As discussões sobre diversidade nos conselhos de administração nunca foram tão atuais e relevantes para o sucesso dos negócios nos Estados Unidos. Independentemente de serem impulsionadas por normas culturais, legislação, requisitos para abertura de capital ou reputação ESG, as partes envolvidas estão se aproximando do tema e desenvolvendo um interesse mais pessoal sobre a composição dos boards.
Pioneira em tantos movimentos importantes nas últimas décadas e sede de um coletivo social bastante diverso, a Califórnia tem adotado uma postura exemplar para negócios responsáveis, com resultados expressivos para a inclusão das mulheres nos conselhos. São inúmeras as pesquisas sobre a influência das mulheres servindo em boards, incluindo um estudo de 2016 da McKinsey que revelou que “as empresas em que as mulheres são mais fortemente representadas nos conselhos ou na alta administração também apresentam melhor desempenho em lucratividade, produtividade, inovação, governança e engajamento da força de trabalho”.
Nesse sentido, a lei SB 826, aprovada em 2018, exigiu que todas as empresas de capital aberto com sede na Califórnia tivessem pelo menos uma mulher no conselho até o término de 2020. E, até o fim de 2019, dependendo do tamanho do conselho, algumas eram obrigadas a ter ainda mais conselheiras no grupo. Segundo o Silicon Valley Business Journal, a lei conseguiu eliminar quase todos os conselhos inteiramente masculinos, passando de 180 para 15 em dois anos. Em 2019, foram 176 mulheres adicionadas aos conselhos, e 346 em 2020). Apesar de a maioria das empresas ainda não atingir todos os requisitos, os números mostram o impacto da mudança.
Após o sucesso da SB 826, a Califórnia aprovou, em 2020, a AB 979. Essa nova legislação se aplica a empresas de capital aberto com escritórios no estado, e exigiu que os conselhos incluíssem, além das mulheres, pelo menos um diretor de uma comunidade sub-representada até dezembro de 2021. Além disso, até o fim do ano civil de 2022, as empresas que têm entre quatro e nove conselheiros precisarão ter pelo menos dois diretores de comunidades sub-representadas, e as empresas com nove ou mais diretores precisarão ter três.
Há contestações à legislação SB 826, claro, e espera-se que a legalidade da AB 979 também esteja sujeita a críticas. A maioria delas tem base na violação da proteção de igualdade, além da interferência nos direitos dos acionistas. Embora os desafios à legalidade de ambas as leis possam, em última análise, invalidá-las, as corporações sediadas na Califórnia que planejam fazer IPO devem começar a se adequar aos novos requisitos, já que os resultados das contestações devem demorar alguns anos para serem resolvidos. Além disso, as empresas sediadas na Califórnia que planejam abrir o capital devem enfrentar mais questionamento do investidor em relação à diversidade do conselho e antecipar-se a isso.
A tecnologia criada na Califórnia vem transformando nossas vidas. Espero que agora ela também ajude a nos transformar com a diversidade.