Quando o tema é ESG, costuma-se voltar o olhar para questões de gestão e administração das agendas das organizações. Porém, há um pilar que deve ser prioritário antes de dar atenção a qualquer outro: o das pessoas. Cada vez mais, as empresas estão conscientes da importância desse aspecto para um bom relacionamento com empregados, fornecedores e outros parceiros estratégicos. São as pessoas que definirão desde quem irá executar as tarefas necessárias para manter o local sustentável até como, quando e onde as mesmas voltarão esforços para fazer o que é preciso ser feito.
Se vê, com frequência, organizações levantando a bandeira ESG perante o mercado, mas com problemas de gestão de pessoas, com funcionários insatisfeitos em ambientes tóxicos de trabalho. É fundamental que a empresa olhe para si e analise a sua cultura organizacional. Ao se preocuparem com questões como cuidados com a saúde e segurança no ambiente de trabalho e direitos humanos, as empresas mitigam não só riscos operacionais, mas também reputacionais. Esse contexto só reforça a necessidade de a organização olhar para o ambiente externo, para que possa focar esforços estratégicos no ambiente interno.
É preciso muito mais que realizar ações com os funcionários que, muitas vezes, nem fizeram parte da construção daquela iniciativa. É necessário uma mudança de pensamento em relação à gestão, da porta para dentro. Desenvolver iniciativas estratégicas que realmente impactem nas pessoas que constroem aquela organização. Olhar de forma sensível não apenas para o trabalhador que está ali, mas para a pessoa como um todo, suas habilidades, dificuldades e questões pessoais. Engana-se quem ainda acredita que os problemas pessoais não são de interesse da empresa, uma vez que esses mesmos problemas podem acarretar em questões futuras, como falta de engajamento, faltas excessivas, criação de descontentamentos coletivos que podem gerar situações críticas como greves de trabalho, questionamentos sindicais e outros que impactam a reputação e o resultado da instituição.
Hoje, as empresas que adotam práticas ESG têm uma vantagem competitiva na atração e retenção de talentos, isso porque não são as empresas que escolhem os profissionais, mas, sim, os profissionais que cada vez mais procuram organizações que compartilham seus valores sociais e ambientais. Cuidar das pessoas dentro de uma organização é garantir que a sua reputação seja construída de fora para dentro, considerando que os consumidores se concentram cada vez mais no desempenho de sustentabilidade das empresas ao tomar decisões.
Ser ESG começa muito antes do ambiental, social e governança. É uma jornada que exige olhar para o mais profundo da organização e ir muito além daquilo que se quer mostrar para o mercado.