Uncategorized

Não deixe que a pressão do tempo limite suas opções

Negociadores proativos não aceitam tentação de acordos ruins
Horácio Falcão e Alena Komaromi são professores do Insead, sediado em Lausanne, França.

Compartilhar:

As empresas não estão imunes às pressões do tempo. Além disso, o comportamento reativo em situações críticas também atinge as corporações, como o professor Manuel Hermosilla, da Johns Hopkins University, registra em um estudo sobre a indústria farmacêutica.

As empresas farmacêuticas precisam muitas vezes recorrer ao licenciamento de componentes para o desenvolvimento de novas drogas. Hermosilla analisou 673 acordos de licenciamento fechados pelas principais companhias desse setor de atividade nos Estados Unidos, entre os anos de 1997 e 2016.

Ele descobriu que, em geral, as empresas farmacêuticas não buscam de forma proativa licenciamentos de componentes biotecnológicos, mas fazem a gestão reativa quando o desenvolvimento interno não dá certo. O professor evita a ideia de que esse comportamento reativo por parte das empresas configura “má condução dos negócios”. Mas ele reconhece que a prática “gera custos de produtividade significativos”. 

De acordo com os dados apresentados no estudo, o licenciamento a partir do comportamento reativo aumenta em cerca de 13% a possibilidade de que o processo de desenvolvimento de um nova droga seja interrompido. Já a probabilidade de que se alcance o sucesso técnico cai aproximadamente pela metade. 

Além das questões relativas ao negócio propriamente dito, é possível adotar uma visão mais ampla e, nesse caso, constatar que o licenciamento reativo gera um impacto negativo também para a sociedade. Com menos remédios chegando ao mercado, aqueles que são efetivamente lançados carregam um custo de desenvolvimento mais alto, o que se traduz em preços mais elevados para os consumidores nas farmácias.  

**NEGOCIADORES EFETIVOS**

A combinação da pressão do tempo, do desespero, do foco em objetivos limitados e da falta de disciplina culmina no fechamento de acordos ruins. Além disso, durante uma negociação, o comportamento reativo também leva as partes a abrirem mão de controlar o processo.

Os negociadores que querem se manter no controle do processo devem permanecer concentrados em seus verdadeiros objetivos, evitando se comprometer prematuramente e agindo de forma proativa para lidar com os reais obstáculos na direção do valor que se quer conquistar.

Não se trata de uma disputa de poder, mas, na verdade, de moldar o processo para que ele conduza uma tomada de decisão satisfatória. 

1-   Criar um falso senso de urgência

2-  Manter processos rígidos

3-  Manipular para evitar sua diligência

4- Distrair você de suas prioridades, seus riscos ou seus interesses

5- Deixar de responder plenamente às suas perguntas

6- Recorrer a um tratamento mais duro ou inflexível, ou até mesmo a ameaças

Fique atento aos seguintes movimentos que o outro lado da negociação pode usar para forçar você a adotar um comportamento reativo:

Nunca deixe que a outra parte ou as circunstâncias apressem você para assinar um acordo. No livro The Power of Persuasion, Robert Levine oferece o seguinte conselho: “Seja paciente. Nunca esqueça que um bom acordo hoje será um acordo melhor amanhã. E não há algo como um acordo absolutamente melhor. Você deve decidir quando se sente confortável”.

Levine recomenda que você assegure que seja contemplado o objeto de seu interesse, assim como seus objetivos e sua situação. Se não for assim, ele acrescenta: “Não há, absolutamente, razão para concluir a transação sem um tempo para reflexão. Depois de uma noite de sono, você terá uma perspectiva melhor”.

Algumas decisões, por vezes, precisam ser tomadas rapidamente. Levine recomenda se antecipar a casos assim, por meio de uma preparação ativa e da plena atenção às situações cotidianas. Não é fácil, mas a prática ajuda a se tornar mais proativo em momentos críticos.

Por fim, lembre sempre que, por um lado, o comportamento reativo é uma resposta emocional a algo que aconteceu no passado. O comportamento proativo é, por outro lado, um passo deliberado na direção do objetivo desejado a ser alcançado no futuro. Você prefere ficar parado no passado ou mover-se para o sucesso de amanhã? 

© Insead

Editado com autorização. Todos os direitos reservados.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Inteligência Artificial, Liderança
20 de novembro de 2025
Na era da inteligência artificial, a verdadeira transformação digital começa pela cultura: liderar com consciência é o novo imperativo para empresas que querem unir tecnologia, propósito e humanidade.

Valéria Oliveira - Especialista em desenvolvimento de líderes e gestão da cultura

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
19 de novembro de 2025
Construir uma cultura organizacional autêntica é papel estratégico do RH, que deve traduzir propósito em práticas reais, alinhadas à estratégia e vividas no dia a dia por líderes e equipes.

Rennan Vilar - Diretor de Pessoas e Cultura do Grupo TODOS Internacional

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
18 de novembro de 2025
Com agilidade, baixo risco e cofinanciamento não reembolsável, a Embrapii transforma desafios tecnológicos em inovação real, conectando empresas à ciência de ponta e impulsionando a nova economia industrial brasileira.

Eline Casasola - CEO da Atitude Inovação, Atitude Collab e sócia da Hub89 empresas

4 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
17 de novembro de 2025
A cultura de cocriação só se consolida quando líderes desapegam do comando-controle e constroem ambientes de confiança, autonomia e valorização da experiência - especialmente do talento sênior.

Juliana Ramalho - CEO da Talento Sênior

4 minutos min de leitura
Liderança
14 de novembro de 2025
Como dividir dúvidas, receios e decisões no topo?

Rubens Pimentel - CEO da Trajeto Desenvolvimento Empresarial

2 minutos min de leitura
Sustentabilidade
13 de novembro de 2025
O protagonismo feminino se consolidou no movimento com a Carta das Mulheres para a COP30

Luiza Helena Trajano e Fabiana Peroni

5 min de leitura
ESG, Liderança
13 de novembro de 2025
Saiba o que há em comum entre o desengajamento de 79% da força de trabalho e um evento como a COP30

Viviane Mansi - Conselheira de empresas, mentora e professora

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
12 de novembro de 2025
Modernizar o prazo de validade com o conceito de “best before” é mais do que uma mudança técnica - é um avanço cultural que conecta o Brasil às práticas globais de consumo consciente, combate ao desperdício e construção de uma economia verde.

Lucas Infante - CEO da Food To Save

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, ESG
11 de novembro de 2025
Com a COP30, o turismo sustentável se consolida como vetor estratégico para o Brasil, unindo tecnologia, impacto social e preservação ambiental em uma nova era de desenvolvimento consciente.

André Veneziani - Vice-Presidente Comercial Brasil & América Latina da C-MORE Sustainability

3 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
10 de novembro de 2025
A arquitetura de software deixou de ser apenas técnica: hoje, ela é peça-chave para transformar estratégia em inovação real, conectando visão de negócio à entrega de valor com consistência, escalabilidade e impacto.

Diego Souza - Principal Technical Manager no CESAR, Dayvison Chaves - Gerente do Ambiente de Arquitetura e Inovação e Diego Ivo - Gerente Executivo do Hub de Inovação, ambos do BNB

8 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança