Uncategorized

O agro brasileiro e as mudanças climáticas

As mudanças climáticas afetam diretamente a produtividade do agronegócio, e demandam ações assertivas para superar esse desafio sem deixar ninguém para trás
Técnico Agrícola e administrador, especialista em cafeicultura sustentável, trabalhou na Prefeitura Municipal de Poços de Caldas (MG) e foi coordenador do Movimento Poços de Caldas Cidade de Comércio Justo e Solidário. Ulisses é consultor de associações e cooperativas e certificações agrícolas.

Compartilhar:

Em se plantando tudo dá.

Com essa frase como lema, o Brasil se transformou em uma potência agrícola e passou a alimentar o mundo, gerando desenvolvimento em todas as suas regiões, das mais secas às mais frias, das regiões úmidas às de clima ameno. O fato é que o Brasil tropical conseguiu, ao logo de sua história, estabelecer uma rara sinergia entre condições naturais favoráveis e o saber de seu povo. Com isso, pode, orgulhosamente, se proclamar a nação do agro.

Mesmo que na maioria de sua história poucos tenham sido os momentos em que se buscou pensar o futuro da nação, as coisas foram acontecendo: buscou-se conhecimento, criaram-se novos conceitos, inovou-se e avançou-se por essas terras tão extensas e ricas. Com muito esforço e o auxílio de mentes brilhantes, o agro brasileiro se consolidou.

Mesmo que, por muito tempo, a condição de acesso à terra tenha sido restrita a poucos, com o tempo o acesso a esse capital, tão necessário à produção, foi sendo democratizado. Ainda que não esteja disponível para muitos trabalhadores da terra, vimos surgir grandes, médias e pequenas propriedades rurais.

Porém, de todas as lutas que tornaram o setor competitivo e o principal motor de nossa economia, o agronegócio brasileiro tem agora, pela frente, talvez um dos seus momentos mais desafiadores: o impacto das mudanças climáticas na sua produção. Isso porque essas mudanças ameaçam a base daquela lema original. Em se plantando, dará?

Mesmo que você não acredite nas mudanças climáticas, no aquecimento global, no impacto do homem na natureza, há de concordar que, cada vez mais, os eventos climáticos extremos estão ameaçando uma das maiores vantagens competitivas do nosso setor. De um país tropical com clima extremamente favorável à produção rural, estamos nos tornando um país onde secas, geadas, chuvas torrenciais e granizo nos mostram que precisamos mais do que terra e trabalho para produzir.

Eventos não-climáticos também são fatores que preocupam, tais como as recorrentes queimadas, as catástrofes ambientais, desmatamentos. Ou seja, ações que colocam em risco nossos principais patrimônios: solo, água e florestas.

Neste novo cenário, é preciso haver uma ampla frente do setor agropecuário com um plano nacional amplamente discutido e divulgado, que nos prepare para continuarmos a ser o país da produção agropecuária, mesmo que as condições não sejam tão vantajosas quanto antes. Mais importante é que, neste plano, sejam discutidos os verdadeiros pontos que precisam ser transformados no agronegócio brasileiro para mitigar os efeitos dessas mudanças.

Este é um tema urgente, que deve ser discutido de forma unificada com o respeito pela diversidade de ideias e opiniões, considerando os diversos cenários que podem ser formados.

Com essa discussão conseguindo colocar todos os representantes do agro nacional à mesa, cabe aproveitar a oportunidade para tocar em um ponto fundamental: pensar em uma forma de superar esse desafio sem deixar ninguém para trás, com propostas que sejam capazes de incluir todos aqueles que trabalham e vivem da terra neste país, bem como nossa população, em uma política pública nacional para o setor.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Quando o corpo pede pausa e o negócio pede pressa

Entre liderança e gestação, uma lição essencial: não existe performance sustentável sem energia. Pausar não é fraqueza, é gestão – e admitir limites pode ser o gesto mais poderoso para cuidar de pessoas e negócios.

Inovação & estratégia, Marketing & growth
11 de dezembro de 2025
Do status à essência: o luxo silencioso redefine valor, trocando ostentação por experiências que unem sofisticação, calma e significado - uma nova inteligência para marcas em tempos pós-excesso.

Daniel Skowronsky - Cofundador e CEO da NIRIN Branding Company

3 minutos min de leitura
Estratégia
10 de dezembro de 2025
Da Coreia à Inglaterra, da China ao Brasil. Como políticas públicas de design moldam competitividade, inovação e identidade econômica.

Rodrigo Magnago - CEO da RMagnago

17 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
9 de dezembro de 2025
Entre liderança e gestação, uma lição essencial: não existe performance sustentável sem energia. Pausar não é fraqueza, é gestão - e admitir limites pode ser o gesto mais poderoso para cuidar de pessoas e negócios.

Tatiana Pimenta - Fundadora e CEO da Vittude,

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
8 de dezembro de 2025
Com custos de saúde corporativa em alta, a telemedicina surge como solução estratégica: reduz sinistralidade, amplia acesso e fortalece o bem-estar, transformando a gestão de benefícios em vantagem competitiva.

Loraine Burgard - Cofundadora da h.ai

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Liderança
5 de dezembro de 2025
Em um mundo exausto, emoção deixa de ser fragilidade e se torna vantagem competitiva: até 2027, lideranças que integram sensibilidade, análise e coragem serão as que sustentam confiança, inovação e resultados.

Lisia Prado - Consultora e sócia da House of Feelings

5 minutos min de leitura
Finanças
4 de dezembro de 2025

Antonio de Pádua Parente Filho - Diretor Jurídico, Compliance, Risco e Operações no Braza Bank S.A.

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
3 de dezembro de 2025
A creators economy deixou de ser tendência para se tornar estratégia: autenticidade, constância e inovação são os pilares que conectam marcas, líderes e comunidades em um mercado digital cada vez mais colaborativo.

Gabriel Andrade - Aluno da Anhembi Morumbi e integrante do LAB Jornalismo e Fernanda Iarossi - Professora da Universidade Anhembi Morumbi e Mestre em Comunicação Midiática pela Unesp

3 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2 de dezembro de 2025
Modelos generativos são eficazes apenas quando aplicados a demandas claramente estruturadas.

Diego Nogare - Executive Consultant in AI & ML

4 minutos min de leitura
Estratégia
1º de dezembro de 2025
Em ambientes complexos, planos lineares não bastam. O Estuarine Mapping propõe uma abordagem adaptativa para avaliar a viabilidade de mudanças, substituindo o “wishful thinking” por estratégias ancoradas em energia, tempo e contexto.

Manoel Pimentel - Chief Scientific Officer na The Cynefin Co. Brazil

10 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Liderança
29 de novembro de 2025
Por trás das negociações brilhantes e decisões estratégicas, Suits revela algo essencial: liderança é feita de pessoas - com virtudes, vulnerabilidades e escolhas que moldam não só organizações, mas relações de confiança.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

3 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança