália, Alemanha e Estados Unidos.

**Esse movimento de ter mais mulheres é mundial?** 

Foi mais brasileiro. Três filiais são comandadas por mulheres –Brasil, França e Espanha– e, dos cinco diretores-gerais da empresa, uma é mulher.

**Mulheres na liderança fazem diferença?** 

Em minha opinião, as mulheres costumam trazer uma visão mais humanista à maneira de trabalhar. Elas conseguem focar resultado, mas também têm um cuidado com as pessoas e com um ambiente agradável, em que haja leveza. Entretanto, vejo que os homens estão mudando, inclusive na Lectra: percebo-os muito mais gentis. 

Além disso, as mulheres se preocupam especialmente com trabalhar menos e produzir mais, procurando mais qualidade de vida, embora ainda trabalhem demais e levem muito trabalho para casa.

**Como é seu estilo de líder?**

Sou acelerada e exigente, mas transparente. E estou disponível para o que precisarem. Quanto às decisões, acho que sou um pouco como  Daniel Harari, CEO da companhia, e seu “democratur”: como ele diz, todos podem dar sua opinião e ideias, mas a palavra final é dele. 

**Quais são os desafios da porta para fora?**

Acredito que principalmente o desafio principal seja evangelizar os mercados quanto a nossa tecnologia. O pessoal da indústria da moda já entende os ganhos –em matéria-prima, tempo e pessoas: eles ficam bem visíveis quando uma estilista consegue criar, em vez de cinco, oito modelos por dia. Contudo, em muitos setores isso ainda não é compreendido. Agora, ainda há desafios internos: desde 2013, passei a maior parte do tempo dedicada a aumentar a equipe. A nova fase é dar coaching às pessoas para que avancem rápido e tragam o resultado esperado.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

ESG
Atualmente, 2,5% dos colaboradores da Pernambucanas se autodeclaram pessoas trans e 100% dos colaboradores trans da varejista disseram que se sentem seguros para ser quem são dentro da empresa.

Nivaldo Tomasio

5 min de leitura
Marketing
A integração entre indicadores de trade marketing e inteligência competitiva está redefinindo o jogo corporativo. Monitorar a execução no PDV, antecipar tendências e reagir com agilidade às mudanças do mercado não são mais diferenciais, mas exigências para a competitividade. Utilizar dados como fonte de insights estratégicos é o caminho para decisões mais rápidas, investimentos otimizados e resultados superiores.

Arthur Fabris

4 min de leitura
Liderança
O novo capítulo do mundo corporativo já começou a ser escrito. Sustentabilidade, transformação digital humanizada e agilidade diante das incertezas globais são os pilares que moldarão líderes visionários e organizações resilientes. Não basta acompanhar as mudanças; é preciso liderá-las com ousadia, responsabilidade e impacto positivo.

Luiz Soria

3 min de leitura
ESG
Apesar dos desafios históricos, as mulheres seguem conquistando espaço no setor de tecnologia, enfrentando a falta de representatividade, dificuldades de financiamento e preconceitos. Iniciativas como o W20 no G20, o PrograMaria e o RME Acelera impulsionam essa transformação, promovendo inclusão e igualdade de oportunidades.

Ana Fontes

4 min de leitura
Marketing
Segundo pesquisa do Instituto Qualibest, houve um aumento de 17 pontos percentuais no número de pessoas assistindo ao programa, em comparação à última edição. Vamos entender como o "ouro televisivo" ainda é uma arma potente de marketing brasileiro.

Carolina Fernandes

4 min de leitura
Gestão de Pessoas, Estratégia e execução, Gestão de pessoas

Lilian Cruz

5 min de leitura
Inovação
A inovação é uma jornada, não um destino. Evitar esses erros comuns é essencial para construir um caminho sólido rumo ao futuro. As empresas que conseguem superar essas armadilhas e adotar uma abordagem estratégica e sistêmica para a inovação terão uma vantagem competitiva significativa em um mundo cada vez mais dinâmico e imprevisível.

Guilherme Lopes

6 min de leitura
Empreendedorismo
Insights inovadores podem surgir de qualquer lugar, até mesmo de uma animação ou evento inesperado. Na NRF 2025, aprendemos que romper bolhas e buscar inspiração em outras áreas são passos essenciais para lideranças B2B que desejam encantar, personalizar e construir conexões humanas e estratégicas.

Fernanda Nascimento

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
O setor de Recursos Humanos enfrenta um momento crucial de transformação, equilibrando inovação tecnológica, diversidade e bem-estar para moldar uma cultura organizacional mais ágil, inclusiva e orientada ao futuro.

Daniel Campos Neto

4 min de leitura
ESG
Não importa se a sua organização é pequena, média ou grande quando se trata de engajamento por parte dos seus colaboradores com causas sociais

Simon Yeo

4 min de leitura