Na literatura sobre liderança e negócios, os cem primeiros dias de um líder à frente de uma empresa são considerados decisivos para o sucesso de uma nova gestão. Mas nem a profecia de Peter Drucker, citada na página 56, deu conta de nos preparar para enfrentar nossos cem primeiros dias liderando times remotamente, em meio a uma crise sanitária-econômica de proporção mundial. São tantas variáveis desconhecidas nessa equação que, além dos __dados__ e do pragmatismo, precisamos considerar também a __experimentação__ como estratégia – errando e acertando, seguimos aprendendo diariamente, ao melhor estilo __lifelong learning.__
O desafio editorial de reunir em um único dossiê cem aprendizados foi enorme, mas não maior do que o esforço que estamos fazendo em nossas empresas para exercitar essas lições, ajustando a rota a cada novo obstáculo que se apresenta. Digo isso inclusive pelas minhas próprias experiências nesse período. Liderar a distância, além de exigir muita adaptabilidade, me fez perceber que a __necessidade de reuniões__ diminui na mesma medida em que a __confiança__ do grupo aumenta. E por confiança entenda não só aquela existente entre nós, como também a de que estamos em sintonia sobre como lidar com as adversidades.
Outra coisa que foi interessante observar, e que se conecta com a reportagem “O fim dos unicórnios brasileiros?”, é que praticar o __desapego__ e ter __velocidade na tomada de decisão__ é possível para qualquer empresa, não só startups. Nesse período, foram incontáveis as vezes que uma decisão havia sido tomada pela manhã pelo nosso time, e no período da tarde a ideia já era outra. Em tempos normais, isso seria rotulado como falta de foco. Hoje, além de ser uma questão de sobrevivência, deixa evidente o que já vínhamos repetindo aqui em __HSM Management:__ a __diversidade__ e o __trabalho em equipe__ são o berço da inovação. E __inovar__ nunca foi uma competência tão requerida.
Talvez isso explique o nosso desejo de produzir, pela primeira vez, uma reportagem em __colaboração__ com uma outra publicação. Em “A revolução slow”, você confere a parceria que fizemos com a revista Vida Simples, que cedeu as ilustrações da matéria e, como personagem, nos ajudou a destacar uma importante reflexão: desacelerar traz a presença e o equilíbrio que tanto buscávamos no velho mundo, e que hoje temos a oportunidade de praticar.
E foi desacelerando que, assim como quase 50% dos respondentes da pesquisa que fizemos em parceria com a Opinion Box (p. 64), eu me reconectei com um antigo hobby: cozinhar. E isso tem me servido como um grande laboratório, onde aprendo não só novas receitas, mas também a praticar a paciência e o estado de atenção plena, atividades desafiadoras para pessoas agitadas como eu. Os benefícios são tantos que eu e minha esposa já fizemos um trato: mesmo no mundo pós-pandemia, reduziremos as idas aos restaurantes e __cozinharemos mais em casa.__
Por fim, deixo aqui uma pergunta que é também um convite à reflexão: que aprendizados pessoais e profissionais você teve nesse período e que pretende integrar à sua vida cotidiana? Em negrito, destaquei temas que você encontrará entre as mais de cem lições contidas no dossiê e que podem servir de inspiração. Boa leitura!