Espaço lifelong learning

Não acredite nas respostas simples

Inovação virou uma panaceia, um termo usado indiscriminadamente. Mas é hora de rever esse conceito
Jornalista com ampla experiência nas áreas de negócios, inovação e tecnologia. Especializado em produção de conteúdo para veículos de mídia, branded content e gestão de projetos multiplataforma (online, impresso e eventos). Vencedor dos prêmios Citi Journalistic Excellence Award e Editora Globo de Jornalismo. Também é gerente de conteúdo da HSM Management.

Compartilhar:

Precisamos inovar mais. Sinto uma pontada de vergonha alheia (cringe, será?) toda vez que leio ou escuto algo nesse sentido. O que era para ser metodologia, investimento e solução, virou uma grande panaceia para todos os males do universo. Mais um ponto no bingo da reunião corporativa. Sua empresa está falindo? A Amazônia está sumindo do mapa? Está com dor de garganta? O arroz queimou? É porque você não está inovando o suficiente.

A redução do conceito a uma buzzword é sintoma de uma sociedade que insiste em buscar respostas simples para problemas complexos. Mais uma faceta dos movimentos de autoajuda, com um verniz de meritocracia e Vale do Silício. Disruptive Thinking powered by Artificial Intelligence, afinal, vende mais livros e palestras do que repensar culturas organizacionais de forma sistêmica e sistematizada.

O momento atual é propício para abandonar antigos formatos e crenças corporativas. Uma oportunidade e tanto para discutir a nossa desgastada relação com a inovação. Podemos começar com algumas reflexões. O que entendemos por inovação resolve problemas reais das pessoas ou do nosso próprio umbigo? Os
post-its coloridos no painel do escritório refletem as necessidades do mundo lá fora? E, principalmente, quais são os caminhos e recursos que temos à disposição para viabilizar a melhor versão de uma ideia?

Atitude, visão estratégica e vontade de fazer são essenciais para fomentar uma cultura de inovação. Mas a realidade – mais conhecida como dinheiro, estruturas organizacionais e perrengues do dia a dia – impõe mais limites do que gostaríamos de acreditar. Obviamente, isso não é desculpa para se esconder atrás da rotina. Capacidade de investimento também não é garantia de sucesso. Mas, acredite: um restaurante dificilmente ganhará uma estrela Michelin se o chef não tiver condições de fazer uma compra decente na quitanda da esquina.

A tecnologia reduziu barreiras de entrada e ajudou a democratizar oportunidades. Mas, assim como os próprios processos de inovação, é uma ferramenta de acesso. Nada se move sem propósito e objetivo. Entre a criatividade e a inovação, as boas ideias acontecem na intersecção entre desafios do presente, talentos individuais, capacidade de articulação e uma visão consistente do futuro que queremos construir. Um movimento contínuo, que costuma ser mais promissor para aqueles que cultivam um apego saudável à realidade, mas insistem em sonhar com um mundo um pouco melhor.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Há um fio entre Ada Lovelace e o CESAR

Fora do tempo e do espaço, talvez fosse improvável imaginar qualquer linha que me ligasse a Ada Lovelace. Mais improvável ainda seria incluir, nesse mesmo

Carreira, Diversidade
Ninguém fala disso, mas muitos profissionais mais velhos estão discriminando a si mesmos com a tecnofobia. Eles precisam compreender que a revolução digital não é exclusividade dos jovens

Ricardo Pessoa

4 min de leitura
ESG
Entenda viagens de incentivo só funcionam quando deixam de ser prêmios e viram experiências únicas

Gian Farinelli

6 min de leitura
Liderança
Transições de liderança tem muito mais relação com a cultura e cultura organizacional do que apenas a referência da pessoa naquela função. Como estão estas questões na sua empresa?

Roberto Nascimento

6 min de leitura
Inovação
Estamos entrando na era da Inteligência Viva: sistemas que aprendem, evoluem e tomam decisões como um organismo autônomo. Eles já estão reescrevendo as regras da logística, da medicina e até da criatividade. A pergunta que nenhuma empresa pode ignorar: como liderar equipes quando metade delas não é feita de pessoas?

Átila Persici

6 min de leitura
Gestão de Pessoas
Mais da metade dos jovens trabalhadores já não acredita no valor de um diploma universitário — e esse é só o começo da revolução que está transformando o mercado de trabalho. Com uma relação pragmática com o emprego, a Geração Z encara o trabalho como negócio, não como projeto de vida, desafiando estruturas hierárquicas e modelos de carreira tradicionais. A pergunta que fica: as empresas estão prontas para se adaptar, ou insistirão em um sistema que não conversa mais com a principal força de trabalho do futuro?

Rubens Pimentel

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
US$ 4,4 trilhões anuais. Esse é o prêmio para empresas que souberem integrar agentes de IA autônomos até 2030 (McKinsey). Mas o verdadeiro desafio não é a tecnologia – é reconstruir processos, culturas e lideranças para uma era onde máquinas tomam decisões.

Vitor Maciel

6 min de leitura
ESG
Um ano depois e a chuva escancara desigualdades e nossa relação com o futuro

Anna Luísa Beserra

6 min de leitura
Empreendedorismo
Liderar na era digital: como a ousadia, a IA e a visão além do status quo estão redefinindo o sucesso empresarial

Bruno Padredi

5 min de leitura
Liderança
Conheça os 4 pilares de uma gestão eficaz propostos pelo Vice-Presidente da BossaBox

João Zanocelo

6 min de leitura
Inovação
Eventos não morreram, mas 78% dos participantes já rejeitam formatos ultrapassados. O OASIS Connection chega como antídoto: um laboratório vivo onde IA, wellness e conexões reais recriam o futuro dos negócios

Vanessa Chiarelli Schabbel

5 min de leitura