Cultura organizacional

O abismo de engajamento do público interno

A comunicação interna 4.0 alia tecnologia com a experiência e conhecimento dos profissionais do RH, mas nem todas as empresas têm acesso à esse facilitador de processos, o que gera o desengajamento dos colaboradores
Felipe Hotz é CEO do Comunica.In, empresa de automação e mensuração da comunicação interna.

Compartilhar:

Apenas quatro a cada dez colaboradores abrem comunicados das empresas. Este é somente um dos muitos comportamentos identificados no relatório Trend Report C.I, produzido a partir de informações nativas da plataforma do [Comunica.In](http://comunica.in).

A comunicação interna (CI) é uma das áreas responsáveis pela construção da cultura, manutenção do clima organizacional e performance dos times. Ou seja, se somente 40% dos colaboradores abrem comunicados oficiais, isso significa que menos da metade da empresa irá acessar informações importantes e trabalhar engajada nos objetivos comuns.

Escolha de canais, frequência de envio de comunicados e pesquisas, taxas de visualização e engajamento são os principais desafios vistos no setor. Esses pontos impactam diretamente a taxa de funcionários que realmente abrem comunicados, conforme visto no início deste artigo. A todo momento, a atenção do público interno está sendo disputada com outros estímulos, e esses ruídos podem ser minimizados a partir de uma comunicação interna eficiente e saudável. Mas, como começar a construir isso dentro das empresas?

Primeiro, é importante entender que, se a maioria dos colaboradores não abrem os comunicados, é provável que algumas estruturas organizacionais, como clima e cultura, tornem-se enfraquecidas com o tempo ou até deixem de existir. Isso pode acarretar em altos custos para a empresa, visto que a escala desses fatores aumentam a rotatividade dos funcionários, geram ruídos e desentendimentos nos times, além de promover a falta de pontualidade e comprometimento, queda na produtividade, entre outros problemas.

Claro que essas situações podem ser parte dos setores, e a comunicação interna não é a única responsável em resolvê-los, mas é papel da área ser a porta-voz entre setores e colaboradores, participando ativamente na construção de ações estratégicas para melhorar esse engajamento.

A comunicação interna passa de um processo funcionalista e verticalizado para uma área de curadoria de informações e promoção de experiências mais humanas e transformadoras. A nova fase, chamada de comunicação interna 4.0, alia tecnologia, que nada mais é que um facilitador de processos, com a experiência e conhecimento dos profissionais do RH. A junção dos dois representa a transformação da CI.

Porém, é importante frisar que nem todas as empresas possuem acesso a tecnologias facilitadoras, o que gera um abismo no engajamento dos colaboradores. Isso é algo a se refletir, visto que 60% das organizações de alto desempenho no mundo tomam suas decisões baseadas em dados, de acordo com estudo da BI-Survey. Além disso, empresas que são guiadas por dados geram 70% mais receita por colaborador e um aumento de 22% nos lucros, segundo a Capgemini Research Institute.

A comunicação interna é uma área necessária para o desenvolvimento da comunicação corporativa. Para que as empresas tomem decisões estratégicas e assertivas e, para que elas sejam refletidas externamente, esse processo deve começar de dentro e pensando nas pessoas como seu principal ativo.

## Sobre o Trend Report CI
O Trend Report C.I é o primeiro relatório que reúne dados e informações inéditas para a área de RH e comunicação interna. Para obter esses dados, foram analisados o comportamento de mais de 270 mil colaboradores impactados por mais de 34 milhões envios via plataforma Comunica.In. As informações coletadas consideram 13 segmentos de atuação no mercado, trazendo insights sobre volume, canais, engajamento, eficiência, conteúdo e mais.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Tecnologias exponenciais
O anúncio do Majorana 1, chip da Microsoft que promete resolver um dos maiores desafios do setor – a estabilidade dos qubits –, pode marcar o início de uma nova era. Se bem-sucedido, esse avanço pode destravar aplicações transformadoras em segurança digital, descoberta de medicamentos e otimização industrial. Mas será que estamos realmente próximos da disrupção ou a computação quântica seguirá sendo uma promessa distante?

Leandro Mattos

6 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Entenda como a ReRe, ao investigar dados sobre resíduos sólidos e circularidade, enfrenta obstáculos diários no uso sustentável de IA, por isso está apostando em abordagens contraintuitivas e na validação rigorosa de hipóteses. A Inteligência Artificial promete transformar setores inteiros, mas sua aplicação em países em desenvolvimento enfrenta desafios estruturais profundos.

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
Liderança
As tendências de liderança para 2025 exigem adaptação, inovação e um olhar humano. Em um cenário de transformação acelerada, líderes precisam equilibrar tecnologia e pessoas, promovendo colaboração, inclusão e resiliência para construir o futuro.

Maria Augusta Orofino

4 min de leitura
Finanças
Programas como Finep, Embrapii e a Plataforma Inovação para a Indústria demonstram como a captação de recursos não apenas viabiliza projetos, mas também estimula a colaboração interinstitucional, reduz riscos e fortalece o ecossistema de inovação. Esse modelo de cocriação, aliado ao suporte financeiro, acelera a transformação de ideias em soluções aplicáveis, promovendo um mercado mais dinâmico e competitivo.

Eline Casasola

4 min de leitura
Empreendedorismo
No mundo corporativo, insistir em abordagens tradicionais pode ser como buscar manualmente uma agulha no palheiro — ineficiente e lento. Mas e se, em vez de procurar, queimássemos o palheiro? Empresas como Slack e IBM mostraram que inovação exige romper com estruturas ultrapassadas e abraçar mudanças radicais.

Lilian Cruz

5 min de leitura
ESG
Conheça as 8 habilidades necessárias para que o profissional sênior esteja em consonância com o conceito de trabalhabilidade

Cris Sabbag

6 min de leitura
ESG
No mundo corporativo, onde a transparência é imperativa, a Washingmania expõe a desconexão entre discurso e prática. Ser autêntico não é mais uma opção, mas uma necessidade estratégica para líderes que desejam prosperar e construir confiança real.

Marcelo Murilo

8 min de leitura
Empreendedorismo
Em um mundo onde as empresas têm mais ferramentas do que nunca para inovar, por que parecem tão frágeis diante da mudança? A resposta pode estar na desconexão entre estratégia, gestão, cultura e inovação — um erro que custa bilhões e mina a capacidade crítica das organizações

Átila Persici

0 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A ascensão da DeepSeek desafia a supremacia dos modelos ocidentais de inteligência artificial, mas seu avanço não representa um triunfo da democratização tecnológica. Embora promova acessibilidade, a IA chinesa segue alinhada aos interesses estratégicos do governo de Pequim, ampliando o debate sobre viés e controle da informação. No cenário global, a disputa entre gigantes como OpenAI, Google e agora a DeepSeek não se trata de ética ou inclusão, mas sim de hegemonia tecnológica. Sem uma governança global eficaz, a IA continuará sendo um instrumento de poder nas mãos de poucos.

Carine Roos

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A revolução da Inteligência Artificial está remodelando o mercado de trabalho, impulsionando a necessidade de upskilling e reskilling como estratégias essenciais para a competitividade profissional. Empresas como a SAP já investem pesadamente na requalificação de talentos, enquanto pesquisas indicam que a maioria dos trabalhadores enxerga a IA como uma aliada, não uma ameaça.

Daniel Campos Neto

6 min de leitura