O Pix vem desempenhando um papel crucial na democratização do sistema de pagamentos em todo o Brasil. Hoje é possível pagar e receber dinheiro de forma extremamente fácil, rápida e acessível. Processo que tem sido fundamental para incluir financeiramente uma parcela significativa da população, que por décadas foi negligenciada pelas ferramentas tradicionais. Ao proporcionar o primeiro acesso a soluções essenciais, o Pix já impulsiona o desenvolvimento de negócios de todos os tamanhos, desde pequenos empreendedores até grandes empresas. É inegável que esse sistema, com apenas quatro anos de existência, já se mostrou bem-sucedido. No entanto, ainda há um grande potencial de evolução.
O Banco Central (BC), com suas características únicas em relação a outras autoridades monetárias internacionais, apresenta uma agenda mais ampla: ao mesmo tempo em que impõe regulações rigorosas para as Instituições Financeiras, também desenvolve e implementa planos de inovação de longo prazo. Esses desafios, que envolvem tanto tecnologia quanto estratégia, têm transformado a maneira como o setor bancário é pensado e operado, impactando não só aqueles que atuam diretamente no setor como os consumidores que se beneficiam das novas soluções oferecidas.
As mais recentes regulações emitidas pelo BC e pelo Conselho Monetário Nacional não fogem a essa lógica. Embora tenham introduzido novas regras, também abrem espaço para inovações significativas em áreas que antes pareciam consolidadas, como o próprio Pix. Um exemplo claro é o Pix por aproximação, que reduz a fricção no momento do pagamento, aumentando sensivelmente a conversão em compras por Pix. Com uma tecnologia amplamente difundida entre cartões de débito e crédito, essa modalidade vai permitir aos usuários utilizarem seus celulares para realizar pagamentos em terminais POS (popularmente conhecidas como maquininhas), ou o novo tap-to-pay. O processo é simples e seguro: o usuário apenas encosta o celular na máquina e, por meio das wallets digitais, valida a transação com sua impressão digital, senha ou reconhecimento facial.
Além disso, as novas diretrizes estabelecidas exigem que todas as instituições financeiras com mais de 5 milhões de clientes integrem o sistema Open Finance para o compartilhamento de dados. Isso significa que cerca de 95% das contas bancárias do país poderão ter seus dados compartilhados pelos seus titulares, elevando o Brasil a um patamar de destaque no cenário financeiro internacional. No entanto, essas tecnologias impõem desafios significativos em termos de operação e desenvolvimento para as instituições financeiras, bancos e fintechs. Apesar de tudo, existe a segurança proporcionada por um processo unificado e confiável, que atende às necessidades de clientes em todo o país.
O Open Finance representa um vasto conjunto de possibilidades, abrindo portas para a expansão de serviços que possam alcançar novos segmentos de mercado. Cabe às empresas, fintechs e instituições financeiras compreenderem o verdadeiro significado do Open Finance na prática e se dedicarem à criação de novas soluções que priorizem o cliente final, que sempre deveria estar no centro das atenções.
Além das inovações mencionadas, é importante observar como o Open Finance e o Pix estão possibilitando a criação de novos ecossistemas financeiros. Empresas de diferentes setores estão começando a colaborar com fintechs e instituições bancárias para oferecer serviços integrados, como soluções de crédito personalizadas e gestão financeira automatizada, diretamente em suas plataformas. O Pix, em particular, tem sido um catalisador nessa transformação, permitindo que esses serviços sejam acessados de maneira rápida e eficiente. Isso permite que consumidores e pequenas empresas utilizem uma gama mais ampla de serviços financeiros adaptados às suas necessidades específicas, sem a necessidade de interagir diretamente com um banco tradicional.
Em 2023, o ecossistema de fintechs no Brasil atraiu investimentos significativos, com destaque para grandes players que estão aproveitando algumas das oportunidades criadas pelo Open Finance. De acordo com um relatório da Finnovating, uma plataforma global que conecta startups, empresas e investidores do setor, o Brasil possui mais de 1.500 fintechs, com um ambiente altamente colaborativo e um índice de maturidade crescente. Hoje, o ecossistema está focado em soluções B2B, o que atrai investidores internacionais e nacionais.
Por exemplo, segundo um relatório da Distrito FinTech, o investimento total em fintechs no Brasil em 2023 foi de US$ 2,6 bilhões, contrastando com uma queda global no financiamento para o setor. O Distrito FinTech Report destacou que, apesar de uma mudança no modelo de negócios, com mais fintechs migrando para B2B, os investimentos em soluções de Open Finance foram um dos principais motores de crescimento.
Além de grandes players como o Google, que está investindo em soluções de pagamento com o Pix por Aproximação, grandes players como o PicPay também têm desenvolvido soluções usando jornadas de Open Finance.
Apesar dos avanços, o rápido crescimento dessas tecnologias traz desafios significativos, especialmente no que diz respeito às mudanças regulatórias e à segurança e privacidade dos dados. As diretrizes do BC assim como incentivam a inovação, a expansão das funcionalidades do Pix e a obrigatoriedade de adesão ao Open Finance para grandes instituições financeiras, também exigem a adoção de práticas robustas de proteção de dados e desenvolvimento de tecnologias capazes de mitigar riscos cibernéticos. Além disso, é fundamental que os reguladores continuem a monitorar de perto essas novas práticas para garantir que os direitos dos consumidores sejam protegidos e que o sistema financeiro permaneça seguro e resiliente. Dessa forma, o Brasil poderá consolidar sua posição como referência global em tecnologia financeira, assegurando um ambiente de negócios seguro e inclusivo para todos.