Desenvolvimento pessoal

Não existe falta de tempo, mas falta de prioridade

Será que você está sempre tão ocupado assim ou só não está sabendo organizar melhor o seu tempo?
Saiu da periferia de Maceió e se tornou executivo do Facebook no Vale do Silício e Sócio da XP Investimentos. É o fundador da Become, empresa de educação executiva e corporativa. É professor de Neurociências, com aulas ministradas na quarta maior universidade do mundo, UC Berkeley, e Singularity University, ambas na Califórnia. Também é professor convidado da Fundação Dom Cabral. Foi o executivo responsável por trazer o Baidu (o Google chinês) para a América Latina. Também liderou startups chinesas de games sociais, como o Colheita Feliz, e o idealizador da ONG chancelada pela ONU e acelerada por Stanford, Ajude o Pequeno. Siga o colunista no Instagram - [@wesleybarbosa] - e ouça o podcast de Wesley Barbosa, [No Brain No Gain](https://open.spotify.com/episode/3LzGWqyWnLSo07gwUkKa6R?si=QLRGTDmPSo-1bOS5FJrdmA&nd=1),

Compartilhar:

A melhor maneira de gerenciar nosso tempo é entendendo como nos relacionamos com ele e, assim, criar prioridades. Vamos começar reforçando o título: não existe falta de tempo, o que existe é falta de prioridade ou má gestão do seu tempo.

Nos últimos anos, dizer que não tem tempo virou uma espécie de status, de posicionamento profissional. Como se não ter tempo desse uma sensação de importância, de ser alguém cheio de tarefas, compromissos e responsabilidade. Da mesma forma, quando alguém diz que tem tempo, quase fica sem graça, como se isso significasse que a pessoa está à toa. No episódio [“Por que sentimos culpa por não estarmos ocupados?”](https://open.spotify.com/episode/3kiOQO8Z1tHwmgQcIJpz5k?si=9eae1b593e0e4e5d), do No Brain No Gain Cast, eu falei da necessidade de desacelerar e de descansar para continuar sendo produtivo.

Antes de criarmos uma estratégia para conseguirmos nos livrar desse estigma, é preciso conhecer sua origem. Tudo começa com o padrão de realidade que criamos para perceber e medir o tempo.

Diversas civilizações usavam unidades similares às nossas. Os babilônios, há 5 mil anos, foram os primeiros a desenvolver o dia e a noite em 12 partes e a hora, em 60. Yi Xing, um monge budista chinês, em 725 d.C., fez o primeiro modelo de relógio astronômico, que funcionava com água. Criamos mecanismos com ajuda da natureza para alimentar a necessidade de não apenas perceber, mas ter a falsa sensação de controle do tempo.

## Como o cérebro percebe o tempo
O relógio neural opera organizando o fluxo de nossas experiências, uma sequência ordenada de eventos. Essa atividade dá origem ao relógio do cérebro para o tempo subjetivo.

A percepção que temos do tempo é peculiar, varia de acordo com as experiências de cada um de nós. Se estamos inseridos num contexto em que dividimos experiências similares com outros indivíduos, todos tendem a perceber o tempo da mesma forma. É só pensar no ritmo de pessoas que vivem em uma metrópole e aqueles que vivem em cidades pequenas do litoral, por exemplo.

Mas por que o tempo parece acelerar com a idade? Por que o sentíamos tão devagar quando criança e hoje em dia mal conseguimos percebê-lo?

O nosso cérebro codifica novas experiências, mas não as já conhecidas, familiares. Então o nosso julgamento retrospectivo do tempo é baseado em quantas memórias novas criamos durante determinado período. Quanto mais novas memórias construímos, maior será a percepção do tempo.

A percepção de tempo tem a ver com a novidade, com experimentos. Se na fase adulta criamos rotinas com maior frequência, seria prudente entender que ter as mesmas experiências semanalmente fará seu tempo ser percebido de uma forma mais rápida pelo cérebro. Portanto, o segredo para diminuir a velocidade da passagem do tempo está em gerar e viver novas experiências, assim como uma criança que vive diversas situações diárias pela primeira vez.

Em outras palavras, aqueles que descobrem o mundo diariamente conseguem sentir mais a vida. É a mesma sensação que temos em uma viagem de férias para um lugar novo: cada dia parece ter uma semana de duração, tamanha a quantidade de novas experiências.

## Por que queremos sempre parecer ocupados?
Enquanto a vergonha nos alerta para evitar agir de maneiras que façam com que outros nos desvalorizem, ela cria o medo de como a sociedade vai nos enxergar. Já a culpa age como um sentimento que nos faz entender que precisamos ter um comportamento que esteja associado à nossa consciência.

Ambas nos favorecem dentro da seleção natural, a culpa e a vergonha nos trazem a adaptabilidade, já que ambas são provenientes de um sistema de defesa e existem para nos manter vivos. A culpa surge quando a dissonância cognitiva entra em jogo, nos momentos em que seu comportamento entra em conflito com sua consciência. A vergonha é desencadeada quando pensamos que prejudicamos nossa reputação.

O medo de não fazer nada surge por termos vergonha de sermos julgados, uma vez que vivemos em bando e precisamos da aprovação social. Temos que gerenciar a culpa e influenciar a vergonha, educando a forma como a gestão é feita hoje, que mede resultados pelo tempo e não pela produtividade.

Mas tempo mede esforço. O que determina se você está sendo produtivo são seus resultados. Precisamos migrar para a gestão por resultados.

## Como me relacionar melhor com o tempo?
Reaprendendo a priorizar. Uma citação atribuída a Eisenhower (“Tenho dois tipos de problemas, o urgente e o importante. Os urgentes não são importantes, e os importantes nunca são urgentes.”) inspirou Stephen Covey a criar um plano de ação em seu livro [*Os 7 hábitos das Pessoas Altamente Eficazes*](https://www.amazon.com.br/H%C3%A1bitos-das-Pessoas-Altamente-Eficazes/dp/8576840626/ref=asc_df_8576840626/?tag=googleshopp00-20&linkCode=df0&hvadid=379720936468&hvpos=&hvnetw=g&hvrand=3801876959326473507&hvpone=&hvptwo=&hvqmt=&hvdev=c&hvdvcmdl=&hvlocint=&hvlocphy=1001650&hvtargid=pla-678963099075&psc=1), que ganhou o nome de Matriz de Eisenhower. Trata-se de método para nos ajudar a tomar decisões e priorizar o que é mais importante.

A matriz nos traz consciência sobre as atividades que podem ser executadas dentro do tempo que temos durante determinado período. A ideia é nos fazer fugir da tendência de fazer o máximo que der em algumas horas e executar o que precisa ser feito antes da melhor forma possível. Só então, depois, nós adicionamos outra prioridade.

A matriz se divide em quatro quadrantes, divididos entre importantes/sem importância e urgentes/não urgentes.

![Tabela Importante e Urgente](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/5QYTN3oPm175WMxERJsbxG/3226d2e9ea37172b9f45b323623bc8fa/matriz.png)
[Fonte: Eisenhower](https://www.eisenhower.me/eisenhower-matrix/)

Ao fazer esse exercício mental você modificará sua percepção e doutrinará seu cérebro a perceber o tempo de uma maneira mais organizada, com espaços para preencher com atividades que podem desprendê-lo do tempo. Depois, é só trocar o “estou sem tempo” por “tenho algumas prioridades na frente”.

Compartilhar:

Saiu da periferia de Maceió e se tornou executivo do Facebook no Vale do Silício e Sócio da XP Investimentos. É o fundador da Become, empresa de educação executiva e corporativa. É professor de Neurociências, com aulas ministradas na quarta maior universidade do mundo, UC Berkeley, e Singularity University, ambas na Califórnia. Também é professor convidado da Fundação Dom Cabral. Foi o executivo responsável por trazer o Baidu (o Google chinês) para a América Latina. Também liderou startups chinesas de games sociais, como o Colheita Feliz, e o idealizador da ONG chancelada pela ONU e acelerada por Stanford, Ajude o Pequeno. Siga o colunista no Instagram - [@wesleybarbosa] - e ouça o podcast de Wesley Barbosa, [No Brain No Gain](https://open.spotify.com/episode/3LzGWqyWnLSo07gwUkKa6R?si=QLRGTDmPSo-1bOS5FJrdmA&nd=1),

Artigos relacionados

Inovação e comunidades na presença digital

A creators economy deixou de ser tendência para se tornar estratégia: autenticidade, constância e inovação são os pilares que conectam marcas, líderes e comunidades em um mercado digital cada vez mais colaborativo.

Bem-estar & saúde, Liderança
5 de dezembro de 2025
Em um mundo exausto, emoção deixa de ser fragilidade e se torna vantagem competitiva: até 2027, lideranças que integram sensibilidade, análise e coragem serão as que sustentam confiança, inovação e resultados.

Lisia Prado - Consultora e sócia da House of Feelings

5 minutos min de leitura
Finanças
4 de dezembro de 2025

Antonio de Pádua Parente Filho - Diretor Jurídico, Compliance, Risco e Operações no Braza Bank S.A.

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
3 de dezembro de 2025
A creators economy deixou de ser tendência para se tornar estratégia: autenticidade, constância e inovação são os pilares que conectam marcas, líderes e comunidades em um mercado digital cada vez mais colaborativo.

Gabriel Andrade - Aluno da Anhembi Morumbi e integrante do LAB Jornalismo e Fernanda Iarossi - Professora da Universidade Anhembi Morumbi e Mestre em Comunicação Midiática pela Unesp

3 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2 de dezembro de 2025
Modelos generativos são eficazes apenas quando aplicados a demandas claramente estruturadas.

Diego Nogare - Executive Consultant in AI & ML

4 minutos min de leitura
Estratégia
1º de dezembro de 2025
Em ambientes complexos, planos lineares não bastam. O Estuarine Mapping propõe uma abordagem adaptativa para avaliar a viabilidade de mudanças, substituindo o “wishful thinking” por estratégias ancoradas em energia, tempo e contexto.

Manoel Pimentel - Chief Scientific Officer na The Cynefin Co. Brazil

10 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Liderança
29 de novembro de 2025
Por trás das negociações brilhantes e decisões estratégicas, Suits revela algo essencial: liderança é feita de pessoas - com virtudes, vulnerabilidades e escolhas que moldam não só organizações, mas relações de confiança.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

3 minutos min de leitura
Estratégia, Marketing & growth
28 de novembro de 2025
De um caos no trânsito na Filadélfia à consolidação como código cultural no Brasil, a Black Friday evoluiu de liquidação para estratégia, transformando descontos em inteligência de precificação e redefinindo a relação entre consumo, margem e reputação

Alexandre Costa - Fundador do grupo Attitude Pricing (Comunidade Brasileira de Profissionais de Pricing)

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
27 de novembro de 2025
A pergunta “O que você vai ser quando crescer?” parece ingênua, mas carrega uma armadilha: a ilusão de que há um único futuro esperando por nós. Essa mesma armadilha ronda o setor automotivo. Afinal, que futuros essa indústria, uma das mais maduras do mundo, está disposta a imaginar para si?

Marcello Bressan, PhD, futurista, professor e pesquisador do NIX - Laboratório de Design de Narrativas, Imaginação e Experiências do CESAR

4 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Liderança
26 de novembro de 2025
Parar para refletir e agir são forças complementares, não conflitantes

Jose Augusto Moura - CEO da brsa

3 minutos min de leitura
Marketing & growth
25 de novembro de 2025

Rafael Silva - Head de Parcerias e Alianças na Lecom Tecnologia

4 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança