Editorial

Não mais cantamos juntos a mesma canção

Reynaldo Gama é CEO da HSM e coCEO da SingularityU Brazil. Tem mais de 12 anos de experiência no mercado financeiro e, nos últimos três, foi um dos responsáveis pela expansão e pela gestão do Cubo. É casado com a Marcia e coleciona discos de vinil.

Compartilhar:

“Pensa-se com insistência que ontem era melhor. Não era não. Além do mais, o presente é inexorável. Melhor legitimá-lo, captá-lo em sua nova forma, perceber a imensa chance de viver uma humanidade em nova clave. A música mudou. Não mais se trata de cantarmos juntos a mesma canção, o mesmo clássico da bossa nova, do sertanejo, do standard americano. A música desse novo mundo não busca o consenso… A música atual em vez do consenso prefere articular diferenças. Não se canta junto, mas se dança junto, em movimentos díspares.”

O assinante de HSM Management deve estar reconhecendo o texto acima. Ele foi escrito pelo nosso colunista, o psicanalista Jorge Forbes, uma das mentes brilhantes com quem temos a honra de conviver, na revista passada. Em um texto que era intitulado Estresse, Forbes continuou: “O novo limite que resolverá a epidemia de estresse já existe; resta saber vivê-lo. Não é um limite como foi o anterior, baseado na famosa assertiva ‘a liberdade de um termina onde começa a liberdade do outro.’ Hoje há que se dizer e viver que a ‘liberdade de um começa com a liberdade do outro’”.

Trago este texto da edição passada por duas razões. A primeira é que fala da nova música destes tempos e da liberdade – a nossa e a do outro. E nosso Dossiê traz o conceito de liberdade para o mundo dos negócios, lembrando que o mesmo pêndulo que a filosofia identificou nos seres humanos – aquele que oscila entre o desejo de liberdade e o desejo de segurança – balança nas empresas, embora os gestores nem sempre se deem conta. Se a liberdade (risco, inovação) já é esquecida com frequência em tempos normais, em momentos de crise, então, nem se fala. O Dossiê traz uma série de ações práticas de cultura e de finanças para as empresas poderem buscar um equilíbrio entre liberdade e segurança. Afinal, como disse Zygmunt Bauman, segurança sem liberdade é escravidão. E liberdade sem segurança, por sua vez, é caos.

A segunda razão de citar Forbes é ele ser um d0s entrevistados da nossa matéria de capa, sobre o repertório cultural do executivo brasileiro. Letramento cultural é o item número 3 da lista de 16 habilidades do século 21 feita pelo Fórum Econômico Mundial e nosso conteúdo inclui, entre outras coisas, uma pesquisa exclusiva feita em parceria com o Talenses Group e dois nudges: os textos dos escritores Fabio Fernandes e Tiago Novaes, respectivamente, sobre livros de ficção científica e de não ficção (mas não negócios também). Dando um leve spoiler, temos um consumo relativamente baixo de produtos culturais e temos espaço para melhoria. A variedade de conteúdos evita que a gente tenda a “reproduzir pensamentos genéricos”, como diz Forbes.

Vale a pena ler essa matéria para as nossas carreiras, assim como vale o Dossiê sobre finanças e cultura para as nossas empresas. Boa leitura!

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

Saúde psicossocial é inclusão

Quando 84% dos profissionais com deficiência relatam saúde mental afetada no trabalho, a nova NR-1 chega para transformar obrigação legal em oportunidade estratégica. Inclusão real nunca foi tão urgente

Empreendedorismo
A proficiência amplia oportunidades, fortalece a liderança e impulsiona carreiras, como demonstram casos reais de ascensão corporativa. Empresas visionárias que investem no desenvolvimento linguístico de seus talentos garantem vantagem competitiva, pois comunicação eficaz e domínio do inglês são fatores decisivos para inovação, negociação e liderança no cenário global.

Gilberto de Paiva Dias

9 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Com o avanço da inteligência artificial, a produção de vídeos se tornou mais acessível e personalizada, permitindo locuções humanizadas, avatares realistas e edições automatizadas. No entanto, o uso dessas tecnologias exige responsabilidade ética para evitar abusos. Equilibrando inovação e transparência, empresas podem transformar a comunicação e o aprendizado, criando experiências imersivas que inspiram e engajam.

Luiz Alexandre Castanha

4 min de leitura
Empreendedorismo
A inteligência cultural é um diferencial estratégico para líderes globais, permitindo integrar narrativas históricas e práticas locais para impulsionar inovação, colaboração e impacto sustentável.

Angelina Bejgrowicz

7 min de leitura
Empreendedorismo
A intencionalidade não é a solução para tudo, mas é o que transforma escolhas em estratégias e nos permite navegar a vida com mais clareza e propósito.

Isabela Corrêa

6 min de leitura
Liderança
Construir e consolidar um posicionamento executivo é essencial para liderar com clareza, alinhar valores e princípios à gestão e impulsionar o desenvolvimento de carreira. Um posicionamento bem definido orienta decisões, fortalece relações profissionais e contribui para um ambiente de trabalho mais ético, produtivo e sustentável.

Rubens Pimentel

4 min de leitura
Empreendedorismo
Impacto social e sustentabilidade financeira não são opostos – são aliados essenciais para transformar vidas de forma duradoura. Entender essa relação foi o que permitiu ao Aqualuz crescer e beneficiar milhares de pessoas.

Anna Luísa Beserra

5 min de leitura
ESG
Infelizmente a inclusão tem sofrido ataques nas últimas semanas. Por isso, é necessário entender que não é uma tendência, mas uma necessidade estratégica e econômica. Resistir aos retrocessos é garantir um futuro mais justo e sustentável.

Carolina Ignarra

0 min de leitura
ESG
Atualmente, 2,5% dos colaboradores da Pernambucanas se autodeclaram pessoas trans e 100% dos colaboradores trans da varejista disseram que se sentem seguros para ser quem são dentro da empresa.

Nivaldo Tomasio

5 min de leitura
Marketing
A integração entre indicadores de trade marketing e inteligência competitiva está redefinindo o jogo corporativo. Monitorar a execução no PDV, antecipar tendências e reagir com agilidade às mudanças do mercado não são mais diferenciais, mas exigências para a competitividade. Utilizar dados como fonte de insights estratégicos é o caminho para decisões mais rápidas, investimentos otimizados e resultados superiores.

Arthur Fabris

4 min de leitura
Liderança
O novo capítulo do mundo corporativo já começou a ser escrito. Sustentabilidade, transformação digital humanizada e agilidade diante das incertezas globais são os pilares que moldarão líderes visionários e organizações resilientes. Não basta acompanhar as mudanças; é preciso liderá-las com ousadia, responsabilidade e impacto positivo.

Luiz Soria

3 min de leitura