Uncategorized

Notícias da revolução genética

Entenda melhor o editor de genes CRISPR e suas aplicações

Compartilhar:

O método CRISPR é atualmente o mais utilizado (e o mais comentado) por pesquisadores que buscam “desligar” ou “ativar” a expressão de qualquer gene de interesse científico ou comercial. Com base nessa nova ferramenta, estão em teste novos tratamentos para vários tipos de câncer e infecção. E a possibilidade de inativar genes causadores de doenças genéticas está mais próxima do que nunca. 

Isso não significa que sejam poucos desafios a serem vencidos. (Nem estamos falando das questões de ordem ética.) Há, por exemplo, um obstáculo de eficácia que precisa ser superado. Um número insuficiente de “edições” no DNA, ou mesmo modificações em locais errados, pode fazer mais mal do que bem. Intervenções em demasia por vez podem levar à morte da célula. 

O portal SingularityHub conversou com George Church, o agora lendário pai da biologia sintética, que tem feito avanços importantes no sentido de possibilitar a edição do código básico da vida em larga escala. 

O mais recente trabalho de Church lida com o problema das edições em excesso, que fazem com que a célula cometa “suicídio”, como forma de proteger a estabilidade do genoma do organismo. A metodologia desenvolvida por ele, no entanto, possibilitou fazer mais de 13 mudanças no DNA sem matar as células humanas com as quais realizou o estudo (uma delas, cancerígena). 

Na avaliação do cientista, o estudo representa um salto na direção da edição em larga escala de genomas, abrindo caminho, por exemplo, para células que, após passarem por um processo de engenharia genética, seriam totalmente resistentes a infecções virais. 

Outras frentes
————–

Em outra linha de pesquisa que também tem chamado a atenção, uma equipe de cientistas liderada pelo professor Martin Fussenegger, da universidade ETH Zürich, descobriu uma forma de utilizar componentes biológicos para construir uma unidade de processamento (como a CPU dos computadores), que aceita diferentes tipos de programação. O avanço só foi possível graças ao CRISPR. 

Extremamente pequeno e flexível, o computador biológico poderia ser decisivo para detectar sinais do corpo, processar as informações e responder a elas de forma adequada. Isso seria valioso tanto para o diagnóstico como para o tratamento de doenças. 

Mais recentemente, a University of Pennsylvania confirmou: os pesquisadores da instituição foram oficialmente autorizados e já começaram a utilizar o CRISPR em seres humanos. Trata-se de uma decisão inédita nos Estados Unidos. O método vem sendo aplicado no tratamento de dois pacientes de câncer. 

Entendendo melhor
—————–

CRISPR (pronuncia-se “crisper”) é um acrônimo, em inglês, de “Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas”. Em 1987, cientistas japoneses estudaram a bactéria Escherichia coli, que costuma nos causar infecção urinária, quando descobriram sequências que se repetiam de modo não usual em seu DNA. Não sabiam para que elas serviam. Em 2007, descobriram – observando outra bactéria, a estreptococos, utilizada na fermentação do iogurte. Essas sequências são parte do sistema imune bacteriano. Funcionam assim: uma bactéria produz enzimas para combater infecções por vírus que eventualmente atacam-na. Essas enzimas matam os vírus, mas outras pequenas enzimas vêm junto e cortam os restos do código genético do vírus em fragmentos e estes ficam armazenados num lugar do genoma da bactéria – esse “lugar” é a tal sequência que recebeu o nome “CRISPR”. Quando há novos ataques de um vírus similar, esses fragmentos são carregados por outras enzimas, especialmente produzidas no momento, as Cas9 (que têm aparecido quase como um sobrenome do CRISPR nas matérias que vão mais a fundo), que são usadas para neutralizá-los. 

Tudo isso era um conhecimento praticamente inútil até 2011/2012, quando duas cientistas, mulheres, da University of California, em Berkeley, e da Suécia, entenderam que podiam usar esse mecanismo de carregamento para mudar as coisas de lugar no genoma. Então, em 2013, dois cientistas de Boston – do Broad Institute e de Harvard – comprovaram que dava para fazer isso com células de rato, mais próximos de nós, e enfim com células humanas. George Church, citado no início, é o responsável pela pesquisa com células humanas e, por isso, chamado de “pai da biologia sintética” (embora a pesquisa tenha sido um verdadeiro programa de inovação aberta com muitos participantes, como costuma ocorrer na ciência). 

O importante é entender que, desde 2013, nem o céu mais tem sido um limite. E tudo deverá ser impactado por isso.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Jornada de trabalho

Redução da jornada: um passo para a saúde mental e inclusão no trabalho

A redução da jornada para 36 horas semanais vai além do bem-estar: promove saúde mental, equidade de gênero e inclusão no trabalho. Dados mostram como essa mudança beneficia especialmente mulheres negras, aliviando a sobrecarga de tarefas e ampliando oportunidades. Combinada a modelos híbridos, fortalece a produtividade e a retenção de talentos.

Liderança na gestão do mundo híbrido

Este modelo que nasceu da necessidade na pandemia agora impulsiona o engajamento, reduz custos e redefine a gestão. Para líderes, o desafio é alinhar flexibilidade, cultura organizacional e performance em um mercado cada vez mais dinâmico.

Empreendedorismo
Após a pandemia, a Geração Z que ingressa no mercado de trabalho aderiu ao movimento do "quiet quitting", realizando apenas o mínimo necessário em seus empregos por falta de satisfação. Pesquisa da Mckinsey mostra que 25% da Geração Z se sentiram mais ansiosos no trabalho, quase o dobro das gerações anteriores. Ambientes tóxicos, falta de reconhecimento e não se sentirem valorizados são alguns dos principais motivos.

Samir Iásbeck

4 min de leitura
Empreendedorismo
Otimizar processos para gerar empregos de melhor qualidade e remuneração, desenvolver produtos e serviços acessíveis para a população de baixa renda e investir em tecnologias disruptivas que possibilitem a criação de novos modelos de negócios inclusivos são peças-chave nessa remontagem da sociedade no mundo

Hilton Menezes

4 min de leitura
Finanças
Em um mercado cada vez mais competitivo, a inovação se destaca como fator crucial para o crescimento empresarial. Porém, transformar ideias inovadoras em realidade requer compreender as principais fontes de fomento disponíveis no Brasil, como BNDES, FINEP e Embrapii, além de adotar uma abordagem estratégica na elaboração de projetos robustos.

Eline Casalosa

4 min de leitura
Empreendedorismo
A importância de uma cultura organizacional forte para atingir uma transformação de visão e valores reais dentro de uma empresa

Renata Baccarat

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Em meio aos mitos sobre IA no RH, empresas que proíbem seu uso enfrentam um paradoxo: funcionários já utilizam ferramentas como ChatGPT por conta própria. Casos práticos mostram que, quando bem implementada, a tecnologia revoluciona desde o onboarding até a gestão de performance.

Harold Schultz

3 min de leitura
Gestão de Pessoas
Diferente da avaliação anual tradicional, o modelo de feedback contínuo permite um fluxo constante de comunicação entre líderes e colaboradores, fortalecendo o aprendizado, o alinhamento de metas e a resposta rápida a mudanças.

Maria Augusta Orofino

3 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A Inteligência Artificial, impulsionada pelo uso massivo e acessível, avança exponencialmente, destacando-se como uma ferramenta inclusiva e transformadora para o futuro da gestão de pessoas e dos negócios

Marcelo Nóbrega

4 min de leitura
Liderança
Ao promover autonomia e resultados, líderes se fortalecem, reduzindo estresse e superando o paternalismo para desenvolver equipes mais alinhadas, realizadas e eficazes.

Rubens Pimentel

3 min de leitura
Empreendedorismo, Diversidade, Uncategorized
A entrega do Communiqué pelo W20 destaca o compromisso global com a igualdade de gênero, enfatizando a valorização e o fortalecimento da Economia do Cuidado para promover uma sociedade mais justa e produtiva para as mulheres em todo o mundo

Ana Fontes

3 min de leitura
Diversidade
No ambiente corporativo atual, integrar diferentes gerações dentro de uma organização pode ser o diferencial estratégico que define o sucesso. A diversidade de experiências, perspectivas e habilidades entre gerações não apenas enriquece a cultura organizacional, mas também impulsiona inovação e crescimento sustentável.

Marcelo Murilo

21 min de leitura